sexta-feira, 31 de maio de 2013

Se Beber, Não Case! - Parte III

Nome original: The Hangover Part III
Duração: 1h40min  --  Ano: 2013  --  Trailer
De: Todd Phillips e Craig Mazin (ambos, sem nada de bom no currículo)  --  Com: Zach Galifianakis, Ken Jeong, Bradley Cooper, Ed Helms e John Goodman.

É nessas horas que eu penso "Devia usar o Twitter..." [mas nunca vou, porque tenho mais o que fazer da vida], é que essa postagem não deveria nem existir... Mereceria, se muito, uma tuítada.
No dia seguinte à ter visto o filme, conversando com minha mãe (que é mais chegada em filmes franceses, iranianos e esse tipo de coisa), ela perguntou o que foi que eu fora ver, eu disse, e ela comentou que não faz o estilo dela. Concordando, neste momento eu soltei a frase que servirá como toda a minha resenha sobre essa absoluta perda de tempo: "Eu não esperava que fosse bom, mas não esperava que fosse tão ruim." [podem contar, isso cabe em bem menos que 140 caracteres]

E é isso que achei do filme. Ficou só antes do Super Heróis - A Liga da Injustiça (Disaster Movie), sendo agora a 2ª pior comédia que já vi na vida. [e eu vi As Branquelas e a quase todos os filmes do Eddie Murphy depois que ele deixou de ser engraçado] Vejam bem... Existem comédias ruins, são aquelas em que você ri pouco. Mas precisa ser uma colossal porcaria para eu passar a duração do filme inteira SEM SORRIR! Rir mostrando os dentes já seria até demais... Mas nem sorrir eu consegui. Sabe... Aquele ligeiro espasmo pros lados da boca, que não salvaria o filme, mas pelo menos teria melhorado meu humor pela duração de 3 segundos... NADA! Nem isso. O filme tem apenas duas coisas boas: Heather Graham e Jamie Chung. É sempre bom revê-las. Mas é só! Dois minutos do Google Imagens também resolveria.

O pior é que na sessão em que eu estava teve até aplausos! O que essa gente têm na cabeça? Sei lá... o errado deve ser eu. O jeito é dar uma de Sheldon e torcer para algum dia aparecer uma Nave-mãe e eu descobrir que cresci neste mundo por acidente. [mas eu continuaria por aqui, tem coisas boas]

Eu não consegui achar o 1º filme a melhor coisa do mundo depois da invenção do pão francês, como meia internet (e praticamente todos que conheço) acharam. Mas tinha lá seu mérito. Achei o segundo bem fraco, só repetindo o 1º em outro cenário (e dessa vez pelo menos a humanidade concorda comigo, apesar de ainda terem achado engraçado), mas eu tinha alguma esperança que o terceiro acertasse. Mudasse o tom. Sei lá. Dessa vez nem tinha ressaca (o que meio que invalida o nome o original do filme...), então pelo menos tentaram inovar. Mas não deu certo. Muito ruim. São R$ 15 e 2 horas da minha vida que não tiveram propósito. Eu não consigo achar o personagem do gordo engraçado. E o Mr. Chang do Community até fica melhor nesse filme, quase sério e com um humor menos histriônico, mas eu também não sou grande fã dos papéis dele.

O pior é que eu tinha a opção de ter visto Faroeste Caboclo. Eram os dois únicos filmes (teoricamente) interessantes passando. Ainda bem que não freqüento o hipódromo, sou péssimo com apostas. Tinha também o Jornada nas Estrelas 2 (o "lindamente" traduzido como Além da Escuridão - Star Trek), mas só tinha ingresso bom para dois dias depois.

Esse filme é tão ruim, que perdeu até uma pequena chance de se redimir... O filme começa a girar com os amigos normais do gordo barbudo querendo que ele se comporte e aja como o quarentão que é, e não como uma criança mimada. No meio do filme eles conhecem uma gordinha mal-educada que não trata bem a própria mãe (beirando o desleixo criminoso contra o idoso) a ponto de ser banida dos cassinos; e rola um certo clima dela com o barbudo.
O filme anda e, no final, depois dele tomar um certo choque de realidade e aparentemente adquirir uma certa maturidade, ele resolve voltar à loja. Achei que nessa hora, quando a gordinha fosse toda feliz na direção dele, ele esticaria o braço e diria algo naquele estilo de "Não! Você é mal-educada e mal-agradecida! Você precisa começar a tratar a sua mãe como um ser humano! E precisa parar de comer esses pirulitos!" E aí sairia de lá com a cabeça erguida. Finalmente, agindo como um adulto.
Não. Ele a pede em casamento.

O que tivemos então foi um filme de humor onde nada é engraçado. E um filme sobre crescimento pessoal onde o personagem não cresce. Só me resta pedir desculpas ao Faroeste Caboclo por ele ter ficado em segundo lugar na hora da escolha. Desculpe.

sábado, 11 de maio de 2013

Zen Pencils

Ficar de bobeira no micro de vez em quando dá bons resultados. [e de vez em quando eu passo 8 horas jogando] Estava pensando em Duna, avaliando se já fazia tempo suficiente desde a última porcaria que li do Brian - para poder ler a seguinte [não faz]; e lembrei da Litania Contra o Medo. E só por falta do que fazer digitei isso no Google. Apareceu o Wikipedia (obviamente) e surgiu um outro, que cliquei porque estava no alto:



O principal do site são tirinhas onde o sujeito (Gavin Aung Than) ilustra frases inspiradoras ou pequenas parábolas. Nem todas funcionaram para mim e o site perigosamente aproxima-se da auto-ajuda [o horror...], mas devo ter lido umas 20/25 tirinhas e é difícil não se emocionar com várias (se não a maioria) delas. [nota: mas eu falo só do texto das tirinhas, e não do que o cara escreve depois, que é irrelevante]

Quem preferir, há 24 tirinhas traduzidas para o português neste link (obs: o site original tem atualmente 115), mas eles descontinuaram a atividade porque o próprio site oficial passará a ter traduções em breve também.

Para os nerds, tem muita coisa lá que nós reconheceremos. Desde outras citações de escritores de FC, cientistas ou Bruce Lee, até mesmo só os desenhos. Deixo abaixo mais um link (clique na figura), para a minha preferida das que li hoje. Tem outras até mais 'bonitas', até o Pale Blue Dot apareceu lá, mas o texto abaixo eu não conhecia.
E todo mundo que já leu DC reconhecerá a inspiração do personagem.

"I would rather be ashes than dust!" (texto atribuído a Jack London)

sábado, 4 de maio de 2013

Homem-de-Ferro 3

Nome original: Iron Man 3  --  Trailer
Duração: 2h10min  --  Ano: 2013
De: Shane Black (de Beijos e Tiros)
Com: Robert Downey Jr. (de Abaixo de Zero, Chaplin e O Outro Lado da Nobreza), Gwyneth Paltrow (de Shakespeare Apaixonado e Hook, A Volta do Capitão Gancho), Guy Pearce (de A Máquina do Tempo), Ben Kingsley (de Hugo e Príncipe da Pérsia), Don Cheadle (de House of Lies e Capitão Planeta), Rebecca Hall (a Vicky de Vicky Cristina Barcelona), Paul Bettany (ele é o Padre do filme Padre, como voz do mordomo-robô), Jon Favreau (de Friends) e Ty Simpkins.

Ok, essa será uma resenha curta. Como eu já disse outras vezes, nem gosto muito de resenhar blockbusters, acho que meu cérebro fica acanhado, sabendo que existem 500 mil resenhas e 20 mil podcasts sobre o assunto e eu não tenho nada para adicionar.

Então, simplificando logo: eu gostei do filme mas não gostei do vilão.

Um pouco sobre meus conhecimentos do Homem-de-Ferro... Eu nunca fui fã dele antes dos filmes. Com o Downey Jr. no cinema muita gente começou a ser fã do personagem desde criancinha, e aí cita umas 2 ou 3 histórias e age como se fosse um entendido. Ok, muitos realmente são, mas achar gente que não gostava do Homem-de-Ferro é igual achar eleitor do Collor - ninguém votou nele, mas ele ganhou de forma acachapante no 1º turno. Mistérios da vida. Devem ter sido alienígenas.

Pois bem, o que eu sabia do sujeito antes do 1º filme:
- ele era o Bruce Wayne da Marvel;
- como foi a primeira história, envolvendo a caverna;
- na Guerra Civil ele foi o primeiro a assumir a identidade secreta;
- ele tinha sido bêbado e, por algum tempo, o amigo militar assumiu o manto;
- dentro do Universo Marvel ele é uma das pessoas mais inteligentes do mundo;
- e eu conhecia a musiquinha do antigo desenho desanimado da Marvel.

Fora isso, não dava a mínima. Era só um personagem qualquer da Marvel que eu não ligava. Putz, eu conseguia ligar para ele até menos do que para o Quarteto Fantástico.

Com um conhecimento vastíssimo destes, a verdade é que qualquer coisa que me apresentem, se ficar legal, eu estou gostando. Eu não tenho como reclamar de nada do tipo "Mas isso NÃO aconteceu assim!" Bem, mesmo se eu soubesse, eu acharia errado, já que é uma adaptação e não dá para colocarem em tela 40 anos de histórias. Mas não sabendo, então o que vier é lucro.

Dragonball! O filme é um lixo. Mas eu nunca gostei do desenho, então não fiquei com vontade de matar os produtores nem salgar o terreno onde eu colocaria seus corpos desmembrados. Conheço gente que faltou pouco para isso. Eu vi, me diverti, e saí do cinema sabendo que era uma merda, mas sem me arrepender.

Homem-de-Ferro 3 é um filme com problemas, muitos se eu for me preocupar com tudo que ouvi ou li, mas, para mim, foi só um FILME PIPOCA! E como tal, um ótimo filme.
É talvez o mais engraçado dos 3 e talvez o com mais cenas cuja utilidade era terminar com o ator fazendo pose. Como se o filme tivesse sido montado como uma desculpa para unir vários frames isolados.
Aquela paradinha no ar com todas as armaduras, a queda da casa, o Tony arrastando a armadura na neve, a queda e a volta da Pimentinha... eu consegui ver o filme quase que quadro a quadro, cada uma dessas cenas dando um excelente retângulo numa revista. Foi um filme feito para ter, a cada 10 minutos, uma cena plasticamente bela.

Quadros legais unidos por fiapos de conversa: era uma revista em quadrinhos em movimento! Foi assim que meu cérebro interpretou o filme.
Ok, uma revista mais voltadas para explosões, uma leitura mais rasteira, mas beleza! Nem todo quadrinho foi feito para ser um Midnight Nation ou um Miracle Man.

Foi tudo muito bem amarrado? Não. Mas num nível bem gibi simplista, até que foi. Para mim, serviu. Os Vingadores, que todo mundo adorou, eu achei muito mais mal costurado. Lá era algo grandioso, era de se esperar um pouco mais de inteligência - deles ou do vilão. Aqui não, foi um one-shot perdido com a intenção de ser divertido.

Bem... Se os produtores queriam mais, falharam pateticamente. Mas se queriam só uma boa diversão, meus parabéns. Saí feliz da sala. Exceto pelo vilão (já falo dele).

Vou achar uma pena se não tiverem mais filmes do personagem, mas da maneira como fechou, e até os créditos bem anos 80, achei que a trilogia poderia parar ali. Infância, adolescência e amadurecimento do personagem, mesmo que tenha ficado meio forçado.

Putz, o Dark Night Rises é extremamente tosco e mal costurado também, e os nerds adoram Nolan como o segundo messias. Mas não que eu não tenha gostado também. Já ficou definido: eu sou um cara que não exige muito quando acho que não é pra exigir. O filme tem que atender aquilo que eu acho que ele queria ser. E eu acho que esse queria ser um pipocão.

Ok, já babei o ovo falando do que gostei. Agora vamos à parte ruim.
Qualé! O vilão é o loirinho que fica maligno porquê... Hummm... Porque mesmo? Ah é, o filme não conta. E aí ele sequestra o Tony porque... Hummm... Aparentemente ele achava que o Tony era tão esperto, que ia em 15 minutos descobrir qual era o problema na fórmula deles e resolver tudo, ali, assim, de mão beijada, e ao mesmo tempo achava que ele era tão burro que acreditaria que o vilão cumpriria com a palavra. E lembrem: esse era o mesmo vilão do primeiro filme. E teve influência no 2º também [essa parte eu não lembrava, li por aí].

E aí, descobrimos que depois do cara criar a maior organização criminosa do mundo, só porque ficou entendiado no alto de um prédio, ele morre porque resolveu ser espalhafatoso, ao invés de só fugir.

Isso eu sempre tive problema até nos gibis. O Flash sempre captura o Capitão Frio... Se sou ele vou então atacar em outra cidade, ao invés de ficar de birra com aquele herói em particular. Ser vilão na Ucrânia! Sem Flash! Depois que ficasse rico voltava e comprava minha mansão na Flórida. Dinheiro devidamente lavado. Tudo dentro da lei.

De que adiantaria toda a briga do loiro com o Stark se no universo Marvel existem outros 300 super-heróis que podem pegá-lo depois. Foge e pensa num plano melhor.

A cena final foi divertida, mas eu a teria trocado. Eu teria mostrado um esconderijo qualquer, e começaria a cena mostrando as mãos de alguém, com os 10 anéis que dão superpoderes para... o Mandarim! E subiria a câmera, mostrando o mesmo ator que fez o sujeito novamente. E talvez alguns clones dele pelo lugar, dando a entender que o que foi preso era só um sósia/clone, que o loiro estava mentindo para despistar (fidelidade a causa) e que o Mandarim real não só está obviamente solto, mas é muito mais foda que sabíamos - e ainda poderia ser usado num próximo filme. Ou não. Nem importa. Pelo menos não teriam estragado o vilão.

E aí sim, o vilão loiro teria alguma vaga motivação: era pau-mandado. Claro, não explicaria a birra deste meu "Mandarim-real" pelo Stark, mas aí sei lá... De repente ele era amigão do Obadiah e queria se vingar por ter matado o amigo. Se eu pudesse inventar boas explicações para tudo eu largava meu emprego, ia ser roteirista em Hollywood, e casava com a Jennifer Connelly.

Outro problema do filme: os trailers. Eu não gosto muito de ver trailers hoje em dia. Vejo o primeirão (o teaser) o seguinte (o trailer de fato, com mais cenas) e aí eu tento parar, para não ver o filme inteiro antes de ir ao cinema. E tudo que eles estavam mostrando era dramático demais. Pelos trailers eu até achava que a Pimenta ia morrer. Tinha gente dizendo que esse filme seria o Batman 3 do Homem-de-Ferro. Todos achavam (baseado no marketing do filme) que teria um baita drama do cara, agora sabendo que é só um ricaço numa roupa de metal, num mundo muito mais complicado que pode ser destruído por deuses e alienígenas.

Nenhum trailer mostrava que suas crises de pânico seriam meramente cômicas, e que ele ficaria fazendo piadas com um molequinho que ele conheceu depois de invadir a garagem da casa dele.

Ótimas cenas dos dois, por falar nisso. Mas a única coisa que o trailer mostrava era drama. Até foi legal, fui ver o filme sabendo muito menos do que geralmente sei, mesmo não lendo spoilers. Mas no final ficou estranho descobrir que o vilão era só um sujeito qualquer, que nem tinham nenhum bom motivo para nada.

O Mandarim-idoso do trailer era um bom vilão. O Mandarim-idoso do filme foi uma boa diversão de Sessão da Tarde. O Mandarim-loiro foi um vilão ridículo. Sim, sei que complicaria adaptar a ponto de tornar compreensível décadas de histórias do HDF, mas... continua ridículo mesmo asim.

Bem da verdade, do vilão ricaço-louco do segundo conseguiu ser pior. Conseguiu até a façanha de fazer o Chicoteador de Ferro parecer um bom vilão. [aviso aos nerds chatos: sim, eu sei que é Chicote Negro, aprendi a usar o Google quando ainda era o Altavista]

Pior que falei que ia escrever pouco, mas estou viajando, só para conseguir explicar que achei um ótimo filme, mas que ao mesmo tempo foi uma colcha de retalhos pipocada com algumas idéias muito merdas no meio.

Ah, e qualé... Humor também tem limite! Eu topo o Tony levar uma armadurada na bunda e nem me incomodam piadinhas cretinas em momentos dramáticos. Mas os pedaços da armadura voarem por 1.000 quilômetros em 20 segundos e serem capazes de arrebentar tudo no caminho, mas não uma porta de garagem de madeira velha... Gozação tem limite, galera! A cena do cara "se vestindo" na fuga da mansão ficou muito maneira, mas ali a forçada de barra atingiu o auge.

Mas... me divertiu. Isso que importa. Acho que vou até ver de novo. Assistir cenas grandiosas na tela do cinema é muito bom.
Dia que for milionário não vou ter Porsche nem nada disso. Quero só ter um bom espaço para ter a minha própria sala de cinema. Não vale TV de plasma gigante e assistir de perto, tem que ser uma tela absurdamente grande e assistir de longe.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Microcosmic Tales

De: Joseph Olander, Martin H. Greenberg e Isaac Asimov.
Autores: são 71 autores diferentes, não vou nomeá-los não. Clique aqui para a relação completa.
Editora: Taplinger  --  Páginas: 325
Ano livro / histórias: 1980 / de 1945 a 1980
ISBN: 0-8008-5238-9

Coletânea de 100 micro-contos de FC (e alguns puxados um pouco mais para fantasia).

Micro-resenha: é um bom livro para hora de ir dormir. Ler uns 2 contos e apagar as luzes. E se não tiverem sido bons, dá para ler mais dois e ainda não ficar com a consciência pesada de não estar dormindo na hora certa. Os contos têm em média 4 páginas, e não há nenhum acima de 6 ou 7. Você lê qualquer um em bem pouco tempo.

Comentando mais agora: só achei uma pena uma certa predileção por coisas mais modernas. Somando os anos 40 e 50, são apenas 23 contos, já dos 60 são 17, 34 dos 70 e 26 de 1980 (do ano em si, e não da década).
O motivo talvez tenha sido que, anos antes, o Asimov editara com o Groff Conklin o Fifty Short Science Fiction Tales, que é +/- a mesma idéia, só que com metade dos contos, e como foi publicado em 1963, os anos 50 acabaram tendo um bom peso.

E, pensando em mim apenas, tenho tantos livros de contos da Era de Ouro (tenho o Fifty acima também), que a ênfase em contos mais atuais (para a época) é bom para não ficar com contos repetidos e ter coisas diferentes para variar.

Mas para um leitor novo, querendo conhecer bastante coisa... É... É legal. São CEM contos e com uma boa variedade de escritores e estilos [nem tanto, já volto nisso]. Mas eu ainda sou mais fã dos escritores mais antigos. Se quer comprar algo no estilo, com muito conteúdo em pouco espaço, pode ser; mas eu talvez sugerisse que você comprasse o segundo (o Fifty, antes que vocês faça confusão) - mas que eu não li ainda, então não posso opinar muito.

E se quiser algo moderno mesmo, mas com bem menos contos, aí compre algum Best of the Year. Os do Dozois são os que todos os demais querem ser quando grandes. O próximo deve sair lá para julho. Você pode partir também para o "O Melhor dos Melhores" (The Best of the Best: 20 Years of the Year's Best Science Fiction), com quase 40 contos, com os melhores de 1983 à 2002. [Legal! Acabei de descobrir que a minha edição, que é a inglesa, tem 3 contos a mais que a original. E eu a comprei só porque gostei mais da capa. Fica a dica!]

O problema das coletâneas do Dozois é que são tijolos. Para comparação, são iguais à algum dos livros da Guerra dos Tronos.

Quanto ao estilo, que falei que ia mencionar, como são contos bem curtos, muitos são humorísticos e a grande maioria soa como um episódio de Além da Imaginação. Você tem uma história que já começa meio corrida, um desenrolar rápido, e aí, de repente... bum! surpresa!... a paciente na verdade era a única bonita! [episódio clássico esse!]

Então, para curtir bem as histórias, estar com o inglês só +/- é o suficiente. Serve para a grande maioria. Mas se ele estiver em muito bom estado, melhor. Lembro de várias histórias em que eu perdia um trocadilho na última frase, e aí... Nada. Na minha cabeça a história ficava meio que sem fim. Justo na última frase, tinha aquela palavra que não sabia traduzir ou eu sabia que tinha uma piada, mas não pegava qual era. Tem um que está na cabeça ainda, que o final foi interessante, entendi perfeitamente a reviravolta, mas... não consegui sentir o horror do personagem, porque eu peguei a idéia, não exatamente a pegadinha. "Hind limbs"... Ok, limbs eu sabia o que era. E hind para mim era um helicóptero russo. Depois traduzi corretamente, mas... ainda não entendi bem o que assustou o personagem. O bicho era feio, mas fiquei com a sensação de que havia algo nos membros do bicho que tinha que ter me assustado também. Ok... Não se pode assustar a todos. Já o Asimov, fazendo trocadilho de giant ants (formigas gigantes) com giant aunts (tias gigantes) é tão cretino, que você acaba achando mais graça da cara-de-pau do escritor do que da piada em si. E o Asimov realmente adorava um trocadilho cretino. Tenho vários contos dele assim.

Não é um livro marcante. Os contos são bons mas nada de "Cacete! Esse eu nunca vou esquecer!", mas valeu a leitura. Quase todos muito bem escritos e escolhidos; mas vários bem bobinhos ou só passáveis, como o envolvendo George Washington, por exemplo, em que temos toda uma detalhada descrição e ambientação que ocupa 99% do texto de 2 páginas - e então o conto termina em 1 linha. Como eu disse, típico esquema de Além da Imaginação.

Mas sim, até tem alguns que vou depois lembrar com carinho [e não vou lembrar onde eu li]. O The Final Battle, do Harry Harrison, por exemplo, é muito bom. E é aquele tipo de ficção-científica que não tem nada de espaço, nem alienígenas, nem futuro na verdade, só uma rápida e filosófica história sobre a natureza humana, guerra e o avanço tecnológico. Outro conto no estilo, que nem ciência envolve, são só duas pessoas conversando no banco da pracinha, é o Displaced Person, do Eric Frank Russell (um dos meus escritores favoritos), sobre uma revolta fracassada.
Há uma outra história que envolve o Judeu Errante (essa eu adivinhei o final, esta lenda é uma velha conhecida) e uma divertidinha que dá, depois de eu ter achado que já tinha visto de tudo, uma nova razão para a humanidade ser destruída por alienígenas.

E assim vai, contos fracos, contos bons, clássicos do gênero ou alguns que estão ali só pela piada, se revesando e dando um bom passatempo pelo 3 meses que levei lendo. Cautelosamente recomendo se você prefere contos mais clássicos, da Era de Ouro. Mas vai fundo se você quer ter um bom apanhado dos anos 70 e 80 ou está atrás de contos bem curtos para hora de dormir ou rápidas viagens de ônibus ou metrô.