sábado, 31 de agosto de 2013

Imperdoável e Incorruptível

Título original: Irredeemable
/* Deixa eu já cortar aqui os dados técnicos e dizer, Irredimível seria uma tradução muito melhor. Imperdoável quer dizer que você não terá perdão. Mas você não precisa fazer nada depois do que você fez para ser perdoado.
[rezar algumas Ave-Marias talvez, se você for cristão]
Irredimível
quer dizer que você não se redimirá. Para se redimir você precisa fazer algo. Por mais que ninguém vá perdoar o personagem pelo que ele fez também, a troca de títulos muda completamente a mensagem. */
Autor: Mark Waid (de Reino do Amanhã e Miss Hemoglobina)
Editora original: Boom! Studios (dos quadrinhos de Farscape)
Editora no Brasil: Devir (de Sin City e dos livros do Ender)
Edições/páginas: 37+1 / aprox. 840  --  Ano: 2009-2012

Podem ler, é sem spoilers. Pelo menos não descarado. Sei lá.

Pois então, vi outro dia a notícia que isso seria finalmente publicado no Brasil [achei que tinha sido ouvindo o MRG ou no Omelete, mas acabei de achar a notícia no JN, dever ter sido lá então] e resolvi checar a quantas andava o quadrinho.

Esbarrei nele muito tempo atrás, lendo algum outro do Mark Waid, achei a idéia interessante, li os primeiros, e como era uma minissérie, resolvi acompanhar. Na verdade, depois eu fiquei com a impressão de que em lugar nenhum eu li que isso era uma minissérie. Eu acho que concluí isso só porque a capa da primeira revista era "I", a da segunda tinha um "R", depois outro "R", e assim por diante, e meu cérebro racionalizou que a história acabaria quando completasse a palavra. Que tem 12 letras, uma quantidade normal de edições de minisséries, que assim duram 1 ano bonitinho.

Bem, não foi. Eu lembro que parei de ler quando vi que a história estava só se complicando e a "última" edição estava muito perto. Resolvi esperar... Chegou a 12... chegou a 13... a 14... Aí parei de prestar atenção, e de tempos em tempos eu checava se tinha acabado, para ler tudo de uma vez - ou se descobrisse que era mensal e nunca ia terminar, eu também nunca ia ler. Nem notei que não checava isso faz tempo, a revista acabou em MAIO... de 2012!!!

Ok, eu acabo perdendo tempo falando essas inutilidades [mas agora que já digitei... ah, não apago!, digitar é muito chato] Falemos da história.

Se vai mesmo sair em português, daqui a pouco tem gente pesquisando para saber se vale a pena. Resumindo: vale! Mas com ressalvas.

A história, como originalmente vendida, é: e se o Super-Homem ficasse mau.
[Superman é o cacete!]

O que temos é um sujeito, que nada mais é que o Super-Homem com uma roupa diferente e loiro, chamado Plutoniano (lá perto das últimas edições o nome é explicado).

Um certo dia, o cara surta, destrói Metrópolis Sky City, sua cidade "natal", e ninguém é páreo para ele. A primeira coisa que ele fez até foi matar um companheiro de equipe. E a esposa. E as duas crianças. Uma delas bebê. Com raio de calor.

Pois é.

A história segue daí, com os amigos tentando descobrir o que diabos aconteceu, como reverter, ou, se tudo o mais falhar, como pará-lo. Na verdade, nessa hora eles até percebem que o cara nunca foi muito de contar coisas pessoais.

E aí nessa parte, logo na primeira edição, já começa um problema da história. Ela não durou as 12 edições que imaginei, mas com tanto personagem, sub-enredos, etc, acho que 40 edições [já explico essa qtd] foi pouco.

Acho que 60 teria ficado um pouco melhor. Não para esticar o fim, mas para fazer tudo com mais calma desde o começo. Ou doze edições mesmo, estaria de bom tamanho se a história tivesse sido extremamente focada. Todas as 5 ou 6 revistas passadas na "prisão espacial" poderiam ser cortadas, por exemplo.

O que aconteceu é que temos tantos personagens, com várias linhas, rixas, histórias pessoais, planos, até brigas de casal e etc, que muita coisa acabou sendo largada no meio. Ou ficamos curiosos e pronto, nada saiu dali.

Há coisas interessantes. Perto do final um grupo de super-heróis está buscando uma solução alternativa para o problema... Que não dá em nada. Outro herói simplesmente chega e diz "Opa, peraí, vocês não sabiam, mas eu estava bolando outra idéia". E pronto. Páginas e páginas de história "jogadas fora". O leitor acompanhou a outra idéia, estava nas outras páginas. Mas os outros personagens não. Eles não estavam acompanhando a história em forma de gibi.

Achei isso legal, aceitei na boa porque acontece no mundo real. Planos mudam e surpresas acontecem. Eu não quero explicações para tudo. Vi gente reclamando que o passado do "Lex Luthor" deles não foi explicado. Grandes coisa. Tem dois personagens, por exemplo, que usam uma máscara em parte do rosto, estilo Fantasma da Ópera, mas em todos os flashbacks eles não usam. Ó meu deus... Por que será?!?!
Dane-se! Foram anos combatendo o crime, isso deve machucar de vez em quando.
[ATUALIZAÇÃO: parece que na história foi, sim, mostrado a razão das máscaras - ou eu esqueci ou na hora não notei que aquilo era a causa. Mas tudo bem, o exemplo foi para o cacete, mas o princípio da coisa está valendo.]

Pô, imagina o tempo perdido se fossem explicar tudo... Eu lembro que Astro City resumiu toda a Crise nas Infitas Terras em 1 página dupla. E 70% da arte era uma só cena. Isso é coisa de profissional!
No link acima não tem a imagem que eu falei, que era o que eu estava procurando, mas explica +/- a história. Para quem não sabe o que é Astro City, não sabe o que é um quadrinho bom. Eu não lacrimejei como o cara do texto, mas senti um arrepio de emoção bem afeminado, isso eu senti. Putz, dois quadros, um cara de capuz que nem vemos o rosto. E duas frases. Cacete, muito foda. [e a boa notícia é que Astro City voltou!]

Nem preciso ir muito longe, com gibis que vocês não devem ter lido, o próprio Reino do Amanhã, clássico absurdo da DC e do mesmo sujeito, a gente não fica sabendo a origem de cada vilão ou herói do futuro. Estão lá e pronto.
...

Voltando... Mas sim, achei muito mal explicado as transformações que uma vilã mágica sofreu, por exemplo, e nem sei se ela terminou a história viva. Novamente, não temos que saber tudo, mas senti que daquele mato sairia mais cachorro... E foi apenas deixado de lado. O autor disse que a história estava planejada para terminar como terminou, mas que o miolo até lá, não. E muita coisa deu a impressão de que mudou mesmo.

Ex.: 1ª revista; eles estão tentando juntar as peças do passado do Plutoniano; e uma das heroínas diz: "Ele mencionou uma vez uma namorada... uma tal de Ana... Alana..."
Algumas revistas depois vemos que o namoro do cara não era algo para ser lembrando do tipo "uma vez", "uma tal de". O namoro dele saiu em todas as TVs! A mulher virou sensação mundial! "A Lady Di da América" nas palavras do noticiário local e o cacete!
Ela até podia não lembrar o nome da sujeita, mas não ter uma vaga sensação de que ele namorou uma vez e falar isso para os outros como se eles não soubessem.

Ou o cara mudou de idéia sobre como tratar a namorada ""secreta"" no meio do caminho, ou ficou mal explicado. Seria como a Mulher-Maravilha (pré-Novos 52, não sei como está isso hoje) virar pro Batman e perguntar "Acho que o Super namorou uma tal de Lois Lane. Já ouviu falar dela?" e ele responder "Não."

Mais coisas estranhas: os poderes de um outro personagem sofreram DUAS reviravoltas... Na verdade, não sofreram, e aí que ficou duplamente mal explicado. A propósito, o que foi que o telepata leu na mente dele que o assustou tanto, e ainda assustou um dos mocinhos também?

Mas claro, há várias reviravoltas interessantes e muitas idéias legais aqui e ali. Não é algo muito cerebral - o termo reviravolta soa meio dramático demais e parece algo mais grandioso do que é - mas divertiu. Sentei o rabo e li todas as 68 revistas [já explico essa qtd] em 3 dias. [e entre elas eu joguei Civilization V, ô joguinho maldito para te fazer perder a noção do tempo.]

No geral, mesmo não tendo tido grande estima por nenhum personagem, e vários possíveis "furos", a história ficou bem construída. Com vários clichês aqui e ali para ninguém esquecer que ainda é um universo estilo DC/Marvel, com direito a gente empurrando coisas que não deveriam poder ser empurradas e tudo. Ah, mas a revista de quebra "explica" como é que o Super-homem consegue segurar um avião pelo nariz e ele simplesmente não quebrar, já que nenhum avião é construído para ser segurado por ali.

Então... Se você esta lendo isso porque a Devir lançou, em sei lá quantos encadernados, possivelmente custando 49,99 e quer saber se vale a pena? Por esse preço, lembrando que provavelmente serão 4 ou 5 encadernados... Eu não compraria. Estou até hoje no dilema moral de comprar todos os Sin City, por causa do valor. [e ou eu compro todos, ou nenhum]. Mas a história prendeu a atenção, mesmo tendo ficado menos séria do que eu esperava e mesmo sendo muito mais longa do que deveria e, em sendo, ser mais curta do que deveria também.

Ah, e o final? Para quem já leu... Vamos dizer que seja arrogantemente poético por parte do escritor. O personagem imperdoável consegue o seu perdão, mas não das pessoas que ele esperava, e realmente estava complicado imaginar como terminaria a história sem foder com o sujeito ou sem ele ganhar uma estátua e uma tia levando um suco de limão enquanto ele ajudava com a reconstrução do mundo. "Toma aqui meu filho... Matar aquelas 15 milhões de pessoas foi feio, mas está muito calor hoje e pelo menos você está ajudando agora." Não. Qualquer final genérico para o sujeito seria um final ruim. Mas ao mesmo tempo... Mesmo gostando... A minha reação na hora foi "Ah, fala sério!"

Agora, explicando como é que eu li 40 edições de uma revista que durou 37, e não satisfeito, ainda disse que todas juntas somam 68.

A Irredeemable durou 37 edições mas teve também edição especial, com 3 histórias soltas de origens. Duas de personagens da série e uma terceira de outra revista. E há uma história em 4 partes, que 2 delas são na tal outra.
E aí entram as demais 30 das 68: a Incorruptível


Título original: Incorruptible
Edições/páginas: 30 / aprox. 670

No mundo do Plutoniano existe um vilão chamado Dano Máximo (Max Damage, e imagino que não vão traduzir os nomes no Brasil, mas se alguma coisa eu aprendi com Tom Cruise, foi dizer "Dane-se") [nã... mentira, não foi com ele não, mas lembrei disso agora e foi divertido fazer a referência], que, inicialmente, é talvez o único sujeito que consegue ir mano-a-mano com o ex-mocinho (ainda que não tão perigoso quanto o Modeus, o Lex Luthor deles).

Contudo, ele não chega a ser um supervilão, no sentido de que ele não tenta dominar o mundo. Ele é só um ladrão superforte e invulnerável. Mas também não é só um mocinho incompreendido, com amigos ruins, ele é um vilão filho-da-puta mesmo. Que mata inocentes e pronto, e também não vê problema em ajudar outros que o farão em escala ainda maior. E anda por aí com sua peituda parceira menor de idade que usa um colante preto, a Chave-de-Cadeia (Jailbait no original), que não tem poderes. E sim, ele comeu. Mas, talvez, para não ofender a sensibilidade dos leitores, em nada ela parece menor de idade. A única parte em que eu tive um leve "putz" foi na capa alternativa da primeira edição, em que o cara parece muito mais velho (quase 60) e ela parece muito menos (uns 13). A capa é essa. Em todo o resto ele parece ter uns 35 e ela uns 25.

E aí começa nossa história... O Plutoniano surta, destrói uma cidade inteira matando todo mundo... E o Max fica tão bolado, que "surta" no sentido oposto e resolve virar mocinho. Não mata mais, joga fora o dinheiro dos crimes (nem o usa para fazer o bem nem nada, porque aquele dinheiro estava sujo) e até para de comer sua parceira (que reclama repetidas vezes com ele por causa disso) por ela não ter 18 anos ainda.

E aí temos mais 30 revistas no mesmo universo, focando no Max tentando fazer o bem no microcosmos dele, a cidade Coalville, metendo a porrada em alguns antigos companheiros, ajudando pessoas que ele quase matou (umas das personagens do Irredeemable acaba realmente ficando útil nessa revista, ao invés de na outra), contando com a ajuda de um dos poucos policiais que restaram e fazendo alianças estranhas. Mas sempre pensando no bem da cidade e seguindo à risca (tentando pelo menos) seu recém adquirido código moral, até exagerando as vezes.

Algo que me incomodou um pouco foi a troca dos desenhistas. Foram 4 ou 5 ao todo, e isso ia aos poucos tirando o clima. Até a revista 4, por exemplo, parece um quadrinho normal, uma Marvel qualquer, a 5 parece tirado de um episódio de Três Espiãs Demais, e a 6 muda o estilo novamente para algo estilo o antigo desenho do Batman. Você acostuma rápido (exceto pela revista 5, que graças a deus só foi desenhada daquele jeito um vez), mas na Imperdoável os artistas mudavam de forma muito mais suave.

A quantidade de absurda de artistas fica legal nas capas. Muitas capas alternativas. Deu um baita trabalho escolher as das postagem. E de duas, passou para 4, depois para 7. Não resisti. E nem são as melhores, mas queria também variar, para não ficar Plutoniano demais. Se bem que as duas do Incorruptível ficaram parecidas, mas tinha que ter a primeira, claro, e a outra é uma das minhas preferias. Há outras muito boas, mas que na hora de reduzir a imagem ficavam ruim de entender.

Essa revista começou melhor e depois ficou mais confusa, com jeitão de revista mensal, só que sem muito tempo para as histórias serem trabalhadas. Algumas partes beiraram o incompreensível de tão corridas perto do final. E os vilões são mais galhofados também. Mas não é ruim, se você for ler a original, leia essa também. Na pior hipótese, estica a história. E os personagens fazem um rápido crossover mais para frente (ainda que não seja obrigatório ler as partes da história das duas revistas, melhora assim).

É divertida também, principalmente pela relação entre o sujeito e suas parceiras. Podem ler. Eu não vou recomprar traduzida nem encadernada, mas para quem não achar caro e não conhecer, está valendo e recomendo.

ATUALIZAÇÃO: resolvi ver se tinha algum podcast por aí falando da revista. Achei esse abaixo. Já terminei de ouvir e é bem legal. Eles leram a revista na época do lançamento pelo jeito, mas o podcast é de agora, de 2013, então muita coisa eles estão lembrando errado e não é exatamente como eles dizem, mas são detalhes bobos aqui e ali, outras coisas eles notaram que eu nem tinha percebido [foi lá que acabei de ouvir a explicação das máscaras que atualizei mais acima].
ComicPod #110 – Irredeemable
Mas atenção: o programa é spoiler do começo ao fim.
Para quem ficou curioso com as revistas, mas quer spoilers para decidir se lê ou não, fica a sugestão. Parece estranho, mas muito quadrinho, livro ou filme eu só fui ter vontade de ler ou ver depois de saber como a história terminava e, aí sim, eu dava algum crédito para ela e resolvia descobrir como ela chegou até ali. [e digitar isso deu espaço para mais uma capa. rs!! que não é das mais artísticas, mas eu gostei dela - tem o clima da revista e tem a Jailbait]

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Elisabeth Schwarzkopf

Depois de musas de TV, cinema, e video-game, estava na hora de uma musa musical.

E quem é a sujeita? Elisabeth Schwarzkopf foi uma soprano de sucesso entre os anos 40 e 70. Nascida na Prússia, começou a fazer seu nome na Alemanha em plena 2ª Guerra Mundial e logo em seguida na Áustria, onde morreu em 2006. Ela é famosa, vão no Google para mais do que isso.

Bem, ela não é bem uma musa do site porque não sabia nada sobre ela, fora o rosto em 1 única foto (a ao lado) [clique para ver a original] até alguns instantes atrás. Mas está valendo, ela pareceu ser uma mulher interessante até onde li. [e na dúvida sobre se ela era nazista mesmo ou não, eu sempre primeiro confio no que a dama disser, e como ela morreu, eu não vou poder perguntar nada a ela... assunto encerrado]. E eu também não queria criar uma tag nova.

Contudo... Não foi por isso que resolvi que era hora de postar foto de mulher novamente. Falei muitas postagens atrás sobre uma viagem que eu fiz. Estava revendo as fotos [isto é, finalmente arrumando] e passei por uma foto que eu bati de uma outra foto num teatro de Viena (novamente, essa acima; que diga-se de passagem, encontra-se a venda, provavelmente bem menor, claro, a do museu tinha quase 1 metro). Também bati uma foto da plaquinha, dando o nome das duas cantoras e no que elas estavam participando (As Bodas de Fígaro, clique para a gravação da época). A outra é a Christa Ludwig, caso interesse. Tem uma foto melhor dela com a Elisabeth aqui.

Eu bati a foto pelo meu interesse em óperas? Queria dizer que sim, mas não foi não. [apesar de sim, eu apreciar um bom canto lírico] Eu bati só porque achei ela bem bonita. E quando joguei o nome dela no Google agora, mais de 1 ano depois de feita a fotografia, eu descobri o porquê! [e vi que sou um sujeito muito previsível mesmo...]

Então, unindo várias postagens minhas num gigantesco ciclo de falta do que fazer...
Temos a postagem sobre a viagem, a postagem onde elogio a beleza de uma atriz atual, a postagem onde eu digo que vou postar mais musas em P&B das antigas, e a postagem onde eu descubro algo parecido (e uma possível razão subliminar de achar uma outra atriz muito bonita).

Pois então... Descobri que a Elisabeth é a cara da Kirsten Dunst!



E não estou sozinho, porque achei pelo menos 2 sites (esse e esse) com outros achando a mesma coisa. Ok, dois sites em toda a Internet é uma amostragem de merda. E um deles fala isso baseado na mesma foto acima. [além das duas fotos nos links, ela parece também a Dunst na capa deste disco] [adendo: se você for atrás deste disco, de 1965, saiba que ele tem um tom mais dramático do que a gravação de 1953, recomendo esta segunda] Mas pouco me importa os poucos sites. A razão da postagem foi só porque foi divertido perceber a semelhança entre elas.
E foto de mulher bonita sempre enfeita o blog.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Europa Report

Nome original: Europa Report
Duração: 1h29min  --  Ano: 2013  --  Trailer  --  Site Oficial
De: Sebastián Cordero (de Ratos e Rueiros)
Com: Anamaria Marinca (o mais próximo que cheguei de notá-la foi numa ponta de Doctor Who), Michael Nyqvist (de Arn: O Cavaleiro Templário) [bom filme], Daniel Wu (de Tai Chi 0) [putz! vi o trailer desse filme faz muito tempo e depois esqueci de checar se já tinha sido lançado! cliquem no link e vejam o trailer, show de bola!], Embeth Davidtz (de O Homem Bicentenário) [adoro esse filme!], Karolina Wydra (de Rebobine, Por Favor) [gatinha], Sharlto Copley (o ator principal do Distrito 9 e o piloto aloprado do Esquadrão Classe A), Dan Fogler (o gordinho de Fanboys) e Christian Camargo (de algum dos Crepúsculos, mas esse cara entra mudo e sai calado do filme).

Para quem estava sem um filme no estilo para ver desde Lunar... Finalmente um hard SF (uma ficção científica dura, se preferirem) decente. Se vocês gostam do estilo, parem tudo e vejam. Eu espero.
Estava eu no iO9 vendo um link, cliquei em outro parecido, do mesmo autor (acho que autora... não consegui reencontrar a página - droga! - porque agora eu queria finalmente lê-la). Estava lendo o texto e a pessoa falou algo do tipo "... isso posto, deixem-me usar Europa Report como exemplo. Se você não viu o filme, melhor voltar depois." E pronto, como o assunto estava interessante, isso foi o suficiente para me deixar curioso. Vi o trailer que não mostrava nada realmente (isso é bom!) [na verdade, o trailer até te induz numa direção meio errada, que me fez pensar em O Enigma do Horizonte] e cá estou.

Não ia esperar passar no cinema porque...Ah, não vai passar por aqui mesmo. Ainda mais que o filme estreou na internet, oficialmente, e antes! - está no iTunes e num tal de Magnolia On Demand.
Mas é isso, já vi. E vi sem saber nada sobre o filme. Excelente. Algum dia vou radicalizar e só ver filme sem saber nada.

Não tinha noção se o filme seria "todo" zen estilo Lunar, se iria degringolar num estilo Apollo 18, ou se iria mesmo dar uma de Event Horizon.
E não... nada disso. O filme não sofreu do Complexo Sunshine. O filme inteiro é como se fosse 2001 antes do HAL enlouquecer, o Lunar antes da descoberta (e como se ambos não tivessem robôs falantes) ou até mesmo o Alerta Solar antes do "zumbi espacial".

Explicando logo melhor, o filme é totalmente (na medida do possível), realista. Seis astronautas, numa nave, indo visitar Europa, o satélite de Júpiter.
No meio do caminho eles perdem a comunicação e um dos tripulantes, ficam com a séria decisão de continuar com a missão ou voltar - já que dali em diante eles estariam totalmente sós - e resolvem ir em frente. Não teriam como comunicar nada que eventualmente descobrissem, mas tudo bem, eles contam na volta.

A missão: procurar vida nos mares subterrâneos [subgelâneos?] de Europa.

E é isso. Ia escrever que o filme segue o estilo Bruxa de Blair, mas é mentira. Está mais para o Chronicle/Poder sem Limites. Em quase nenhuma cena alguém está falando para a câmera propositalmente. O filme é no esquema "gravações encontradas", mas porque tudo na nave é gravado mesmo. Claro, para não nos perturbar com ângulos esquisitos, a tal nave tem câmeras para tudo que é lado. Então você nem percebe que não tem nenhum cameraman andando ou se mexendo em momento algum - todas as cenas são gravadas de um ponto fixo; exceto quando é a visão da roupa de alguém.
E temos algumas cenas (poucas) com a equipe da Terra, pois o filme é vagamente como se fosse um documentário sobre os rolos que a missão enfrentou. Assumindo, claro, que nada ali fosse classificado como super-secreto e que nunca viria ao público.

O filme segue aquele esquema clássico de já começar no "Deu merda!", aí voltamos no tempo, vemos o princípio de tudo e como era quando tudo era bolinho, aí chegamos no estrume propriamente dito, e continua, mostrando o que aconteceu depois. Com alguns rápidos flashbacks aqui e ali.

Temos bons personagens. Nada muito caricato, mas sim, é a "tripulação ONU", temos um chinês, uma russa, sobrenomes europeus com ar de países diferentes, e uma mulher que tem nome latino e francês de um golpe só; mas, curiosamente, nenhum negro. O politicamente correto deles só foi até um certo ponto. Nada contra, claro, mas irrita quando você tem aquela sensação de que forçaram a barra para agradar a todos (ou não-ofender ninguém, nesse mundo de gente super sensível). [o que me faz lembrar da tripulação da Voyager! ô coisa ridícula tentando ter todas as variedades possíveis e imagináveis de clichês, todos ao mesmo tempo; melhor nem entrar nesse assunto.]

Mas... no mundo real provavelmente seria tanto dinheiro gasto mesmo, que todos os países participantes iriam tentar ter um astronauta deles lá.

Voltando ao assunto. Bem... Voltando ao assunto descubro que não tenho mais nada para dizer. É um filme paradão, mas que te deixa com um bom suspense. Você sabe que dará problema (ou até mesmo, sabe que já deu) e fica esperando para ver como eles acontecerão. Não só isso faz o filme passar rápido, como ele é rápido mesmo, tem 89 minutos - e nem parece que é tão curto.

A história é simples mesmo, é uma missão que teve problemas. Não dá para falar muito. Mas é bom. Bom mesmo! Ignorem o trailer se vocês viram e acharam que seria algum tipo de filme de terror. Até o Omelete chama o filme de 'horror espacial'.

E pensando agora, só consigo pensar em duas reclamações. E só uma delas posso dizer sem dar spoiler.

Eles perderam a comunicação com a Terra. Ok. Mas seria isso mesmo possível?
As Voyagers estão até hoje transmitindo e o rádio delas tem tecnologia de várias décadas. Será que numa nave inteira, peças de alta tecnologia para todos os lados, não teria NADA que alguém pudesse dizer "Ei... se a gente pegar isso, mudar aqui, falar ali e virar na direção da Terra, alguém vai captar!" E o problema nem era tempo: eles ficaram quase 1 ano sem comunicação. [importante: acabei de checar e não é tão simples assim recebermos o sinal da Voyager não. Mas dane-se! eles estão no futuro!]

Agora... Só uma dica. Quem não é nerd não vai entender. E quem é, eu não vou querer estragar o filme justo para meus "colegas de vocação". Mas não posso deixar de citar. Na hora que deu o estalo eu queria ter me virado para uma eventual namorada nerd ao meu lado, sacudido ela pelo ombros e gritado: AHA! Arthur Clarke. 2010. Chineses! [daí ela arregalaria os olhos em reconhecimento, abriria um belo sorriso e diria "Tem razão!"] [e depois ela brigaria comigo, pois depois de terminar o filme já estou aqui faz três horas blogando e lendo sobre ele] Não explica nada para quem não leu o livro, mas a inspiração pareceu bem clara.
Todavia, em nada tira o mérito do filme.

Terminando... Algumas resenhas.
A maioria em inglês, que em bom portuga não achei quase nenhuma ainda.

Europa Report... 
io9... is a space opera that gets it right. [* comentário nerd mais abaixo]
Momentum Saga... é um prato cheio para quem curte uma ficção científica plausível.
Space
: ... is a beautiful and terrifying movie.
Screen Rant: ... does manage to present a pretty good indie movie experience.
(mas foi a resenha que menos gostou. Pô, compara o filme ao Sunshine, justamente o oposto do que eu disse, rs!)
Variety: ... is a reasonably plausible and impressively controlled achievement.

[* = eles estão usando o termo Space Opera de forma errada, hein!]

E agora é torcer para ser lançado em cinema por aqui. Mas se Yamato não foi [estou devendo essa resenha até hoje], Firefly só passou em Mostras e até Scott Pilgrim penou... Todos com muito mais apelo... Um pseudo-documentário científico não deve ter lá grande chance. Com sorte algum distribuidor é enganado pelo trailer e lança achando que é um Atividade Paranormal no Espaço.


ATUALIZAÇÃO EM JUNHO/2014: acabei de descobrir que o filme ganhou um título nacional depois. Putz... É muita ofensa à inteligência alheia (ou preguiça de bolar algo diferente legal). Custava apenas ser "O Relatório Europa"? Mas nããããoooo.... O filme ganhou o detestável nome de "Viagem à Lua de Júpiter". [eu nunca o chamarei assim outra vez, está aqui só para quem procurar por este título no Google]
Putz, seria como chamar o Lunar de "Trabalhando no espaço", Alien, o 8º Passageiro de "Bicho solto na nave espacial" ou, porque não?, 2001, Uma Odisséia no Espaço de "Viagem à Órbita de Júpiter". Muito, muito ruim!