segunda-feira, 1 de julho de 2013

Guerra Mundial Z (o filme)

Nome original: World War Z
Duração: 1h56min  --  Ano: 2013  --  Trailer
Baseado em um livro de: Max Brooks
De: Marc Forster (de vários filmes bons e de Quantum of Solace, porque errar é humano)
Com: William Bradley Pitt [fiquei curioso de como era o nome dele] (de Happy Feet 2 e Lendas da Paixão), Mireille Enos (de C.S.I., Lei e Ordem, e mais um monte de seriados - só faltou ter estado também no Plantão Médico), Fana Mokoena (que eu achei que conhecia, mas acabei de descobrir que não), Daniella Kertesz (de séries de TV em Israel e que me lembrou muito a garotinha careca do Eclipse Mortal) [Rhiana Griffith, que ficou bem gatinha mais velha e com cabelo - no link, vejam Headshot e Chrysalis] [e gostei dos quadros dela]

A história: Zumbis! Zumbis correndo! Zumbis pulando! Zumbis escalando! E o Brad Pitt correndo deles. E salvando o mundo só porque foi forçado.

Eu diria, de cara, que esse filme teve 2 grandes problemas. Iguais a problemas que tiveram Eu, Robô e Os Outros.

O primeiro foi uma porcaria [me divertiu, claro, mas o filme poderia ter tido outro nome] porque tentou adaptar um livro com vários contos bem lentos sobre psicologia robótica e soluções criativas que os humanos precisavam arranjar, transformando tudo isso numa... correria sobre robôs assassinos.

E o problema do Os Outros foi que existiu O Sexto Sentido antes. Ambos são excelentes filmes, mas depois de ter visto O Sexto Sentido, eu passei Os Outros inteiro tentando adivinhar quem é que estava morto ali. Talvez não tivesse tido essa idéia antes.

E qual a ligação disso com o Guerra Mundial Z? Eles tentaram adaptar um livro com várias dezenas de personagens, política, dramas humanos e soluções sobre como viver num mundo infestado por zumbis em uma... correria sobre zumbis assassinos.
[ok, isso é meio redundante. e me deu uma dúvida agora: será Fido o único filme com zumbis que não são assassinos?] [na verdade, acabei de rever o trailer, eles têm zumbis assassinos lá também, esqueci do colar]

Exagerando um pouco, vale mostrar o gráfico feito pelo site The Oatmeal:

(clique na figura para a página original)

OBS: durante as filmagens, o próprio autor, que não opinou no filme, dizia que eles provavelmente só compartilhariam o título "e só!" (aqui ou aqui). Então mesmo exagerado, o gráfico acima não é só loucura de fanboy. [lendo o 2º link, fiquei muito curioso em saber como seria a versão original do JMS]

[ATUALIZAÇÃO: acabou que o filme ficou tão diferente do livro, que o próprio autor abstraiu, assistiu como se fosse alguma outra coisa qualquer e, no final, se divertiu.]

O outro problema... A "solução" que arranjaram no filme não tem nada a ver com o livro [até aí tudo bem], mas por causa de várias dicas na história, achei que a tal solução seria a mesma do Depois da Terra: o não-medo [alguma não-liberação de feromônios ou algo assim]. O que seria uma solução MUITO ruim, mas o filme deu todas as dicas que me apontaram para isso: "A principal arma da doença pode ser sua fraqueza" (não lembro bem como era a frase, mas disseram algo assim). Bem, ver aquele monte de gente correndo sem rumo me permitiria dizer que o maior problema dela seria o pânico que causa. E os 3 "imunes" à doença: um soldado corajoso, um velhinho que estava com mais cara de alzheimer de "Para onde eu vou?" do que "Zumbis! Socorro!" [ok, estou exagerando um pouco] e um moleque que 2 segundos antes estava dando porrado nos zumbis com um bastão! Três pessoas, cada uma a seu modo, destemidas.

Os Outros ainda tinha a vantagem de que o filme que o "estragou" foi um filmaço. Já o filme do Will Smith... Meh!

De qualquer forma, mesmo a solução final não sendo a coragem, a solução ficou muito parecida, o que além de não ser a melhor das soluções, tirou a surpresa que poderia ter sido. Eu não vi a conclusão deles e pensei "Puxa, que criativo!, até este momento nem tinha pensando em nada assim!", o que eu pensei foi na linha do "Ah, já esperava por isso... é igual aquele filme nota 6 que eu vi mal tem 2 semanas...". Pena.
Por falar nisso, deviam guardar alguns zumbis para uso em hospitais. A velocidade com que eles, que passavam correndo em velocidade de maratona, conseguiam identificar os indesejados, seria de grande uso médico:
"Doutor, eu vou morrer?"   "Hummm.... Venha comigo. Temos um zumbi no laboratório para esses casos."   "AAHH! Doutor! Ele tentou me morder!!"   "EXCELENTE! Pode ir para casa, Dona Maria, que você ainda vai enterrar todos nós!"

Isso posto, o filme é bem legal. Tem seus altos e baixos, tem horas que ele dá umas paradas que deviam existir, para o filme não ficar só na gritaria, mas pareciam muito bruscas. O jeito que deram para fazer o cara "contar" histórias de vários locais do globo foi interessante pelo menos: ao invés de ser como no livro, que é um documento sobre o pós-guerra, aqui o sujeito precisa dar uma de Jack Bauer através do globo, atrás de pessoas que podem ter uma dica de como resolver o problema dos zumbis; porque se ele nem tentar, perde apoio dos militares americanos que protegem sua família. Um pouco menos verossímil, mas valeu.

Até esperava que a solução, para adaptarem a 'globalização' que é o livro, seria num esquema Highlander: muitos flashbacks! Mostrando o que aconteceu durante toda a duração da guerra, de muitos e muitos anos.
Taí, outro problema do filme. Que eles quase evitaram* (já falo nisso), mas não rolou. A história no filme é muito rápida! Deu merda, mocinho foge por uns 3 dias, viaja de avião pelo globo sem nem parar pra jantar, dorme 2 dias, tem uma idéia, e espalham a idéia pelo mundo. Ok, como a idéia não é nenhum tipo de 'supervírus anti-zumbi', ainda dará muito trabalho se livrar de todos eles, serão anos e anos do planeta saindo da merda. Mas no livro... Foram anos e anos do planeta afundando na areia movediça de bosta.

Algo que lembrei e que achei legal também foi que eles, como no livro, deram uma zoada na Coréia do Norte; inventaram uma outra maluquice até mais "crível", mas ainda assim ridícula o suficiente para ficar óbvio que estão só sacaneando e pronto, sem estarem preocupados em manter o clima sério. Algo rápido e bobinho, de zona, mas gostei.

Ah, o asterisco. Aqui em inglês: Movies.com ou numa tradução (bem estranha) do Omelete. No final original a história daria um pulo de vários anos, descobriríamos que o cara, numa ida à Rússia, teria sido forçado a trabalhar no exército de lá e passaria muito tempo até ele conseguir voltar para a casa.
O pior é que eu não sabia disso quando fui ver o filme, e realmente achei estranho o fato do cara NÃO ir para a Rússia, porque num dos trailers eu tinha a impressão de que ele não só iria para lá, como seria lá a solução do problema.

E aí você até pensa: pô, ele podia ter fugido antes... E aí eu te relembro: zumbis maratonistas! Zumbi normal, de repente, até eu encarava de fugir deles. Seria só uma questão de manter o fôlego [ha!] e evitá-los. Esses não...
Nessa opção de final teríamos uma sensação de merda mais duradoura. Já como acabou o filme na sua versão exibida, por mais que já estejam falando em trilogia [sempre trilogia! ô mania...], eu acho que parando ali, seria um fim bem melhor. [e em algum site que eu não localizei mais - de repente era mentira então - parece que já estão pensando até numa série de TV... Mas no IMDB já consta o ator em The Zombie Survival Guide...]

Eu sei, eu sei... Estou doido para ver mais zumbis correndo feito loucos! Ainda mais que esse filme teve censura infantil e mal teve sangue. E por mais que estejam abusando, eu gostei dessa moda do TUUUMM! nas trilhas sonoras.
Mas mesmo assim, numa visão puramente "artística" da coisa, a história, por mim, fechou. De forma piegas e com a porcaria da frase pronta que eu detesto, mas fechou. [putz! fazem 2 anos desde Padre e ainda detesto a tal frase. ainda não deu tempo suficiente para ela descansar.]

E algo bom, que geralmente eu reclamo, mas para tudo há exceção... Como sempre, agora o livro foi relançado... com o cartaz do filme como capa! A notícia não é ruim desta vez porque a capa anterior parecia de livro infantil [leiam a mais nova aventura: Ursinho Puf e os Mortos Assustadores!] e, além dos vários cartazes do filme terem sido bons, usaram um que é uma foto distante, onde predomina o bege, meio verde musgo, que lembra carne podre... gostei. Claro, há cartazes ruins. Escapamos de não só ter o Brad Pitt na capa (cartaz no alto), como toda a família. [comentário nada a ver: esqueci essa postagem em rascunho, aguardando uma revisão, e nesse meio tempo eu fui na Bienal. Lá eu quase comprei a versão antiga do Campo de Batalha Terra SÓ para não ter mais o livro com a cara do John Travolta na capa... Mas repensei por 3 segundos e eu sabia que não jogaria fora nem daria o que eu já tenho, e não é um livro bom a ponto de ter dois... Mas foi uma tentação.] Também escapamos de algum ufanista da editora querer usar o cartaz "localizado" e termos zumbis escalando o Cristo, o prédio da Coca-Cola e mais alguns na enseada de Botafogo.

Bem... Agora é torcer que algum outro estúdio resolva filmar Day by Day Armageddon, mas respeitando o livro dessa vez, com todas as suas reviravoltas. Pô, são 3 livros na verdade, já têm até a trilogia pronta.