sexta-feira, 27 de abril de 2012

Espelho, Espelho Meu

Nome original: Mirror, Mirror [bons tempos]
Duração: 1h46min  --  Ano: 2012  --  Trailer [obs: sim, é bem bobo, mas o trailer faz parecer muito pior do que é]
Diretor: Tarsem Singh (futuramente em Samurai Jack [!?]).
Baseado em conto dos Irmaõs Grimm.
Com: Lily Collins (de Phil Collins) [cacete! acabei de me tocar... era a menina de Padre!! quando fiz a resenha desse eu nem me dei ao trabalho de colocar o nome dela...vejam só! ficou famosa!]), Julia Roberts (de Flores de Aço [foi o filme mais desconhecido dela que consegui pensar]), Armie Hammer (de A Rede Social), Nathan Lane (um sujeito que você conhece e reconhecerá, mas olhando no IMDb vai perceber que não lembra dele em lugar nenhum! Um baita paradoxo!), Mare Winningham (mesmo caso, putz! ela esteve até em Torchwood, e eu não lembro dela), Michael Lerner (mesmo caso de novo), vários anões (um deles a cara do The Rock) e uma rápida participação do Sean Bean (Boromir!).

A história: num mundo que enfrenta fome, dívida pública e medo constante, uma rainha enfrenta dificuldades em ser mãe solteira de sua ente... Ah, fala sério se alguém acha que eu vou realmente resumir a história da Branca de Neve. Qualquer um sabe do que se trata. Pode ver o trailer acima ou o outro que está resolvido, você saberá as principais modificações e nada sobra para se explicar.

Bem, vamos ao filme. É bobo e divertido, e será uma típica Sessão da Tarde de época de férias escolares ou Dia das Crianças. E é simples assim. O filme é tão carnavalesco e abobalhado (a ponto de termos dentes brilhando a la comercial do Bond Boca e coraçõezinhos voando em volta da cabeça) que o 'espelho mágico' ficou até meio deslocado ali. Talvez para dar um contraste mais maligno, mas cabanas bizarras, num lago esquisito, e a Julia Roberts com cara de estátua de cera incompleta, ficaram, digamos, "assustadores demais" para o filme. Mas ainda assim, até essas cenas eram bobas. Basta notar o o senso de humor do espelho e a 'bola' de cristal que ficava junto. Então não veja o filme esperando nada além disso: diversão acéfala para crianças. E sem piadas para os pais. [no máximo as olhadas da rainha]

Há momentos em que abusaram da bobeira até, como quando o puxa-saco vira uma barata. Ou a cena em que tentam quebrar o feitiço do príncipe, literalmente, na porrada. Ou, muito pior que tudo isso junto, o feitiço em si. O filme podia ter exagerado um pouco menos nas piadas Os 3 Patetas, e ter ficado um pouco mais no estilo que foi a seqüência dela aprendendo a ser uma ladra.
Mas tudo perdoável. Os atores foram bem escalados. A Collins (que parece uma cruza da Audrey Hepburn e a Sandy) [no filme ela parece mais a primeira, mas no Google Imagens eu pensei direto na segunda também] começa o filme meio estranha, o sobrancelhão até me deu um susto, mas ao longo do filme, em que na teoria ela deveria ficar mais acabada, longe do castelo, até que ela ficou bem mais fofa. Proposital, talvez? Para ficar como um afloramento da sujeita? Não sei. De repente foi só eu que me acostumei com a cara dela aos poucos. A Julia Roberts é sempre uma graça. Gosto dela em comédias. E o Príncipe tinha o nível correto de canastrice para um papel desses.

Por falar nos personagens, o ajudante do príncipe não mostrou a que veio. Ficou esquisito: ele foi completamente inutilizado no meio do filme ("Vá buscar meu exército!") e não reapareceu. Podia pelo menos ter tido 5 segundos de cena no final ("Cheguei com o exército, meu príncipe. Ainda precisa?"). O punhal também parecia que teria algum significado, mas era só um punhal.

E por falar em mudanças no roteiro... Pô, eles perderam a chance de deixar o "monstro" vivo e usá-lo como gancho para fazer um Chapeuzinho Vermelho no mesmo universo. Acompanhem: o bicho tinha cara de lobo e no filme a Branca já tinha usado um vestilo amarelo estilo Chapeuzinho... eles podiam colocar uma cena pós-créditos dela e do marido soltando um "Ok, nos livramos da rainha má, mas ainda tem um monstro a solta" aí ela abre o armário, com vários vestidos iguais àquele, de várias cores... e puxa o vermelho! Se quisermos forçar um pouco mais, o príncipe podia estar com um machado no ombro!

Putz, já estou até pensando na trilogia. No terceiro a Julia Roberts volta e consegue envenenar a Collins... E pronto, temos também A Bela Adormecida. [e já tenho até a solução para ela não ficar de fora, dormindo durante o filme inteiro. Advogados da Disney, procurem-me para fecharmos negócio!]

Por falar em fim do filme... Produtoras... na próxima vez... é pra legendar a canção! Uma coisa é a porcaria de música dos créditos, geralmente ruim e feita só para concorrer ao Oscar (e que deveriam ser substituídas por esta). Outra é uma música que é cena do filme, que fala do enredo do filme, com os personagens do filme, cantada pela protagonista ainda encarnada como personagem do filme. Ok, foi no final, mas não foi uma mera droga de música dos créditos. Era para estar legendado.

E nada a ver com nada, mas mais alguém pensou no castelo de Agrabah vendo o do filme? É algo que eu veria... O Aladim da Disney em carne e osso (ou, como se diz em português moderno, em live-action). A Jasmine é a minha princesa Disney preferida. [momento camufla isso, hein!] E era gatinha. Só tinham era que colocar uma atriz árabe desconhecida no papel, para não ficar muito bizarro. O Aladim pode ser qualquer ator galã da vez. Na verdade, tentando bolar uma imagem mental agora, se esse link for uma boa representação, talvez uma atriz indiana ficasse mais parecida com a da Disney do que uma árabe.

Opinião final: Snow White and the Huntsman (trailer 1) se ferrou. A tentativa de pegada modernizada com a sem-gracinha do Crepúsculo não vai barrar essa sessão-da-tarde... Não vai mesmo. Os efeitos são muito bons (trailer 2) e eu devo gostar e me divertir mas... se fornicou legal.
E ainda mais depois dos fiascos de A Garota da Capa Vermelha e A Fera, esse papo de 'atualizar a história' vai ter que se esforçar muito para dar certo e tirar a má impressão.

Se bem que isso é só comigo, parece que ninguém gostou muito do filme:
Cinema Com Rapadura: Uma maçã bem indigesta
Adoro Cinema: 'apuro visual (...) sem uma história que consiga acompanhá-lo'
Screen Rant: eles na verdade gostaram, reclamações só parecidas com as minhas.
Omelete: 'desprovido de senso de perigo, de carisma, de graça, e de relevância'.

E dois clipes musicais no tema para vocês:
A música do filme, quase uma cena de Bollywood: I Believe in Love (Mirror Mirror Mix)
(e com legendas!)  [obs: essa música tem uma história interessante por trás até]
E outra que eu gosto faz muito tempo, mas só hoje vi o clip: Rammstein - Sonne

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Para passar o tempo (no Tumblr)

Na última vez que fiz uma postagem com esse título, eram tirinhas e ilusões de ótica. Hoje será algo mais artístico. Cheguei no primeiro site abaixo por acidente, procurando o cartaz do The Legend of Korra no Google Imagens. E nem foi nada da Korra que eu cliquei... Lá no meio apareceu a fotinha abaixo... não deu para resistir! [além de ruivas, tenho um problema com olhos puxados...] Os outros vieram no embalo.

[clique para ampliar.] Concept Art
Uma coletânea de imagens fantásticas, selecionadas pela tal Jinkyeong Han ao lado (estudante de desenho ou algo assim, não pesquisei a fundo). Há coisas não artísticas no bolo, ela é fã de Avatar e outros animes, mas são a minoria. [não que eu esteja reclamando]
concept-art.tumblr.com/archive

E não custa nada linkar também o Devianart dela. Há bem menos imagens já que lá são imagens feitas por ela, mas pelo menos dá para ver mais fotos da rapariga. [gatinha!]
kimchipanda.deviantart.com

Art for Adults

Outra coletânea, fonte de várias das melhores imagens selecionadas pela Jin acima. Não se preocupe com o nome, não é gente pelada.
artforadults.tumblr.com/archive

E indo para os sites de origem das imagens nas páginas acima, você vai caindo para outros tumblrs, e quando olhar para o relógio, passaram-se 2 horas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Korra's Quantum Boogaloo

Não. Eu não estou velho demais para ver desenhos. Isso posto, vamos ao que interessa. Fiquei sabendo, meio que por acaso, que finalmente lançaram a continução do Avatar: The Last Airbender. Já não era sem tempo, nem lembro quanto tempo faz desde que vi o trailer. (eu acho que o trailer que eu vi não foi esse... mas não tenho certeza)

The Legend of Korra se passa 70 anos depois. Gira em torno da nova Avatar, uma dobradora de água chamada Korra, que após treinar Água, Terra e Fogo, vai treinar Ar e o seu lado espiritual junto do único Mestre do Ar, o filho do Aang com a Katara, na capital da república.

Mas é isso, os 2 primeiros episódios foram lançados oficialmente (não pirateados) na Internet. Acabei de assistir. Claro, só vou dizer se a série presta daqui a 26 episódios (quando acabar), mas vamos as impressões e comentários iniciais: eles vivem num tipo de Anos 20 que me lembrou um pouco o filme d'A Bússola Dourada. Um visual antiquado mas ligeiramente retrofuturista. Sei lá, eu teria gostado mais da história um pouco menos tecnológica. Eles não têm computadores nem nada, mas já têm motos e energia elétrica, por ex. E que talvez tivessem sido um pouco mais criativos na construção da cidade - o lugar nada mais é que Nova Iorque. Com direito à Ponte do Brooklin, Central Park e a Estátua da Liberdade.

Reclamações colocadas... foi um ótimo começo de série. A cena inicial, da Korra ainda fedelha mandando um "vocês vão ter que me engolir", foi muito boa. Acompanharia de qualquer jeito, mas sendo bom, melhor ainda. Só espero que eles não percam muito tempo fazendo enredos com quadrib... sei lá o nome daquele jogo. E há bastante humor, mesmo os personagens sendo adolescentes ao invés de crianças.

A história será fixa na cidade capital, sem a viagem (literal) que foi a série original. Mas torço para eles abrirem exceções aqui e ali. Seria legal ver como ficou o resto do planeta. A Terra do Fogo num ambiente mais tecnológico, por ex., seria interessante de ver, já que era o lugar mais avançado nesse aspecto na primeira série.

Agora é torcer. foram só 2 episodios. Tem muita coisa pela frente ainda. Thundercats teve bons episódios, mas não está indo por um bom caminho, será bom acompanhar algo que realmente valha a pena, ao invés de por mera nostalgia.

E agora, para algo completamente diferente...

Como já comentei em outras postagens, assisto Phineas & Ferb. Quero nem saber que já passei da idade. E também adoro histórias de viagens no tempo. Não deu para deixar passar quando soube que existia o episódio Phineas and Ferb's Quantum Boogaloo, com direito a paradoxos temporais e a Candance adulta. E agora que já vi, não dava para não recomendar rapidamente. Em português o episódio ficou com o nome de A Máquina do Tempo, é o 14º ou 15º da 2ª temporada. Está no Youtube em inglês, mas não vou linkar porque possivelmente não devia estar lá. Sei que já teve viagem no tempo na série, mas esse episódio foi muito bom. Tinha que falar algo dele.
Na pior hipótese, o episódio inteiro vale pela cena do "Or Ferb." Ri várias vezes revendo. [é, eu sei... mas lembrem, eu tenho uma teoria].
Muito bom.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Mundo Fantástico de H. P. Lovecraft

De: Howard Phillips Lovecraft, org. por Denílson Ricci
Ano livro / contos: 2012 / 1925 (média)
Páginas: aprox. 440
Editora: Clock Tower

Estava para indicar isso faz mais tempo...
Mas há coisas que só o feriadão faz por você.
Sou fã dos livros do Lovecraft, seu estilo extremamente adjetivado, por mais estranho que parece, não só não cansa, como te coloca no clima a ponto do escritor te fazer ficar tenso meramente descrevendo as árvores. [caso real, no conto A Cor Que Caiu do Céu]. OBS: se você não clicou, pode clicar agora no link ao alto. Não comprei tudo dele que existe em português, porque não sou colecionador nem nada. Tenho todos os livros da Iluminuras, 2 mais antigos (um deles com a famosa e infame capa das lagostas aladas) e um da LP&M (o conto do Dexter Ward, que não está em nenhum dos anteriores).
Até da vontade... A Hedra está lançando vários com capas bem legais. (destaques para O Chamado de Cthulhu e a do Horror de Dunwich), mas não ganhei na Megasena ainda. E um ou outro conto que não saiu em português li em inglês mesmo via internet.

Mas ficando no português, era para eu estar mais que satisfeito, tendo até mais de uma tradução de vários contos para poder comparar. Não fiquei comparando, que loucura tem limite, mas não resisti a bater alguns trechos com o inglês... Pelo menos na época e nos trechos que olhei, o meu veredicto foi que a tradução da Iluminuras estava mais correta, mas a da Francisco Alves era mais dramática. No final, empate.

De qualquer jeito, não resisti ao saber do livro abaixo. Até lembro que na época que resolvi ler tudo do HPL de uma vez por todas, eu esbarrei no site. Mas não lembro se eles já anunciavam o livro. Não teria comprado o livro na época de qualquer jeito, pois não existia ainda. Mas está para sair finalmente. Então é hora de correrem, porque possivelmente será chance única.

O livro é um esforço quase que individual, com divulgação praticamente nula, e sem nenhum apoio de uma grande editora por trás. Sim, é amador, mas feito com grande carinho e parece que sairá algo porreta.

Mas como depende de pré-venda e o sujeito já está sofrendo para conseguir o mínimo ideal de 300 exemplares encomendados, não esperem por uma 2ª edição revista e ampliada. É comprar agora para receber em uns 6 meses e depois, nunca mais. Comprem logo dois, que assim vocês vendem o outro como edição de colecionador.

Vejam por esse aspecto... Quem quiser ler quase tudo do Lovecraft, terá que comprar os 7 livros da Iluminuras [ou então os da Hedra, que nem sabia que eram tantos até hoje] e gastar aproximadamente R$ 230. E não terá tudo. Já vai se ferrar mesmo, gasta logo R$ 300 comprando o do Denilson também, que é R$ 66 com o envio. E tem alguns dos contos só encontráveis nos antigos da Francisco Alves e alguns que nunca foram traduzidos. Além de cartas e outras coisas.

Até abri minha planilha agora, para ver se seria possível não comprar algum da Iluminuras, mas não. Você tem que comprar isso tudo acima e ainda vai faltar alguma coisa. [obs: não sei como isso fica em relação à Hedra, só hoje descobri que ela também tem 7 livros.]
Leitura recomendada: HP Lovecraft em Língua Portuguesa, de Marcello Simão Branco

Mas é isso, ia só colar o texto do cara e acabei viajando por vários parágrafos.
Segue o texto oficial, para ajudar na divulgação:

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H.P. Lovecraft foi um famoso escritor de contos de terror que viveu no início do Século XX. Suas obras foram traduzidas para diversas línguas e transformadas em peças teatrais, filmes, seriados e jogos, além de ser fonte de inspiração para artistas.

Há 8 anos o website www.sitelovecraft.com divulga as obras no Brasil com seriedade. Embora se tenha livros do autor já traduzidos (suas obras são de domínio público), há 2 anos um grupo de amigos freqüentadores do site estão num projeto de um livro próprio de ótima qualidade e melhor em todos os aspectos com relação a qualquer outro já lançado no Brasil.
Contos inéditos e outros clássicos selecionados com novas traduções e notas explicativas que darão uma releitura, mesmo para os que já conheçem seus escritos de terror psicológico. Fotos, longa biografia do
autor, fino acabamento e tudo o mais.

Convido vocês a conhecer o site e as 444 paginas desta fantástica obra 'O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft'. Aqueles que adquirirem a primeira edição terão seus nomes registrados nas páginas de agradecimento, se assim desejarem.

Navegue pelo http://www.sitelovecraft.com para maiores informações!

Um grande abraço a todos,
Denílson
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OBS: no site também tem links de Youtube, Facebook, Twitter para quem preferir, tem até o email dele - e ele responde numa boa.

E quem chegou até aqui e se interessou, e quer repassar para os amigos uma recomendação um pouco mais sucinta do que essa minha zona acima ou o link deles direto, segue post do Mundo Tentacular ou CthulhuWho1's Blog (em inglês, se quiser impressionar um pouco mais).

domingo, 22 de abril de 2012

Mistérios, de Isaac Asimov

Título original: Asimov's Mysteries
De: Isaac Asimov
Ano da edição / de publicação / média: 1970 / 1968 / 1957*
(* média do ano de publicação dos 13 contos do livro)
Páginas: 206
Editora: Expressão e Cultura
Tradução: Maria Célia Bandeira

Que coisa. Não vou resenhar o livro não. Devo tê-lo lido, ao todo, em menos de 1 hora. Descobri que a maioria dos contos nele eu já lera em outras coletâneas. Alguns eu reconhecia logo de cara, outros eu começa a ler e... de repente baixava o espírito de Sherlock em mim e eu desvendava o mistério com apenas meia pista! Aha! Ou eu sou um gênio... ou é porque eu já sabia o final. Infelizmente devo ficar com a 2ª opção.

Não sei se colocar tantas histórias de mistério juntas é uma boa idéia. Talvez para um novo leitor do Asimov, algo mais variado, como "O Futuro Começou" por exemplo, seja mais interessante. Mas mesmo tendo relido algumas das histórias, eu não vou resenhar o livro justamente porque não conseguiria avaliar, sem estar lendo pela primeira vez 80% do dito cujo, o meu nível de divertimento com ele.

Mas Asimov é sempre váido. Os contos que sobraram não foram tempo perdido. E elogios para a edição pelas notas de rodapé mencionando os trocadilhos, coisa bem presente nos contos de mistério do Asimov - já vi muito livro com trocadilhos em inglês, que teriam deixado o texto mais interessante, mas nenhuma menção é feita ao fato.

Esse foi até o mal de uma das histórias (não as notas, os trocadilhos), pois uma delas, um micro-conto na verdade (mal chegou em 1 página e meia), a frase final, o punchline que te faria entender a decisão do juiz e sorrir com a sagacidade marota do escritor... nada acontece, porque era um trocadilho intraduzível. Devidamente explicado pela nota de rodapé. Mas aí não dava mais para rir e ou ter a surpresa. Até mesmo se eu tivesse lido em inglês e entendido o trocadilho sozinho, não é a mesma coisa que ser um nativo que usa a expressão no dia a dia. Se é, até, que ainda seja usada - o conto é dos anos 50.

Toscamente exemplificando, é como se ao final de um hipotético conto brasileiro, do final dos anos 60, o detetive falasse "Já sei: o testamento está escondido na lareira! Porque é onde a brasa mora!". Isso talvez fosse divertido para um leitor da época. [um testamento é um documento legal, e algo legal era brasa, mora?] [Putz... eu vou para o mesmo inferno dos trocadilhos infames em que está o Isaac] [êêê! vou pedir um autógrafo!]. Talvez fosse compreensível para um leitor atual, que assistiu Anos Rebeldes ou Bambolê na TV Globo. [se bem que a garotada de hoje nem isso deve ter visto.] Mas para um estrangeiro, que por ventura tenha conhecimento histórico e lingüístico nacional suficientes, ele pode até entender a referência e a semântica causadora da graça no jogo de palavras. Mas, cacete, não rirá.

E paro por aqui. Para uma não-resenha, isto está ficando longo. Um bom Asimov. Só talvez não recomendado como primeira leitura. A vantagem de ler tantos contos de mistério do Bom Doutor de uma vez só é que agora não esqueço mais o nome Wendell Urth. Virou um personagem marcante do autor na minha cabeça. Quase uma Dra. Calvin.

Ah, e uma reclamação da edição nacional. Não há o conto A Pedra Falante, presente no original em inglês.

OBS: taí, gostei desse site... O Guia Estraga-Surpresas para Asimov, do Jenkin. Resumos rápidos e sarcásticos sobre os contos, com nota para cada um e duas notas para o livro como um todo: do ponto de vista de um fã de Asimov, e uma nota do que seria do ponto de vista do público alvo. (entenda-as ao final da página inicial).

terça-feira, 17 de abril de 2012

A Toda Prova

E não é que dessa vez o cartaz está certo? Para tudo que é canto [até eu] gente colocando "À Toda Prova" com acento grave (vulgo "crase"). Mas não é para ter mesmo não!

Nome original: Haywire
Duração: 1h33min  --  Ano: 2011  --  Trailer
De: Steven Soderbergh (Solaris) e Lem Dobbs.
Com: Gina Carano (de C&C: Red Alert 3) [eu tentei colocar alguma cena dela no jogo... mas na verdade, não lembro de nenhuma. Só dela em pé com sniper em punho e fazendo cara de má. Acho que ela aparece mais nos erros de gravação do que no jogo inteiro. é divertido ver o quanto parece que ela está se sentindo completamente deslocada. quase constrangida. Mas se esbaldando pelo menos. rs!], Ewan McGregor (o Obi-Wan Kenobi, irreconhecível para quem só lembra dele de barba), Channing Tatum (o pai), Michael Angarano (o inútil, que serve só para o filme não ser exatamente um flashback), Antonio Banderas (o Zorro), Michael Douglas e Michael Fassbender (o Magneto jovem).

Ok, é um filme legal, a Gina é uma graça, e torço para ela acabe mesmo sendo escolhida como uma futura Mulher-Maravilha no cinema. Eu pensei nisso quando vi o trailer: ela é bonita, corpão, tem um misto de estilo clássico com feições fortes, os músculos são de verdade, e você acreditaria nela batendo... porque é o que ela faz pra viver! E ela se parece com a MM dos quadrinhos!
A Linda Carter era linda, mas aquilo era a MM dos anos 50! O seriado de 2011 eu nem considero a existência. E Megan Fox... Como pensaram faz algum tempo? Deus me livre. O diabo da mulher é uma amazona! Que treinou luta a vida inteira! Semi-deusa! Que enfia a porrada nos vilões do Super-Homem! Você não pode colocar uma magrelinha como a MM... No mínimo os peitões têm que ser proporcionais ao corpo e não parecer que foram colocados ali depois. Antigamente, minha opção preferida era a Monica Belucci até. E parece que de lá (do trailer) pra cá, muito gente começou a pensar a mesma coisa, até no filme fazem uma referência rápida a isso. É torcer.

Voltando ao filme... Ele é legal, mas putz... Eu não era o público alvo. Isso pareceu um filme de matinê dos anos 80... E a trilha sonora?! Se a idéia foi fazer uma homenagem à época. Meus parabéns, funcionou. Mas... Eu não era o público alvo naquela época, continuo não sendo agora.
O filme é praticamente um blaxploitation, mas sem os mano 'blax'!! [Jesus Negão...]
Entre a Gina Carano e um Laurence Fishburne (o Morpheus), por ex., claro, sou mais ela. Mas ainda assim... O resgate em Barcelona, no começo do filme, com cortes malucos, cenas em P&B, anos 70 foda!
Novamente, meus parabéns para o Soderbergh em sua homenagem... Se foi a intenção, ele conseguiu! Mas o meu limite de referências aos anos 70 vai até um nível Kill Bill de ser, ou se chutarem logo o balde como o link anterior.

Outra coisa... Ok, é sempre bacana ver um rosto conhecido interpretando seus estereótipos, mas saca quando colocam o estagiário para fazer uma apresentação para os diretores. E ele sabe que todos em volta sabem tudo que será dito melhor do que ele, e você na platéia, sentindo pena do rapaz? Foi como pareceu a Gina no filme.
Para o filme que é, em que ela basicamente precisa ser fofa e meter a porrada (e ela consegue ambos com maestria) tá ótimo... Mas tinha horas que parecia um show do Michel Teló em que chamaram os Traveling Wilburys como a banda! P*rra! Empurra a loirinha deslumbrada para fora do palco e deixem o show começar!
Claro, isso é uma, digamos, "opinião técnica" minha... Porque não sou grade fã do Douglas, do Fassbender e da maioria dos famosos que apareceram ali. Se bem que outro no lugar do Banderas não teria o mesmo impacto. Mas tinha hora que ficava estranho ver a novata, no meio dos cachorros grandes, e ELA era a estrela.

Se a Gina Carano quer começar a ser atriz e mudar de ramo, eu dou todo o meu apoio. [para os deslocados... joguem o nome dela no Youtube. Amostra grátis aqui.], e já sendo famosa antes do filme, e ainda sendo escolhida por esse diretor agora (que não sou fã, mas o cara é um dos que metem respeito), isso deve ajudar a conseguir outros papéis... Mas nesse agora... Ela não estará na lista do Oscar. O que na verdade atrapalha a minha idéia dela ser a Mulher-Maravilha no cinema...É que a Carano tem duas expressões o filme inteiro: sorrindo e séria. Já a MM tem mais profundidade do que isso. [lendo a história certa, claro]

Mas é isso, talvez imperdível para a antiga platéia da Sessão Kickboxer da Bandeirantes. Possivelmente interessante para fãs de MMA. E passatempo não desgradável para o resto da humanidade, desde que vá sabendo que é a velha história do "Armaram pra cima de mim... Agora vou bater em todos até limpar o meu nome." Um lixo divertido.

E como sempre, para vocês não ficarem sem uma resenha que preste...
Segue resenha dos outros:
Cine Login (não conhecia esse site, fui parar aí porque foi de onde roubei o cartaz)
Screen Rant (curiosamente, adorando o filme) (na verdade, achei isso bizarro... a crítica parece que tem gostado!! mas hein!?!)
Omelete (o mundo está esquisito... O Screen Rant gostando e o Omelete, que é bonzinho com todos, reclamando)
E o Cinema com Rapadura.

domingo, 15 de abril de 2012

Zomblog: The Final Entry

Pois é... Ao que tudo indica o nome do livro (The Final Entry) não era pegadinha. [All good things...]
Não há muito o que se falar. Podem ler meus comentários sobre o 1º e o 2º Zomblogs na postagem anterior. Após se recuperar dos ferimentos ao final do 2º livro, o protagonista parte em direção à Las Vegas.

Autor: T.W. Brown  --  Páginas: 210  --  Ano: 2011
Editora: May December Publications

A história nesse livro novamente abrange um período de 1 ano. E como se passa principalmente no deserto, a quantidade de zumbis e gangs à lá Mad Max novamente diminui [bem... Mad Max era no deserto... ah, dane-se!], já a quantidade de bolsões de humanidade aumenta bastante. Mas ainda tem zumbis suficientes para divertir. E o estilo ainda é o mesmo dos 2 primeiros. Continua bom. É mais do mesmo? Claro! Mas era exatamente o que eu queria.

De ruim mesmo, só que terminou. Pô, o escritor tem outra série de zumbis que terão cerca de 12 livros. Ele não podia revesar com essa, de repente? 7 pra cada?
Bem, agora é esperar o próximo Day By Day Armageddon e ler o que mais eu tiver de zumbi, para ver se no meio eu descubro algum outro estilo ou escritor interessante. [e provavelmente comprar a outra série deste.]

Mas fora isso, o livro tem seus pontos ruins. Um deles foi a revisão. Putz, eu não falo inglês nativo nem nada, e achei erro atrás de erro. Alguns de digitação, letras fora de ordem que até o revisor do Word acharia (como se eu tivesse escrito "wrod" ao invés de "word", por exemplo) e outros de pura desatenção mesmo (teve uma hora que eu esbarrei num "here"(aqui) ao invés de "hear"(ouvir)). E isso foi pelo livro inteiro. Uma das críticas na Amazon falou que os erros aumentaram a medida que o livro avançou... Ainda bem que meu inglês não é nativo. Se os erros que vi me incomodaram, imagine se eu tivesse visto muito mais!

Piadinhas sexuais também aumentaram no livro. Ok, pessoas fazem piadinhas sexuais e com partes de seus corpos. Mas era uma quebra de clima num livro sem humor.
Outra coisa, que eu não lembro bem como estava no 2º (no 1º nem tanto, que zumbi ainda era novidade), é que achei os personagens bem descuidados. Ok, é outra coisa natural, o ser humano fica mais relapso. E o protagonista estava mesmo um pouco mais arrogante, achando que sempre ia se safar, mas sei lá... Não lembro agora de todas, mas achei que várias das mortes no livro teriam sido evitadas - não por mim, que teria virado almoço de zumbi logo de cara, mas pelos próprios personagens.

Uma coisa que não sei se foi proposital, para um possível spin-off, mas muita coisa fica em aberto. Tem uma hora que um dos personagens pede licença e volta 2 dias depois coberto de sangue. Quando o questionam ele basicamente manda um "Se mete nisso não!" e fica por isso mesmo. Em outro momento vemos ao longe humanos carregando manequins pelo deserto. E fica por isso mesmo também. Na verdade, eu até gosto destas faltas de explicação. Como a história é toda pelo ponto de vista do protagonista, e ele não pode saber tudo sobre tudo, nós também não podemos. Não é uma reclamação então, mas achei interessante ressaltar.

Ah, outra coisa, é que várias vezes pelo livro parecia que o escritor queria evitar fãs chatos dizendo "ei, isso não ia funcionar", e aí o escritor faz o próprio personagem ficar pensando "não sei como isso acontece, mas está aqui, e está acontecendo... " que é pra evitar qualquer reclamação de falta de realismo.
Eu até entendo a posição dele. Se você faz um morto andar, tem mais é que esquecer esse papo de realismo. Mas era melhor seguir em frente e pronto. Ok... em boa parte das histórias de zumbi uma tática comum é ir para um lugar com neve, para eles congelarem. E nesse livro eles não congelam! [em Dead Snow também não. E as roupas ao invés de apodrecerem, ficam mais brancas e limpas]
Ok! Eu estou tranquilo com isso. O que chateava era o cara fazer o personagem pensar nisso. Mais de uma vez. Ora sobre neve. Ora sobre eles não ressecarem até pó no deserto. Ora sobre eles não apodrecerem.

É até possível que num "caso real", depois de ver tanto filme de zumbi, se eu escrevesse um diário para as gerações futuras, eu gostaria de frisar no que nós fomos "enganados". Mas isso é forçar a barra para justificar. Na hora, lendo o livro, a única coisa que eu pensei foi que o autor estava querendo mandar um aviso de "eu sei, no filme que você viu não foi assim, mas no meu livro é!" Muito provavelmente o autor não teve essa intenção, mas na hora pareceu e incomodou. Então pronto.

Mas é isso. É um bom livro. Ainda no mesmo esquema de diário dos anteriores. Com uma capa melhor que o segundo livro, apesar de não ter entendido bem a escolha (os lobos aparecem rapidamente e sem grande utilidade no meio do livro). Se você gosta de zumbis, é uma leitura agradável e rasteira. Comecei na manhã de quarta e terminei agora. E demorei isso tudo porque só o lia no ônibus ou antes de dormir. E sem pressa. [tanto no ônibus como eu casa, as vezes eu preferia dar ênfase à parte de dormir].

Para terminar, algumas resenhas dos outros:

OBS e rápido spoiler: eu nunca falo do protagonista por um bom motivo. Nem o sexo eu dou. Como lendo abaixo vocês entenderão porque, vou logo dizendo: o cara que começa o 1º livro morre! Daí em diante a história muda para para uma mulher. Pronto. Entreguei.

The Zed Word (resenha do 1º livro)
Nicole Storey's Chaotic Thoughts (do 3º)
The ZombiePhiles (e resenha dos 3 livros da série e mais alguns)

Só um comentário final: porque ninguém gosta da Meredith? Será que minha queda por ruivas me fez fazer vista grossa? Eu não a achei tão detestável assim como a maioria das resenhas pinta. Ok, fez merdas evitáveis e não é boa praça como o cara que morreu... Mas não é a escrota que dizem.

E agora estou lendo Asimov. Nada como o Bom Doutor para desopilar um pouco o drama e a correria dos últimos livros.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Morte da Terra

Pois é, falei na postagem anterior que leria algo mais moderno, mas quiseram as circunstâncias que meu livro seguinte tivesse que ser de bolso e que eu teria poucos por perto para escolha. E o que foi que me pareceu interessante... um livro de 1910!

Título original: La Mort de la Terre
Autor: J.H. Rosny aîné (Joseph Henri Honoré Boex, belga)
[e alguém me explique porque pela internet o "J.H." costuma ser "J.-H."? Para quê o hífen?! Deve ter algum motivo, mas não descobri nem entendi.]
Editora: Livros do Brasil  --  Ano livro / história: 1959 / 1910
Páginas: umas 110 de história mais minibiografia.
Acabamento: normal para um livro de bolso, mas os da Coleção Argonauta costumam ser mais resistentes que o comum, e este não faz feio. O livrinho tem mais de 50 anos e as páginas estão firmes e fortes! Meus netos o lerão ainda. Em compensação tem muito livrinho de bolso dos anos 70/80 por aí já pedindo arrego...

Mas vamos lá... De cara, apesar da mesma época, o livro não tem nada a ver com o estilo da série marciana do Burroughs. Nada de machão irresistível salvando o mundo. [eu falo assim, mas eu gosto dos livros do John Carter...], na verdade, me lembrou um pouco o de outro francês, o Quinzinzinzili de Régis Messac [com um sobrenome desses, esse cara teria sofrido no meu colégio...], que envolve a morte da maior parte da raça humana e uns poucos sobreviventes. OBS: este também existe em português, com o nome de A Invenção do Mundo.
Nunca ouvira falar do escritor até pegar o livro para ler (assumo, eu comprei pelo título e pelo preço) mas, ao que parece, o cara é um gênio esquecido. Este link diz que ele é o principal escritor de FC em francês após o bom e velho Júlio Verne. Não sei, mas fiquei curioso de ler mais coisa dele.

O que temos é uma história pós-apocalíptica onde, após muitas dezenas de milênios, a água é o bem mais precioso que a humanidade tem. E não é naquele sentido Tank Girl, o filme, realmente... não tem mais. Após milênios de terremotos, engolindo cidades e criando fissuras na terra para onde a água foi e não voltou mais, sobraram escassas comunidades, com poucos milhares de habitantes, que vivem em volta dos poucos poços conhecidos e com leis rígidas para conservação da água.
Num dado momento do livro, por ex., uma das comunidades perde um dos seus reservatórios e é declarada, no mesmo instante, com anuência de todos na mais absoluta tranquilidade, a eutanásia de 90% da população. Numa situação ligeiramente menos dramática no início do livro, uma cidade perde seu poço após um terremoto e se prepara para mandar refugiados para as cidades vizinhas. Não só esta população imigrante passa a estar proibida de se reproduzir, como a cidade receptora define 15 anos de racionamento e o veto a reprodução interna - para que a população possa pouco a pouco baixar até números mais administráveis dada a quantidade de água disponível.

O escritor não explica bem esse sumiço da água. Não sei se por falta de conhecimento geológico dele, se existe a mais vaga possibilidade [falta de conhecimento geológico meu, apesar de não achar possível] ou se foi só uma liberdade criativa, para poder ter a história. Só falo logo que é para vocês não se preocuparem com isso. É detalhe.

O que importa é que temos pouca água. E temos passarinhos inteligentes. Sim!! Parece que a medida que todos os seres do planeta morreram, os pássaros ficaram mais espertos. Vai entender...
Mas não se preocupem, eles mal aparecem e não falam nem nada.
E além terremotos, pacíficos e sedentos figurantes de Mad Max, planadores à lá John Carter, e passarinhos espertos, o escritor completa a população do futuro com os Ferromagnéticos. O que são eles: não consegui montar uma boa imagem mental não... Quando criança vocês já pegaram um imã e passaram por um local cheio de pó metálico e depois ficaram brincando com aquilo, criando formas? [não?! que absurdo... eu já.] Pois foi assim que os imaginei, montinhos de poeira metálica disformes. Alguns mais altinhos, outros planos, e alguns mais avançados pareciam aqueles cupinzeiros africanos (mas não tão altos, metro e meio no máximo); mas não tenho idéia se os imaginei corretamente. Mas não expliquei o que são eles: são uma forma de vida mineral que vem pouco a pouco surgindo sobre o planeta. Eles se alimentam de ferro e são perigosos para as pessoas por destruírem sua hemoglobina, mas movem-se tão vagarosamente (metros por dia) que na maioria dos casos são facilmente enxotados (ou destruídos, não ficou claro). Mas que você não me durma à céu aberto, fora das cercas protetoras das vilas!
Ai, ai, ai, hein!

Num dado momento da história o escritor tenta explicar a organização (?) social (?) desses seres. Não entendi. E não fez falta entender. Numa outra parte mais interessante ele explica um pouco da desgraça que aconteceu na Terra nos últimos 100 mil anos.

Voltando a história principal... A trama gira em torno de um sujeito de uma das vilas, enviado para avaliar a situação de uma outra, que sofreu o terremoto do começo do livro que falei acima. É um sujeito um pouco irrequieto, que lamenta a falta de espírito de aventura da humanidade alquebrada de então. E isso o leva a uma descoberta que pode ajudar a vila em necessidade. Mas não se engane, é um livro triste. Lembrem-se: já falei que somos poucos, em volta da pouca água, que some fácil, e se te mandarem para lista da eutanásia, você vai sem reclamar. Você tem que estar num mundo MUITO deprê para tudo isso ser considerado normal. Só não confunda isso com ser dramático, você não chorará com nenhuma cena horrível. É apenas triste.
Mas é um livro legal. Você fica com vontade de saber o que acontece em seguida. São capítulos curtos com nomes sugestivos, e ninguém fica filosofando sobre a natureza humana a beira do fim nem nada.
Se bem que o personagem principal tem o hábito de falar sozinho...

Ah, só um aviso que me causou confusão no começo, o que o cara chama de "planetário" tem esse nome por ser um sistema de comunicação de grande alcance. Não tem relação com aquele lugar onde você senta e assiste projeção do céu...

Acho que é isso. Terminei de ler a pouco, mas se escrever mais eu resumo o livro todo. Que já é bem curto. Devo tê-lo lido em pouco mais de 2 horas ao todo.

E vi que estou bem acompanhado... Achei outra resenha em português, por ninguém menos que o Miguel Carqueija (brinde: e-book gratuito de "A Face Oculta da Galáxia" no fim da página no link anterior). E tem uma entrevista interessante dele aqui.
E o link da resenha: E por falar em fim do mundo...

E uma resenha em inglês, do Washigton Post. Coincidentemente, de menos de 1 semana atrás. E não é bem deste livro, é de um que reúne 3 histórias do Rosny, mas A Morte da Terra é uma delas. Three Science Fiction Novellas: From Prehistory to the End of Mankind [e o misterioso hífen está lá...]
E permitam-me roubar logo uma frase dele, pro caso de vocês ficarem com preguiça:
« I was unprepared for the power and beauty of “The Xipehuz,” “Another World” and “The Death of the Earth.” There’s nothing hokey or dated about these startling visions of Otherness, although they were first published more than a century ago. You won’t read better science-fiction stories — or even better stories — this year. »  Michael Dirda, crítico literário ganhador do Pulitzer.

domingo, 8 de abril de 2012

The Warlord of Mars

Pronto, terminei a "trilogia" inicial (aspas porque na época, ninguém tinha essa mania por trilogias, mas os 3 primeiros livros mais ou menos fizeram uma).

A boa notícia é que diminuiu bastante a 'porrada + fuga + porrada + fuga' do segundo livro. E somos apresentados agora aos orientais de Marte marcianos amarelos. E não, EU não estou fazendo piadinha com a cor, quem parece que fez foi o escritor. Ah, qualé... Amarelos, com espadas em forma de gancho, de barba. Ok, o cara não falou nada de olhos puxados, e nesse site aqui eles parecem piratas, mas não teve como... ainda mais depois deles usarem espadas-gancho e pequenos escudos redondos. Li o livro imaginando-os com uma moda puxada para cavaleiros mongóis e barbas triangulares - e alguns até com olhos puxados.

A história. Bem, não contarei aqui como termina o 2º, mas "O Comandante de Marte" (título nacional, em breve pela Aleph) começa exatamente onde esse parou. Bem, quase, passaram-se 6 meses. Mas parece que tudo que o Burroughs escreve para o Carter leva semanas ou meses... Teve uma passagem no livro em que o cara fica procurando o caminho num rio numa caverna. Ele se perdeu um pouco... Normal. Mas levou DIAS procurando o caminho. Curiosamente, quando ele acha o caminho certo, o pessoal que ele queria pegar - que não teve o problema de se perder, tinha acabado de chegar no local também. Esse exagero do escritor, de tudo levar semanas ou meses incomoda um pouco. Mas estou divagando por um detalhe sem grande importância.

Ok, a história continua onde o outro parou - com o Carter precisando salvar a esposa (e a Thuvia, amiga do 2º livro e título do 4º) - mas eis que, ela é raptada novamente. Como o 2º e 3º livros são praticamente 1 livro só quebrado em 2, vou logo dizendo: seqüestrada pelos mesmos caras que a seqüestraram no 2º, ou seja, é o mesmo sequestro ainda na prática. O Carter não consegue salvá-la de cara e precisa ir atrás da esposa, primeiro seguindo os malfeitores até uma outra grande cidade do povo vermelho, no meio de uma floresta com insetos gigantes (onde ele por acaso esbarra e fica amigo do pai da Thuvia), e depois até aos reinos escondidos no pólo norte, moradia dos povos amarelos.

No final tudo termina bem. E o Carter finalmente beija a esposa depois de 22 anos tentando (20 anos entre o 1º e 2º livro, 1 ano no 2º, 6 meses entre o 2º e 3º, e imagino que mais uns 6 meses no 3º). E o filho dele arranja uma namorada.
Infelizmente os marcianos verdes quase não aparecem. E nos livros seguintes aparecerão menos ainda. Pena.

No final, foi um livro melhor que o 2º. Menos cenários impressionantes e personagens novos. E os marcianos amarelos nem foram tão desenvolvidos assim, acabando sendo vilões meio genéricos, mas o excesso de luta e fuga do 2º realmente estava incomodando. Se você passar pelo segundo pensando em não chegar no 3º, pode dar uma chance. Melhora.

Mas agora vou dar uma parada. Vou ler alguma FC mais recente, ou fantasia, ou talvez até um livro sério. É que o enredo do 4º livro envolve o filho do Carter e a Thuvia... adivinhem? Sendo seqüestrada! Ai, ai... Essas mulheres de Marte precisam de guarda-costas urgentemente. E olha que a Thuvia é mais safa que a Dejah. Se eu ler os 11 livros em fila vou terminar me chateando.

E só para terminar, links com capas. Um com a arte limpa das da Del Rey (bizarramente divertidas, daí minha preferência por elas) e outro, com estas e muitas mais.

John Carter of Mars Covers by Michael Whelan
Mars book covers: Science Fiction & Fantasy

Clique no marcador John Carter abaixo para resenhas dos demais livros da série.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Fúria de Titãs 2

Nome original: Wrath of the Titans
[Aha! depois de décadas, o título nacional passa a estar corretamente traduzido.]
Duração: 1h39min  --  Ano: 2012  --  Teaser
[mas por mais que eu goste de todas as versões de Sweet Dreams, o Teaser do 1º filme é muito melhor... Um escorpião gigante batendo no chão no rítmo da música é uma das melhores cenas de trailers da história.] [a música é "The Bird and the Worm" do The Used]
De: Jonathan Liebesman (de A Batalha de LA)
Com: Sam Worthington (o mocinho de Avatar), Liam Neeson (A Lista de Schindler e Krull),  Ralph Fiennes (Lorde Voldemort), Édgar Ramírez, Toby Kebbell e Rosamund Pike (uma loirinha genérica que você reconhecerá de outros filmes que você não lembra).

A história: 10 anos depois do 1º filme os deuses estão perdendo poder porque a galera não os venera mais (achei isso legal, me lembrou Deuses Americanos, do Gaiman) e alguns bichos gigantes estão escapando do Tártaro. Aí Zeus, Poseidon e Ares vão lá para ver qualé, a convite de Hades. Poseidon se ferra [coitado, o Percy ficou orfão!], Ares é um safado e Zeus vira prisioneiro. Tudo parte de um plano maligno para Cronos (pai de Zeus e aprisionado por este mesmo) escapar da prisão e destruir o mundo.
E aí o Perseu, que não queria nada com esse rolo todo, resolve que não tem jeito, terá que ajudar - mas só porque ele não quer que nada de mal aconteça ao filho que ele teve com Io, a lua do Júpiter. (nem tente encaixar nada no filme com a mitologia real, é o maior samba do Olimpo doido. Io era para ser, sei lá, bitetravó do Perseu...) Ah, e o Bubo faz uma ponta novamente.

É isso. O filme mal tem história mesmo. Vá ver pelos efeitos e monstros que é uma excelente Sessão-da-Tarde. Não tem nenhum escorpião gigante, mas tudo bem.

Isso posto, algo me incomodou: a montagem.
Sei lá, algumas cenas trocavam de forma abrupta demais, a ponto de eu ter que parar 2 segundos para entender o que aconteceu. Uma típica seqüência normal seria "cara de espanto" + "ferrou, vou ter que atacar" + "cena atacando". No filme há uma parte em que vemos a cara de espanto da mulher, e na seguinte ela está correndo no meio dos soldado. Mas troca de um close para uma cena distante. Ficou estranho. Putz, pelo menos 2 segundos a mais de cena, com ela gritando e pegando impulso ao invés de já mostrá-la correndo, teria des-esquisitado a cena.
Num outro momento um cara é pego numa armadilha, e aí é puxado pra longe. Na hora eu não entendi. Achei que era outra armadilha. E a cena seguinte mudou o tom, me deixando bolado por um instante. Outro caso: o Agenor faz a maior pose quando pega o tridente pela primeira vez, aí mostra o barco parado e de repente eles estão numa ilha. Eu fiquei com a impressão de que cortaram alguma cena de viagem ali. Sei lá, podia não ser nada como eu imaginei na hora (ondas gigantes erguendo-se e os levando para longe), mas eles foram "teletransportados" sem nem mesmo um "Plim!". Putz, até a Ilha de Lost pelo menos fez o famoso GLUP! Por um breve instante, quando apareceu a ilha, eu pensei que eles AINDA iriam viajar, que a ilha era de onde eles acabaram de sair.

Sim, quem viu e não teve essas leseiras todas vai pensar "Pô, esse cara é burro". Pô, sou não. E sei que se somar tudo isso acima mal dá 10 segundos de filme, então obviamente não o desmerece. Mas que foram besteiras de montagem, ah, foram... eu, do alto de minha não-formação em Cinema, defini!

Mas fora isso, há cenas muito boas. Achei que o 3D podia ter sido um pouco mais usado. Logo no começo do filme, por exemplo, há uma cena com corpos chovendo dos céus... e ela parece totalmente 2D, nenhum morto foi atirado da tela!

A cena dos 2 deuses saindo da cabana ao final e resolvendo "vamos botar pra quebrar uma última vez". Excelente. Eu aceitaria uma prequel só com isso de premissa. Façam um "Rise of the Titans" mostrando os 3 irmãos lutando contra Cronos que eu pago novamente para ver um filme sem nenhuma história. Feliz.
Edição: e não sou o único, a resenha do Ain't it Cool News sugere a mesma coisa.
Ah, e claro, com a coruja mecânica fazendo aparição novamente. A presença dela agora é obrigatória nas continuações.

Outra cena legal foi o cara tomando um "cascudo" do Pégaso. Pessoal tem gostado de colocar cascudo em filme. Também teve um no John Carter.

E dúvidas babacas: cadê a Atena? Ela está na lista de atores. Cortaram a cena?
E como a Coruja foi parar lá? Ela apareceu no 1º filme e estava num caixote (?) do vestiário (?) dos argonautas (?).

E por falar em bicho, que m*rda de Minotauro ridículo foi aquele? Putz, com tanto monstro bem feito... até no 1ª filme... E aí eles me pegam um cosplay do diabão do A Lenda?

No geral, foi um filme bem mais "épico" (notem as aspas) que o primeiro, que tentou ser mais fiel ao filme original, mas soou bem mais galhofa que este. E há um pouco de humor também. Sempre bem-vindo.

Ah, e alguém me explica aí o que foi que o Agenor navegou? Achei que era alguma menção à algum ato fenomenal do Agenor-mitológico "real", mas nada encontrei sobre ele ter navegado coisa alguma. Ok, estão ferrando completamente com os mitos originais (pelo menos agora o Perseu terminou com a mocinha correta), mas o maluco insistiu tanto no filme "Eu sou o navegador", "você deve ter ouvido falar de quando naveguei", "navegador isso e aquilo"... Achei que alguma referência à algo havia.

Bem, é isso, como sempre eu levo uma eternidade escrevendo cada post (teve desde pesquisa de raças de corujas até pesquisar o que são verbos transobjetivos), então termino aqui.
Resenha dos outros pra vocês:

Noticias de Novo Hamburgo: que achou pior que o 1º e adorou o labirinto.
Gone With The Twins: que compara à Papai Noel e achou o labirinto ridículo.
Cinema com Rapadura: que acha melhor que o 1º, mas que isso não é grande coisa.
Screen Rant: que acha o mesmo, e achou o Minotauro ridículo também.