sábado, 28 de dezembro de 2013

Depois do Fim

Título original: Soy… el último
Autor: Curtis Garland
Pseudônimo de: Juan Gallardo Muñoz
Editora: Cedibra  --  Ano livro / história: 1977 / 1972
Coleção: SOS Ficção Científica (Série Amarela-18)
Tradução de: Margarida Santana Gandra
Páginas: 128  -- Sem ISBN e acabamento barato
Tamanho: de uma foto (+/- 10x15 cm)

O futuro... No longínquo ano de 1986! Estados Unidos e China desenvolvem armas com algum novo tipo de radiação e, aí, o navio com elas afunda. [eu não consegui achar a parte certa agora, mas acho que foi um acidente, e não um ataque]. E no espaço, alguns meses depois, um astronauta que estava sozinho é obrigado a descer no planeta pelos protocolos automáticos de sua pequena nave. Ele preferia ficar lá e morrer de fome ao invés de encarar o planeta em sua devastação, mas... não teve jeito. E agora, que tipo de mundo espera o nosso herói?

Finalmente, depois de "algum" tempo, leio mais um livrinho da coleção SOS da Cedibra. O ruim é que, por mera coincidência, foi do mesmo autor da última postagem, e aí... Não só isso, como descubro que ele voltou ao mesmo tema! Tudo bem... Eu meio que pedi por isso! O livro se chama Depois do Fim e em espanhol é Sou o Último, então... obviamente... seria algo pós-apocalíptico com um sujeito que é o último sobrevivente da raça humana. O que já lembra um pouco o Centúria XXV (o tal livro da última postagem).

A propósito, o Centúria nem tanto, mas esse agora, tem que ter rolado uma inspiração no Eu Sou A Lenda. Será muita coincidência caso não tenha tido. Por outro lado, Talvez o filme do Will Smith passe a ser melhor se eu considerá-lo uma adaptação deste livro, e não do do Richard Matheson.

Opa! Nisso que dá escrever a postagem toda fora de ordem... Estava folheando o livro agora, tentando achar a parte sobre a guerra (?) entre os EUA e a China, para escrever certo lá no alto [que eu escrevi depois dessa parte], e esbarrei num devaneio do personagem, que eu já tinha esquecido:
" (...) alterações genéticas provocadas por um cataclismo universal. Este era o caso, sem dúvida, tinha que ser. "Os Mutantes de Mathieson", por exemplo. Mas isto não era literatura. Nem ficção científica. Era a realidade, crua e direta. A última realidade dos últimos dias do planeta."

Na hora eu nem tive o estalo, talvez por Matheson estar com um "i" errado perdido ali no meio. Mas taí... Não só é a prova de que *foi* inspirado de alguma forma, como o autor foi simpático de nem esconder. Por falar em erro, pô, monge é com G, no livro todo estava com J. Mas fora isso, português com todas as próclises e ênclises devidas, gosto disso nos livros mais antigos. E lá está escrito cataclismo com O, que é estranho, mas também é o correto. Bom saber, nunca tinha notado isso.

Mas voltando... Não só temos o humano perdido e sozinho num mundo arrasado, como [AHA! SURPRESA!] ele descobre que existem sobreviventes que só saem a noite [vampiros? não, só fotofobia mesmo]. E aí é que o voltar ao mesmo tema ganha peso: são pessoas mascaradas que "por trás das máscaras estão todos morrendo pela radiação, com a pela destroçada e nojenta". [acabei de repetir a mesma frase da minha outra postagem].

E aí o nosso mocinho (Milton Zorbe) precisa se preocupar em fugir durante o dia e sobreviver durante a noite, até descobrir uma solução mais permanente ou simplesmente desistir.

Claro, como qualquer livrinho dessa coleção (que em quantidade de texto estariam mais para um "conto longo" do que uma novela ou romance), de ficção científica barata, a narrativa é cheia de coisas que "são assim porque são"e você tem que ler atropelando, porque ela não tinha nenhuma intenção de ser algo mais profundo do que só uma aventura ligeira mesmo.

Então, por exemplo, o primeiro contato dele foi com uma mulher que não fez nada para preocupá-lo, fora o fato de não querer mostrar o rosto e continuar conversando com a luz apagada. Aí ele acende a luz mesmo assim, fica assustado com a quantidade de outras pessoas nas sombras e nota que eles usam mantos e máscaras. Ao invés de só se desculpar com aquela gente assustada (que ele faz, pelo menos), ele resolve ficar com medo e incendeia todo o quarterão, só para ter uma baita fogueira (luz para espantar o pessoal que tinha medo de luz). Até onde ele sabia eram só pessoas com máscaras que podiam muito bem viver naquelas casas.

Para alguém que estava desolado por ser o "último" humano, ficar com medo e resolver fugir quando finalmente encontra sobreviventes... não é o que eu faria. Detalhe: "finalmente" é bondade minha, isso foi no 1º dia dele de volta na Terra. Mas ele deu sorte, porque os sobreviventes comiam carne humana. Viu? É esse tipo de conveniência que temos que suportar nesses livrinhos. Mas eles são assim mesmo, só historinhas pulp corridas e cheias de clichê, e sabendo disso, são até divertidos.

Acho que o cara ter ficado mais de 10 meses sozinho no espaço deixou ele ruim da cabeça. Depois, quando há uma rápida trégua e o segredo dos sobreviventes é revelado e eles tiram as máscaras, o cara fica horrorizado demais só porque eles eram feios, como se tivessem lepra. Tudo bem, a minha geração foi insensibilizada de tanto ver filme de zumbi e outras maquiagens divertidas, mas pô, é só carne caindo, sangue e algumas pústulas, talvez algum pus. Deu nojinho e ele decide que a raça humana deixou de ser raça humana. Não convence. [ainda bem que ele foi ser astronauta, e não enfermeiro.]

Ah, e todos os personagens canibais adotam novos nomes, todos tirados da Bíblia, porque eles acham que a raça humana está sendo punida e eles têm que aceitar o castigo. Pode ser um bom livro para iniciar algum amigo religioso mais fervoroso em ficção-científica - várias vezes o personagem conversava com a "mocinha" dizendo que ele acreditava no Senhor e que tinha que manter a fé, e os canibais ainda por cima veneravam um velocino. Essas "indiretas" religiosas incomodaram um pouco, mas eram tão rápidas que... dane-se.

E, claro, no final, ele acha a cura e fica com a mocinha. E aí eles "saem para explorar e repovoar o planeta." [também tirei essa frase da minha outra postagem]

Só um último comentário, dessa vez pelo menos a capa quase fez sentido. É mesmo um astronauta, num lugar devastado, sendo perseguido por pessoas que usam vestimenta monástica. Só que o cara da capa tem barba e bengala! Fez-me pensar mais no Saruman do que em um leproso radioativo canibal. Até imaginei, pela capa, que 'depois do fim' [ha!] o mundo teria descambado de volta para a magia.

Mas é isso. É uma adaptação safada de Eu Sou a Lenda com toques de De Volta ao Planeta dos Macacos, mas continuam sendo bons livrinhos para carregar para salas de espera (ou casamentos) e ler sem compromisso. E como ninguém [ninguém!] resenha esses livros em nenhum lugar, aguardem, que eu volto com mais! [mas se for essa a minha missão na Terra, vou ficar chateado, rs!]

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

The Postmortal

Título americano completo: The Postmortal - A Novel
[o "A Novel" é um complemento bem idiota, já que é um livro, originalmente surgido assim (não foi adaptado de nenhum outra coisa chamada Postmortal), mas como o cara é conhecido por ser blogueiro e americano é um povo estranho, acho que resolveram explicar na capa o que era aquilo...]
Título inglês: The End Specialist
Autor: Drew Magary (de Someone Could Get Hurt: A Memoir of Twenty-First-Century Parenthood)
Editora: Penguin Books  --  Páginas: 370
Ano: 2011  --  Tamanho: padrão (meia folha A4)
ISBN: 978-0-14-311982-1

Sinopse: descobrem a cura do envelhecimento! Você ainda pode morrer, claro, basta ser atropelado, assassinado, decapitado, fuzilado, etc. Ou algum problema de saúde sério. Mas sabendo se cuidar, tendo sorte, e não sendo vítima de nada, o fim dos tempos é o limite. Todo mundo feliz! Ê, coisa boa! Mas o tempo começa a passar e tem gente que começa a pensar em "Mas peraí... Então eu nunca vou poder me aposentar?" e a rever a duração dos casamentos. Já outros, mais sérios já pensam em onde enfiar essa gente toda, que não morre mais e, finalmente, sempre surgem, os maníacos que acham isso errado e resolvem que é hora de começar a matar quem discorda. Padrão.

A história do livro abarca um período de 60 anos e vemos desde a festança inicial até a pocilga que virou o mundo no fim do livro (na verdade, lá pelo meio a coisa já não está boa). OBS: isso não é spoiler, a própria capa do livro já diz que a história irá ladeira abaixo. Está lá, nas letrinhas embaixo do nome do autor [que você não consegue ler na imagem acima]: "The Postmoral will make you regret ever wondering, even secretely, what it would be like to live forever." [ok, rola um exagero, mas deu para pegar o clima]

Reclamemos logo um pouco de cara, porque, afinal... sou ranzinza. rs! [Mas como eu já sei o que vou escrever... A reclamação até pode ser interpretada como um elogio...] Eu queria ter visto mais do mundo criado! Mais política, economia, diferentes culturas lidando com a situação, outros núcleos e etc. Ficamos sabendo de algumas coisas pelo dia-a-dia do personagem principal, mas não tanto como num Guerra Mundial Z, por exemplo, que tinha a desculpa de ser um jornalista entrevistando centenas de pessoas pelo mundo.

O título The Postmortal é americano, ele pareceu dar uma amplitude muito maior ao que seria abordado, fazendo parecer que teríamos uma visão mais ampla e de muitos personagens nesta situação de "pós-mortalidade". [Por mais que o título seja no singular, eu não conseguia pensar nele assim, seria como ler "The Human". Eu não pensaria que a história seria sobre 1 só humano] Já o título britânico original, The End Specialist não só já aponta o foco à um personagem bem específico, como ainda dá a ênfase a fase na vida dele em que ele trabalha com a tal especialização. [e aí você só vai entender o nome do livro lá pelo meio, o que sempre é um charme a mais]

Mais para frente, quando o sujeito arranja o tal emprego, parece que tentaram falar mais do resto do mundo, mas não ficou tão bom. Nem tão afastado do cara, nem tão ligado a ele. Mas legal, melhor que nada.

O livro começa até bem light, parecendo que estamos diante de um futuro glorioso para a humanidade e alegria geral, e cabe a amiga maluquinha do mocinho ser a primeira a dizer aquilo sobre ele nunca mais poder se aposentar, e aí o leitor tem o primeiro "Opa!" mental. E aí, logo depois, a maluquinha morre num atentado a bomba anti-vacina-da-imortalidade, e o livro começa a mostrar que o buraco é mais embaixo.

Na verdade, ficamos sabendo que deu merda antes disso - o primeiro capítulo é em 2093, uns 20 anos depois do fim da história, e lá é bem rapidamente mencionado que "o relato a seguir" é a evidência mais que definitiva que dar imortalidade às pessoas é uma péssima idéia e que isso nunca deveria ser legalizado novamente.

Por falar nisso, o livro é escrito em forma de blog. Na verdade, essa foi a desculpa dada, mas como o livro não é todo em primeira pessoa nem nada, alguém (o tal blogueiro, o mocinho do livro) teria que ter sido muito paranóico para narrar tudo daquele jeito e até reproduzir as falas. Teria sido mais prático apenas deixar tudo como estava, sem darem essa desculpa. Tipo o filme do Robocop ou Tropas Estelares, que do nada surgia um comercial de TV. Bastariam que, do nada, surgissem "links" para notícias da época, reproduções de matérias jornalísticas, ou qualquer coisa. Não afeta em nada, só achei que a "explicação" era desnecessária. Bastaria que o livro, ao invés de ser um resumo do que foi encontrado num "HD" perdido (era o backup do blog e/ou diário do cara), ser, sei lá, a monografia de um aluno do futuro. Ah, e fica a a recomendação (padrão para qualquer história assim) de, ao final do livro, voltarem lá. Lá tinha uma coisa que na hora eu não entendi e esqueci depois. Relendo deu aquele "Ih, agora fez sentido".

Mas voltemos para o passado, no distante 2019.

Depois desse primeiro choque (a maluquinha morrer), vamos acompanhando a vida do sujeito (que é advogado) e as ramificações que a imortalidade causa no psicológico e social das pessoas, como o aumento de preço de tudo e ele não querer se casar com a namorada que é apaixonado porque, afinal, "até que a morte os separe" agora é uma decisão MUITO mais séria. Ficamos sabendo um pouco sobre a vida do pai e da irmã e até, com o passar do tempo, do filho que o cara teve com a namorada, já adulto. E acompanhamos até o casamento que ele finalmente teve, quando finalmente reencontra o amor da vida dele da época do colégio. E claro, lá para o meio do livro, acompanhamos a vida meio merda do cara, na nova profissão. Dessa parte em diante o livro fica um pouco mais chato, entramos na distopia e a história fica um pouco menos saltada. Mas ainda é uma boa leitura.

Eu gostaria é que o autor lançasse agora outro livro no mesmo universo. Eu gostei do personagem e de acompanhar toda a desgraça, mas até o casamento do cara não dá muito certo. E eu queria ter acompanhado como seria a vida "normal" dele nesse mundo desgraçado. Eu queria ver como seria o casamento por tanto tempo, como seria viver com alguém 100 anos tendo ambos cara de 30, e convivendo com seus filhos e netos, todos com a "mesma" idade, o tipo de cansaço mental que isso causaria, esquecimentos e problemas, e tendo que trabalhar num mundo com mais gente do que vaga, e etc. Veja bem, eu não dizendo que queria ler uma história fofinha de amor eterno e riqueza, mas eu queria ver a merda que daria por outro ângulo, e aí o cara cortou esse barato quando fez o casamento acabar muito rápido.

Diga-se de passagem, ô cara para ser azarado! Tudo de ruim acontece com ele! Não vou entrar em spoilers, mas boa parte das desgraças na vida do personagem é puro azar mesmo. Desde a amiga que explode no começo do livro até a última página... [o cara me lembrou o garoto do Elfen Lied.]

Por falar nisso, os personagens. Eu comecei a ler o livro no sábado e na sexta-feira eu fui ao cinema. Vi Questão de Tempo, excelente filme. E o filme me poupou um grande trabalho... Estava lá, já pronta, a cara de cada personagem! O pai que eventualmente morre de doença, a loira gostosona (que aparece no começo de ambos e é um trauma importante na vida do cara), a amiga maluquinha (no filme, a irmã), e a futura esposa (a Rachel McAdams no filme, fofa como nunca). Eu só não reaproveitei a cara do sujeito, principalmente por não lembrar mais dela [e vendo agora, ele tinha uma cara de bom moço exagerada, não ia servir], o meu personagem principal parecia mais um Paul Bettany jovem (vide Coração de Cavaleiro) com cabelo castanho.

Mas é isso. Já falei abrobrinhas suficientes para justificar o fim da postagem.
O livro é a história horrível de um mundo horrível onde as pessoas são imortais - e é justamente isso que deixa tudo tão desgraçado. Mas mesmo com algumas partes chatas e o azar indescritível do cara, foi uma boa leitura.

E ficam quatro resenhas interessantes, para quem quiser ler mais antes de decidir.
[e uma delas cita o Metamorphosis of Prime Intellect, que eu tenho em papel em algum lugar, faz anos, mas agora estou na dúvida se cheguei a ler ou não...]
OBS: o 2º link é cheio de spoilers, o 1º e o 3º vocês podem ler sem se preocupar.

Outra OBS: pensando bem.. a definição do que é a profissão do cara no fim do livro eu não expliquei, porque li sem saber, então quis, de repente, deixar vocês terem a mesma experiência. Mas o que ela é não é spoiler, está em quase tudo que é sinopse por aí, então se vocês quiserem ler o livro sem nem saber isso, não leiam nenhuma delas (provavelmente nenhuma, ponto) e confiem em mim. [hohoho, que perigo!]

Graeme's Fantasy Book Review: If you read only one book this year then I’d seriously consider making it this one.
Terminally Incoherent: Magary’s writing is sharp and witty and deeply satirical.
Staffer's Book Review:  ... a top-notch novel that should have a great deal of appeal to a wide swathe of readers. [essa resenha é curta não fala muito nada além do que eu já disse, mas gostei dela porque o cara foi ao contrário, ele gostou mais da história justamente quando o cara virou o especialista]

E uma de alguém que não gostou, para contrabalançar:
Paper Knife: Aside from his problems with character and motive (...) I am struck too by how superficial this world is. [o divertido é que a maioria dos pontos do cara é totalmente válida, mas eu gostei mesmo assim]

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal!

De vez em quando aqueles links que o pessoal fica mandando no Facebook servem para alguma coisa. Muito bom isso. Boas Festas e um Feliz Natal nerd-cinéfilo para vocês!:

O Natal, por diferentes cineastas:

fonte: Brainstorm9

sábado, 21 de dezembro de 2013

Eurovision

Faz alguns meses [o que na minha memória vaga pode significar até uns 2 anos atrás] esbarrei numa música legal, fui procurar o clipe no Youtube e descobri esse negócio (todo ano o logotipo muda, esse ao lado é o meu preferido).

O que é: é um concurso anual onde os países europeus (e mais alguns ali perto) escolhem 1 música do próprio país e todas concorrem entre si para ser a campeã do ano.

Agora, o que ele é na prática: é uma fonte inesgotável de boas músicas! [êêê!!!] E em uma penca de idiomas diferentes! [êêêêêê!!!]

E vejam bem... Com o Youtube em mãos não só conseguimos ver as músicas que entraram na final do concurso, como também uma porrada de outras músicas que nem passaram na seleção interna do próprio país. E a que ficou em 2º no concurso interno, ainda é a 2ª MELHOR música de um país inteiro [dentre só as que entraram na seleção, claro... mas não me deixem desmerecer meu próprio argumento] Tem música ruim, sim, mas tem coisa boa. E as vezes até a ruim é auditivamente divertida - desde que você não veja a tradução da letra (como a música austríaca sobre sacudir o popozão). Só é pena que com tanto idioma diferente, boa parte dos concorrentes acabe cantando em inglês mesmo, mas ainda assim sai coisa muito boa de países que mal temos contato.

Bem, eu tenho o plano de ouvir o máximo que conseguir destes concursos.
Outro plano, que comecei a fazer hoje, era de ir no Youtube e assistir os clipes das minhas preferidas. O da primeira música abaixo eu achei tão legal e ufanista que deu até vontade de ir para Moldávia. Como isso não vai rolar [nesse feriadão pelo menos, quem sabe algum dia...] resolvi que teria que postar. E se era para fazer isso, ia colocar uma trinca de clipes como tem virado "tradição" nas minhas postagens musicais.

Então, criançada, mais uma aula de educação musical com o Tio Ranzinza! E deu um trabalho escolher só 3... Acabei optando por só escolher dentre as mais alegres e que não fossem em inglês (foi mal, Inglaterra), e depois disso, as com melhores clipes.

1) Nelly Ciobanu - Hora din Moldova (Dança de Moldova)
    Participante do Eurovision de 2009. Tem uma tradução da letra aqui.



Tem outra versão do clipe, com menos cenas familiares e mais ênfase na cantora: link.
Ou caso vocês queiram praticar para a próxima festa em família, aprenda os passos.
E se vocês ainda estiverem no clima de ouvir mais música ufanista da Nelly Ciobanu sobre a Moldávia: Moldova Mea (essa não tem o clima de festa da acima, mas é boa também) [e não sei se é dela ou ela estava apenas cantando]
E sem nenhuma relação com ela, mas só com o país, isso aqui também é bem legal: apresentação do grupo de danças populares Joc.


2) Серебро - Песня №1 (Pesnia nâmeradín) / Serebro - Song #1
    Essa foi a 3ª colocada no Eurovision de 2007.
    Curiosidade: o título original da música é Бляди (prostitutas), mas pegava mal.



Tem uma versão com legendas em espanhol aqui (mas o som está um pouco pior e cortaram a parte à lá Michael Jackson). E, na verdade, a que participou da Eurovision foi a versão em inglês da música, mas dane-se, eu acho a versão russa melhor. Por falar em russo, o nome da banda não é Cérebro, "Siribró" significa Prata.

[ATUALIZAÇÃO: faz 3 meses que esta postagem está no ar e só hoje notei uma coisa... A versão do clipe acima também foi censurada! Achei que tinha sido só o nome. Entre 1:00 e 1:05 elas rimam "zad" com "cochk" (gatas). Notaram, né? Não rima. A versão original era "zad" e "bliad" (prostitutas), muito melhor. E lá em 3:24 ao invés de "bliad" colocaram um gemido no lugar. Quem quiser ouvir a original, está aqui. Mas vou deixar a acima mesmo, porque a imagem está muito melhor. Continuando a postagem agora...]

Essa eu nem precisei pensar para selecionar também, estava ouvindo-a outro dia no carro (a versão em inglês), crente que era uma Britney Spears qualquer, mas não reconhecia qual era a música [eu não tenho preconceitos... ouço Karen Elson e Selena Gomez na mesma seqüência]. Fui olhar o nome e aí... ha! era uma banda russa! Muito legal. Prova de que essas coisas só não fazem sucesso por aqui porque não tocam, não há diferença alguma delas para uma música pop qualquer americana.

Mas se vocês quiserem perder a boa impressão [ou vê-las de biquíni, que é sempre uma motivação válida], recomendo esta outra música delas: Mi Mi Mi [o pior é que eu gostei, rs!, mas é irritante. Essa só faria sucesso aqui se fosse por alguma versão do Latino]


3) Jessy Matador - Alllez Olla Olé
    Participante do Eurovision de 2010. Essa é para tirar a impressão de gente chata
    dos franceses. E reparem a camisa que ele use no meio do clipe!
    OBS: pule os primeiros 40 segundos.




4) Kuunkuiskaajat - Työlki ellääa
    Ok, eu disse que seriam 3 músicas, mas serão 4. Tradução da letra aqui.



Eu gosto de várias músicas finlandesas (ex.: Anssi Kela) e fiquei com a consciência pesada de não ter lembrado desta antes. Mas aí também não queria tirar nenhuma das três acima (que, digamos, têm mais apelo comercial). O clipe nem é isso tudo, mas adorei as moças. Uma delas ainda toca acordeom. E acabei de descobrir que elas já foram membros do Värttinä (banda de lá que eu tenho alguns CDs e que já veio até no Rock in Rio) e a música ainda é num dialeto da Carélia, que não é bem um país, mas cujo hino nacional é um dos meus preferidos. Depois de tanta coisa legal (além da música, claro), eu quis colocar o clipe e não só na relação abaixo.



Menções honrosas (outras boas músicas que conheci pela Eurovision):
[eu ia só recomendar 3 mesmo, mas olhei todas aquelas outras excelentes que ficariam de fora... deu muita pena. E aí... essa postagem levou 4 dias sendo feita, porque eu parava para ver mais clipes, e versões variadas, outras músicas do mesmo cantor, etc.]

Anmary - Beautiful Song
, da Letônia. Esta, a da Nelly mais acima e a Ruslana abaixo são as minhas preferidas do que eu já ouvi dos concursos até agora. [e a da dupla acima também] Divertido é que essa música foi escrita tão especificamente para concorrer, que faz até menção ao próprio concurso na letra. Infelizmente, apesar de eu adorá-la e todo o clima fofinho dela [e o jeito do bonequinha da cantora], ela apanhou de lavada no concurso de 2012. A letra cretina não ajudou, mas pô, a letra é muito bonitinha.

Ruslana - Дикі танці, campeã de 2004. Na verdade, a campeã foi a versão em inglês da música (Wild Dances), que também é ótima, mas eu prefiro em ucraniano [entenda a letra aqui]. Fiquei num dilema de colocar esta no lugar das Serebro acima, mas achei o clipe desta mais fraco. E não queria duas musicas "em russo" na seleção. Já se a música dela no concurso fosse a Давай, Грай! (Vamos, jogue!), aí as prostitutas perdiam o destaque. Eu adoro músicas feitas para terem esse jeitão de canção de torcida (essa foi usada na Eurocopa de 2012, que foi na terra da cantora).

Sieneke - Ik Ben Verliefd (Sha-la-lie), essa é em holandês [que eu considero um alemão que não é feio] e adoro a entradinha estilo música de circo. Não entrou acima porque não tem clipe oficial. E acho legal que ela fala algo que parece luftballons no meio. [isso sou eu, entregando a idade...]

Flor-de-lis - Todas as Ruas do Amor, de Portugal. Vou assumir: a primeira vez que ouvi essa música achei que era chinês ou algo para aqueles lados! Só quando ela falou "estrela" é que me deu o estalo de que era na minha língua! E assumo mais, ainda tem frases que eu não tenho idéia o que ela está falando. [depois de visitar a Moldávia, preciso passar em Portugal e me acostumar com o sotaque deles] Aproveitando, outra concorrente de lá muito boa: Vânia Fernandes - Senhora do Mar (Negras Aguas).

Can Bonomo - Love Me Back, participante da Turquia em 2012. Divertida. Eu só tiraria o Slash do clipe. E gostei dos casacos do cara. Taí, eu tenho que ouvir mais música pop turca algum dia. Essa não é a primeira música turca legal que eu ouço.

Buranovskiye Babushki (As vovós de Buranovo) - Party for Everybody
Eu achava que era só um nome engraçadinho... mas não, SÃO VELHINHAS CANTANDO! Ha! Que maneiro! Trilegal! Muito massa! Ou qualquer expressão que vocês usem nos seus estados! Tem uma apresentação em melhor qualidade aqui, mas na do link acima a menorzinha está muito fofa. Elas ficaram em 2º lugar no concurso de 2012 e vão usar o dinheiro para construir uma igreja na cidade delas. [e juro que a quantidade de músicas em russo na minha seleção é coincidência]

Les Fatals Picards - L'amour à la française, é boa, mas não tão alegre quanto à do Matador, que também tem um clipe melhor. E pô, música francesa, falando sobre a França e nostalgicamente sobre uma garota linda e... não aparece Paris e nem mulher!

Guri Schanke - Ven a Bailar Conmigo, música finlandesa com título em espanhol cantada em inglês. Como quase todas as recomendadas, é animada e bem legal.

Lena - Satellite, campeã de 2010. Música alemã cantada em inglês. Eu imaginava a cantora com uma cara bem mais madura, putz, é uma pirralha! [ela tinha 18 quando a música foi escolhida para participar] Eu estava ouvindo música teen esse tempo todo e não sabia. Deu toda uma nova interpretação mais light para a música: é só uma aborrecente reclamando do ficante da vez!

Engelbert Humperdinck - Love Will Set You Free
, da Inglaterra. Essa é para não ficar só com músicas alegres e dançantes. Esta é romântica e meio dramática (acho que o personagem da letra se ferrou com a garota que ele gostava). E diga-se de passagem, essa expressão "o amor te libertará" nunca fez sentido na minha cabeça. [e não me venham com interpretações poéticas malucas, porque elas também não fazem sentido.]

Andrea Demirović - Just Get Out Of My Life, de Montenegro. Dançante, mas em inglês e com clipe ruim. E a gente vai ficando velho e perde um pouco o bom gosto, porque eu achei legal o visual anos 80 das roupas dela. [ela até lembrou um pouco a Jennifer Beals, acho que por causa do cabelo]

OBS: todas as músicas que eu linkei nessa postagem não encheriam nem metade de um único dos concursos (cerca de 45 músicas), e acho que todas as acima abrangem só uns 4 ou 5 concursos diferentes. Tem muito mais coisa neles que eu nem ouvi ainda. De repente todas as minhas preferidas acima são pinto em comparação com as que ainda não conheço... [pouco provável, mas sempre possível] Então, vão atrás!

E mais algumas, que eu não resisto, e mesmo assim, ainda cortei várias, que se eu fosse ficar falando de todas que eu gosto, a postagem nunca terminava.

Charlotte Perrelli - Hero e Malena Ernman - La Voix, ambas da Suécia (que faz bom pop desde o Abba). Kaliopi - Crno i belo (Црно и бело), da Macedônia (drama com violinos e guitarras). Aisha - What For, da Letônia (o clipe é ruim e a música é meio deprimente, mas é boa). Eleftheria Eleftheriou - Aphrodisiac, da Grécia. Elena Gheorghe - The Balkan Girls, Romênia (com provavelmente a letra mais fútil de toda essa postagem). Eva Boto - Verjamem, da Eslovênia (música bem bonita). Ivi Adamou - La La Love, Chipre [ela parece uma versão mais carnudinha da Liv Tyler]. Joan Franka - You and Me, do Países Baixos (romântica e fofinha, com jeitão de anos 70). Marko Kon & Milan Nikolić - Cipela, da Sérvia. Outro sérvio, agora com cara de vilão de anime: Milan Stankovic - Ovo je Balkan. Pirates of the Sea - Wolves of the Sea, da Letônia (muita coisa legal vindo de lá também).

E para terminarmos onde começamos... Moldóvia: Pasha Parfeny - Lăutar [putz! é o Justin Timberlake!] [e adorei as backing-vocals, divertidas]

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Somos o que Somos

Pois é... Dilema! Já comentei aqui que não sei falar de filmes cabeça. Eu até gosto deles, mas na hora de fazer elucubrações intelectuais ou comentários profundos... Não rola. Não é assim que meu cérebro funciona. [that's not how I roll, baby!] Mas fico postando sobre filme de quadrinho, livro de zumbi, jogos de tiro... Sóóóó besteira! [bem, tem uns mais cabeças aqui e ali, tipo Loup ou Dragon Head] [putz! acabei de lembrar: o Dragon Head também é "filme de quadrinho"] E aí, quando eu finalmente vou num filme cabeça, não vou falar dele?! Ah, não! Vi algo estranho, metido à cult, numa sessão vazia... Preciso comentar também, para não ficar só no pop.

Nome original: We Are What We Are
Refilmagem de: Somos Lo Que Hay
Duração:
1h45min  --  Ano: 2013  --  Trailer
De: Jim Mickle (de Infecção em Nova York) [um filme sobre pessoas que viram "ratos-mutantes sedentos por sangue", se o que eu li está correto]
Com: Ambyr Childers (de nada que eu conheça), Julia Garner (em breve, em Sin City: A Dame to Kill For), Bill Sage (de Boardwalk Empire), Michael Parks (de Twin Peaks e vários filmes do Tarantino), Wyatt Russell, Kelly McGillis (de Top Gun), Nick Damici e Jack Gore.

Frase fora de ordem: geralmente eu só digito essa listinha dos dados acima depois de toda a postagem escrita, e aí de vez em quando eu levo uns sustos... Mas putz! Kelly McGillis?!? A vizinha velha era a Kelly McGillis?! Ela não fazia assim o meu estilo, mas foi a musa mundial quando lançou Top Gun. Muito estranho vê-la assim, de repente, sem nenhuma imagem mental intermediária. A Cher, por exemplo, era engraçadinha, ficou linda, e depois disso a acompanho decaindo fisicamente ao longo dos anos... Foi gradual. A Liz Taylor também. Já essa agora foi um choque! De gostosona de um filme, à senhorinha gordinha de outro. Mas perdoem a interrupção, voltemos de onde eu estava...

// Na verdade, eu não resisti e, relendo a postagem, resolvi fazer uma imagem com imagens intermediárias. Cá está! Vejam se não é muito menos chocante do que pular da primeira para a última. Assim vocês não ficam chocados como eu. [e se você era fã dela na época do Top Gun, pare aqui, na net há fotos bem piores; eu fui legal na seleção] //

Aviso: eu comecei a postagem tentando evitar spoilers, mas tinha hora que não deu, então ficou um meio termo estranho... Resumindo: TEM SPOILERS! Se quer ver o filme sem saber nada, volte depois.

Vi esse filme após um comentário (não lembro onde) que dizia algo como "O final deste filme é o mais aterrorizante já visto em anos". Foi suficiente para ficar curioso. Vi sem nem ter visto o trailer até... Vi agora só [literalmente, foi depois de ter digitado as reticências] e, novamente, ainda bem que não vi. 1) O trailer é fraco [até aí tudo bem, mas poderia ter tirado a curiosidade de ver o filme], mas 2) O trailer entrega todo o mistério! PORRA, fazedores de trailer!! Tem gente que SABE o que é Kuru! Também conhecida como encefalopatia espongiforme ou Mal da Vaca Louca, que pode ser causada por: ....... [como diria a River Song: "Spoileerrss!"]
[e o cartaz nacional até não entrega, mas há uma versão dele que te induz um pouco a adivinhar o que está acontecendo]

Acabou que o filme não era de terror normal, apesar da "situação" acima, está mais para um filme policial com terror psicológico! Mas ótimo! Isso vale também! Depois de um certo ponto, era meio óbvio o que estava acontecendo, só não tanto a motivação por trás. Mas eu gostei da solução, teria ficado decepcionado se ao final do filme descobríssemos que eram todos vampiros (ou algo assim).

Mas... fico tentando imaginar como aquilo se manteve por pelo menos 300 anos sem uma seita por trás. Quando você tem um bando de malucos, isolados, com crianças que crescem com aquilo na cabeça, e aí depois namoram outras crianças que cresceram com aquilo, e aí têm filhos que crescerão aprendendo aquilo... Tudo fecha. Mas ali?! Como é que, ao longo de 300 anos (no mínimo), todas as namoradas ou namorados dos malucos aceitaram aquilo numa boa?

E o delegado ficou enrolando e depois sumiu boa parte do filme... Eu até achava que ao final fôssemos descobrir que ele também era um dos "seguidores" daquela tradição. E de repente mais gente ainda da cidade. [ok, seria meio manjado isso] Mas não... Era só pouco tempo de tela mesmo.

E apesar da catarse final que pode ter levado à última refeição vista em cena, depois de toda a opressão sentida pelas garotas (parabéns para a atriz mais nova até), ficou difícil aceitar que aquilo vá continuar. Todavia, essa é a interpretação mais fácil possível com a última cena do filme (a cena com o livro).

A 2ª mais fácil é: não irá, mas o diretor quis provocar e colocar uma cena de efeito vazia. E depois dessa, temos interpretações mais bobas, do tipo: não continuará, mas ela queria guardar o livro de recordação. (!?) Essa opção é tão tola, que está digitada só como um exemplo cretino. Então das duas uma: o diretor colocou uma cena inútil, ou, do nada, as personagens resolveram que eram a favor de tudo que eram contra até ali. Por mais que a filha mais velha tenha aceitado "numa boa" o que aconteceu na 'cena da pá', vai ter síndrome de Estocolmo assim no inferno! [leitores psiquiatras, eu sei que a síndrome não é essa, nem sei se existe um nome para algo assim, mas deve ter] A cena pareceu uma imitação da cena final em Deixe Ela Entra [o original, não vi o remake], mas estando lá só meramente para causar um rebuliçozinho. Acabei de ler uma resenha em outro site... Implausível é a palavra do dia.
A cena logo anterior, do jantar, ok, foi uma catarse maluca e exagerada, mas dane-se. A cena no carro eu achei muito menos crível.

Outra rápida reclamação, mas de repente eu que na hora não fiz alguma conexão (e nem agora estou conseguindo lembrar) é que não entendi como foi que a médico fez a ligação entre os ossos e a família. Só muito depois é que teve a cena em que os ossos aparecem no próprio quintal deles.

Ah, e se o "monstro" não era a mulher do carro... Qual foi a utilidade de todo este sub-enredo? Isso, na hora, deu força para a minha teoria do delegado também fazer parte da tradição, seita, ou seja lá o que era.

Não achei muitas resenhas sobre o filme (até achei, mas tem muita gente que chama de resenha só dar a sinopse, e vi muita gente esculachando o filme sem dar bons argumentos, então não as considero) [ou o argumento era até bom, mas a resenha era curta e sem graça], seguem só duas então. Nada mais justo, para a refilmagem de um filme mexicano, que uma resenha nativa. E a outra não entrega nenhum spoiler.

Cine PREMIERE: We Are What We Are es uno de los remakes hechos por Hollywood menos hollywoodenses y más de autor que se hayan hecho en los últimos años.
Quadro por Quadro: ... um filme que prende a sua atenção, apesar do ritmo lento.

E terminando, numa nota totalmente descorrelata [essa palavra existe??], descobri que DEAD SNOW terá continuação. Esbarrei nisso neste site lendo uma resenha do Somos o que Somos lá. Pelo que vi em outro, a história continuará exatamente onde o 1º parou, mas o link que acabei de dar fala sobre uma gang de matadores de zumbi... Em suma, não sei qual será o mote do filme, mas isso mal existia no primeiro mesmo, e filme de humor negro com zumbis é sempre bem-vindo.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O Desfile da Extinção

E agora, para algo nem um pouco totalmente diferente...
Estava no clima de zumbis ao terminar o livro da postagem anterior e queria algo mais curto para a próxima leitura. E foi desse sujeito que eu lembrei.

Nome: O Desfile da Extinção e outras histórias de zumbis
Nome original: Closure, Limited and other zombie tales
Autor: Max Brooks (de Guerra Mundial Z e filho do Mel)
Editora
: Rocco  --  Páginas: 128  --  Ano: 2012
Tamanho: 11 x 18 cm (um pouco maior que uma foto) [se é que alguém ainda sabe o que é uma foto em papel]
ISBN: 978-85-325-2797-4

Zumbis + Max Brooks = Compra obrigatória. [livros pelo menos, não tive interesse pela graphic novel Ataques Registrados]
Eu não esperava ser arrebatado nem nada, é um livrinho fino que acho que custou uns R$ 12. Mas apesar do O Guia de Sobrevivência aos Zumbis (o primeiro livro de zumbis dele) não ser lá grandes coisas, o Guerra Mundial Z é um excelente livro. Alguns capítulos não são isso tudo, mas outros são até tocantes.

Então... Temos um livretinho com 4 contos. Se fossem 4 contos com a mesma qualidade de 4 bons capítulos do GMZ, seria uma excelente adição à biblioteca. Poderia até virar uma filão para o cara: de tempos em tempos lançar outro livretinho com "relatos orais adicionais da guerra contra os zumbis". Ao invés de precisar juntar um monte de idéias e lançar um livro com 60 pequenos capítulos, lançaria esses mini-complementos de tempos em tempos, se pensasse em algo interessante - e se ele ficasse sem idéias, era só parar, ou esperar ter outras, ao invés de precisar acumular um monte de antemão.

Mas se não temos isso acima, o que temos? Os contos Conclusão Ltda e A Grande Muralha parecem capítulos descartados do livro original (e provavelmente são mesmo). Ambas as histórias têm bem o clima de alguns dos contos do livro. Na primeira pessoas arranjam forma de fazer dinheiro com a desgraça. Mas apesar de não ser ruim, não é tudo isso. E a segunda também não é ruim, mas tem aquele ar de que faltou algo. Eu não senti toda essa pena assim de ninguém ali. Faltou algo para me conectar.

Os outros dois contos já não parecem ser capítulos descartados, mas apenas porque os contos do Guerra Mundial Z são relatos da guerra, coletados pelo mundo através dos sobreviventes. E, nos dois contos abaixo, num não sobra ninguém para relatar e no outro o sobrevivente provavelmente preferirá manter segredo.

O conto Steve e Fred não leva nada a lugar nenhum - e quando a gente já está ficando com raiva da ruindade do conto, descobrimos que não era bem aquilo; mas não quer dizer que fique bom. [spoiler: é só um cara preso no banheiro]
E aí temos o principal conto do livro, que ocupa mais de metade das páginas: O Desfile da Extinção. Vou dizer algo que pode parecer spoiler, mas você tem que ser muito ruim da cabeça para não entender isso logo de cara no conto. O que temos é uma história de sobrevivência à infestação zumbi do ponto de vista de... vampiros! Não ficou de todo o mal, mas depois de 3 histórias que poderiam facilmente ter feito parte do livro original, ficou estranho ter uma que não encaixaria.

Nada contra algum dia ler um livro que envolva zumbis, lobisomens, vampiros e múmias. Talvez até fantasmas e alienígenas. E lulas gigantes. E o Godzilla!! [e um tornado de tubarões!] Mas como no livro original nada parecido foi nem mencionado, não dá para forçar isso agora. E lendo como um conto solto apenas... De novo, apesar da idéia por trás não ter sido ruim (gostei bastante até, e até virou uma revista em quadrinhos), o resultado final também não ficou grande coisa. Até a idéia do personagem, ao final da história, já foi usada tantas outras vezes, que nem deu o impacto de "puxa! olha só a idéia do cara...".

Ah, e tudo é ainda mais curto do que vocês devem estar imaginando, entre os capítulos há páginas à toa (silhuetas, estilo a da capa), as margens são largas e a fonte é grande. Ao todo, de texto são apenas 101 páginas e a versão americana do livro nem a isso chega (são 96). E lembrando, é um livro de bolso. Dá para ler inteiro no trânsito e ainda tirar um cochilo antes de chegar.

No geral, o livretinho pareceu uma coletânea de "boas idéias que eu tive mas não consegui desenvolver, mas vou lançar assim mesmo para não esquecerem de mim". Compre apenas se você não resiste a curiosidade ou quer "completar a coleção", mas não espere grande coisa. Claro, como sempre, opinião minha. Vi resenhas mais favoráveis por aí, mas também vi outras muito piores.

Não vou recomendar que passem longe, mas... sugerir que peguem emprestado com um amigo e usem os R$ 12 para ir ao cinema.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Day by Day Armageddon: Shattered Hourglass

Autor: J. L. Bourne
Editora: Permuted Press / Gallery Books
Páginas
: 328  --  Ano: 2012  --  ISBN: 978-1-4516-2881-4
Tamanho: padrão (+/- meia folha A4)

É isso aí, criançada, mais uma trilogia que chega ao fim.
[+/- na verdade, mais a respeito depois]

Para quem não leu a postagem original, onde falei rapidamente sobre os dois primeiros, o que tínhamos era: um militar desertou quando a praga zumbi ferrou o mundo e, ao mesmo tempo, começou a anotar tudo que acontecia.
Os dois primeiros livros foram inteiros através da visão exclusivamente dele do que acontecia a volta, através das páginas do seu diário. No primeiro livro ele se ferra sozinho boa parte do tempo e termina relativamente protegido junto com uma patotinha. No 2º ficamos sabendo que há algum tipo de organização monitorando os zumbis e os sobreviventes, nosso herói se encontra com o que sobrou do exército americano, e temos uma rápida reviravolta sobre a origem da infecção zumbi. [pode ser chamada de 'reviravolta' se antes não tínhamos NENHUMA explicação para ela?]

Nesse livro... tudo muda. Com o exército de volta à ativa (alguns poucos navios e bases, mas ok, está de volta), missões paralelas e uma penca de personagens, o autor teve que optar por fazer o livro em formato convencional, como um livro comum [não sei como se chama esse estilo narrativo, mas é o padrão, como a maioria dos livros]. Mas há algumas poucas e rápidas partes ainda em forma de diário.

Isso é legal, porque temos uma visão muito mais ampla das coisas, mas ao mesmo tempo, matou o maior charme dos 2 primeiros (e também dos 3 Zomblog), que era ser em 1ª pessoa. E causou um outro problema... Depois de pouquíssimo capítulos, eu já tinha a sensação de que a história não estava andando.
Eu fiquei sabendo que seria o fim da série apenas ao ler isso na Introdução do livro. E no final do 2º livro o cara estava indo para a China. Imaginei então: já que acaba agora, o livro deve começar com ele já chegando na China, e seguir daí.

O livro é o mais grosso dos três, então até daria para contar mais e esticar mais o andamento. Mas em bem pouco tempo somos apresentados à vários núcleos de personagens: o herói e a equipe militar do submarino que o levará à China; os amigos dele que estão no porta-aviões; o que sobrou da equipe de uma estação de pesquisa no Ártico; algumas passagens menores com outros militares; uma equipe de fuzileiros; e até a tal organização secreta tem capítulos só para ela. Falando assim, nem parece tanto, mas na hora, era *muita* gente. E vamos sabendo da vida de todos, e mais, e mais... Tudo perfeitamente encadeado, mantendo o interesse e bem escrito, porém... numa história cuja conclusão envolvia chegar na China... A cada página que eu virava e eles NÃO chegavam lá, eu ia ficando com a sensação de que o final seria corrido e apressado. [ou daria uma baita merda e todos morreriam!] Putz, há capítulos inteiros para uma parada no Havaí, e nada deles chegarem na Ásia. Quando o livro começa eles nem estavam à caminho ainda. Bem, eles chegam na China só na página 275 (de um total de 326) mas chegam. E todas as desmiolações, correrias, idéias ruins e azares aconteceram em outros lugares. Ok. Só queria desabafar a preocupação que eu tive e vocês podem ficar tranquilos ao ler.

A grande perda foi realmente o estilo diário. E, talvez, se tivesse sido algo solto, escrito já nesse estilo, não sei se o autor entraria na minha lista de "vou ficar de olho no que ele lançar". Mas para fechar a série, serviu. Para quem é fã de uma ação um pouco mais militar, e até algumas maquinações, talvez até vá gostar mais deste do que os anteriores. [e como o autor é militar, o livro é CHEIO de siglas militares que eu nem entendia] Tem até bem menos zumbis.

Resumindo brevemente a história: o sujeito parte para a China para tentarem achar o paciente zero, torcendo para que isso ajude-os de alguma forma a combater (ou curar) a zumbilândia. Eles precisam parar no Havaí também, para algo que nem eu e nem o personagem principal entendemos direito [por mais que eu tenha gostado do livro, nesta parte eu me senti sendo enrolado]. Sua namorada fica no porta-aviões onde depois descobrem que, para o caso da missão China não der certo, há alguns zumbis sendo perigosamente estudados. [e o porta-aviões é responsável por uma cena que ficaria bem divertida no cinema, não só pela cena em si, digna de um Roland Emmerich, mas como pela tática usada contra os zumbis (isso não é spoiler, é óbvio que daria merda no navio) conhecida por todos que já andaram de ônibus no Rio.] Enquanto isso... Uma outra equipe chega ao Hotel 23 (local onde o pessoal conseguiu refúgio do final do 1º livro até o final do 2º), que nada mais é que um daqueles silos de lançamento de mísseis nucleares (aqueles que ficam no meio do deserto), com um míssil ainda em condições de ser lançado (daí o interesse em retomar a base) que pode ser necessário para o caso da missão na China der MUITO errado e tentando também descobrir mais sobre os equipamentos e a organização secreta em si. [eu tinha que ter relido o 2º livro antes de ler esse, não lembrava das partes maléficas da organização] E também em paralelo a tudo isso, temos 4 pesquisadores numa instalação no Ártico, tentando viver do que jeito que der, e que depois, por uma feliz coincidência, conseguirão ajudar nossos amigos. E também ficamos sabendo um pouco mais sobre a Dharma do Mal, sua origem, intenções e como ela tem mais tecnologia do que o pessoal normal. [se bem que se eu sou uma organização secreta do mal, com acesso à tecnologia mais avançada, uma coisa que eu teria seriam os meus PRÓPRIOS mísseis nucleares... mas ok.]

Bem, isso não foi bem um resumo, é mais uma ambientação e contando o que vocês irão encontrar. Se fosse um resumo eu teria que dizer o que acontece... Para isso, basta pegar cada um dos núcleos acima e escrever "e aí chegam os zumbis!" (num deles não, na verdade). É um livro de zumbi, pô, vocês sabem o que esperar e quais são os finais possíveis. E ou tu gosta e não quer que eu conte quem morre e quem não ou se salvam a humanidade ou não, ou não gosta e nem leu até aqui.

Agora... A reviravolta ao final do 2º livro. Não era bem o que parecia. Vejam bem... Ela não "desreviravoltou", mas o cara conseguiu dar um toque bem mais sci-fi complicando ela um pouco mais ainda e, ao mesmo tempo, enquanto lia, eu fiquei com a sensação de que ele talvez tivesse se arrependido, porque o assunto era bem pouco tocado e como eles nunca chegavam ao destino, na hora tive a impressão de que o autor queria adiar ao máximo o assunto - e encerrá-lo de forma rápida quando surgisse.

Vendo o que ele tinha em mente [que não vou explicar, evitei spoilers a postagem inteira], não o culpo muito. Se tivesse ficado muito tempo no assunto, ele precisaria começar inventar o que falar sobre aquilo (quebrando completamente o ritmo), e seria uma perda de foco do bom e velho "humanos vs zumbis" [que já perdeu um pouquinho nesse livro, já que o que era para ter de correria foi nos outros, e agora era hora de fechar tudo]. E ele ainda conseguiu deixar em aberto uma *possível* cura tirada da cartola para o problema da infestação. Ele não o faz. Ainda podemos ter mais livros. Mas foi um bom toque de esperança ao final. Ah... Mas o livro termina (foi um pouco antes, na verdade) com outro "Hein!?" ["WTF!?", se preferirem] talvez só para dar uma zoada final.

Bom livro e bom final para a série. Mas não é tão bom quanto os dois anteriores. Mas eu realmente gostei do autor (apesar do exagero de siglas militares no texto). E ele pareceu ser um fã de FC além de zumbis - ele pegou rapidamente muitas idéias de outros estilos e jogou na história, para dar um tempero a mais (até Heinlein é mencionado e tem uma passagem que daria um excelente filme de terror barato).

Agora, sobre isso de "final" para a série... Tentando achar pela net o conto adicional (If You Can Read This...), lançado como extra no "livro combo" do 1º+2º (o Day by Day Armageddon: Origin to Exile) [que eu não vou comprar, porque já tenho os 2 livros e não vou pagar R$ 40 para ler apenas um conto de 10 páginas, e que ainda por cima era gratuito faz 2 anos], eu esbarrei na notícia de que ele lançou por agora um conto (esse sim, vendido separadamente), chamado Day by Day Armageddon: Grey Fox (malandramente anunciando como Livro 4, mas é apenas um conto, coisa de 40 páginas). Já comprei, já vi que ele volta a alguns dos personagens da trilogia, já vi que a tal possível cura é mencionada e foi +/- usada (não vou explicar o que significa o "+/-"), mas não li além da 1ª página ainda. Depois eu leio e volto aqui.

ATUALIZAÇÃO: li e é bem legal. O cara passa a maior parte da história sozinho, indo em partes ainda infectadas, e ficamos sabendo como é o mundo alguns anos depois do final do livro. Está bem mais para o jeitão introspectivo do 1º livro. Mas não dá para ler solto, porque você precisa entender um pouco do que ele está falando e a tal "cura" talvez não seja entendida por quem não leu o 3º. É mais do que um mero epílogo pelo menos. Só deram foi uma forçada no final, mas não explico que é para não dar spoiler.


E uma velha curiosidade minha, que sempre deixou a porta aberta para mais um livro... Pesquisei o assunto agora.


No final do 1º livro, na segunda edição (a versão de capa bege - não sei se isso tinha na original, de capa preta, e aparentemente não tem na atual, de capa laranja; são as 3 acima), pois bem... No final da minha edição havia algo que parecia uma prévia do 2º livro, chamada Day by Day Armageddon: The Fall. Essa amostra envolvia um tipo de sociedade fechada, criada para preservar a humanidade caso desse algum problema absurdo no mundo exterior. Como se fosse uma versão muito mais científica do livro A Cidade das Sombras ou, melhor, uma espécia de Projeto Biosfera 2 x o filme A Ilha (antes deles descobrirem as intenções maléficas da instalação). Devem haver exemplos melhores. Até mesmo as "Vaults" da série Fallout serveriam para comparação.
Pouco tempo depois de ler o 1º livro vi na net o autor dizendo que aquilo ali era outra coisa, e não o que seria a continuação. A tal organização secreta que aparece no final do 2º livro e é o principal vilão deste agora até guarda algumas semelhanças, mas até mesmo por onde ficam suas bases e pelo fato da organização do The Fall não ter parecido maléfica, não devem ser a mesma coisa com nomes diferentes mesmo não. Infelizmente, a notícia mais recente que achei sobre o assunto é do autor, em 2010, dizendo que estava muito enrolado com o 3º livro para pensar nisso por enquanto.

Mas pelo menos o cara ainda tem uma idéia na manga que pode dar em algo no mesmo universo algum dia. É esperar para ver.