quinta-feira, 26 de maio de 2011

Os Agentes do Destino

Título original: The Adjustment Bureau
De: George Nolfi -- Duração: 1h46min
Ano: 2011 -- Trailer (em português de Portugal)
Com: Matt Damon (de I'm Fucking Matt Damon) e Emily Blunt (de Trabalho Sujo).
Baseado no conto: Adjustment Team, de Philip K. Dick

Não sou muito velho. Nem cresci nos Estados Unidos nos anos 50. Então não assisti ao Além da Imaginação (Twilight Zone) em sua era de ouro. Mas assisti muito coisa nas reprises noturnas da Globo. Até um outro também, Suspense, do Hitchcock, mas este não vem ao caso agora.

Não vi tantos episódios quanto eu gostaria, mas alguns eu nunca esqueci. Um que ficou marcado foi o de um casal que acordou alguns minutos no futuro. Vocês sabem o que são os Langoliers, do Stephen King? Ok, não sabem. [alguns de vocês sim, mas na média... E seriam eles a inspiração dos Lango-Lango?] Pois bem, voltemos, o casal encontrou o inverso.

Eles acordaram num mundo que estava terminando de ser construído. As coisas estavam sendo colocadas onde elas estariam no futuro, antes das pessoas chegarem lá (quando o futuro seria o presente). Dois carros que se envolveriam num acidente estavam sendo quebrados à marretadas, por ex., porque naquele instante do futuro eles estariam naquele estado.

E quem fazia tudo isso eram pessoas azuis, sem rosto, coordenadas por um cara (com rosto) e vestido de branco. Ele explicou para o casal que eles acordaram no futuro e que eles estavam justamente fazendo o que eu já expliquei, usando um trem como analogia. Cada minuto é um vagão. E enquanto as pessoas estão vivendo no presente, no vagão 10, por exemplo, eles estão no vagão 15 colocando tudo nos lugares para quando as pessoas chegarem no vagão 15, estar tudo lá, e eles estarão fazendo o mesmo nos vagões a frente; e as vezes, quando você procura por algo, não acha, e depois acha no mesmo lugar que você tem certeza que já tinha olhado, é porque nessa "construção do futuro", algum dos peões esqueceu de colocar a coisa ali, mas lembrou quando construiu o minuto seguinte.

Mas então... O filme não tem nada a ver com viagem no tempo. Nem pessoas azuis sem rosto. Mas contar isso explica um pouco do porque gostei do filme. Eu tenho jurisprudência em gostar do tema "pessoas por trás dos panos fazendo o mundo ser como ele é".

A história do filme: sujeito conhece garota, se apaixona, e corre atrás. Mas... Não era o destino deles ficarem juntos. Mesmo! E aí uns sujeitos com cara de FBI dos anos 50 resolvem ajustar os acontecimentos de forma que eles voltem a acontecer como deveriam ter acontecido. Seriam, digamos, ahãm... preparem-se... AGENTES... DO DESTINO! UAU! Vocês não viram essa chegando.

A verdade é que dessa vez eu gostei do título nacional. Brega, mas encaixa como uma luva. E soa melhor que "O Departamento de Ajuste" (título original).

Voltando ao resumo do filme, o problema é que o cara não vai deixar barato. Ele quer ficar com a garota, e aí é correria pra todos os lados. Falar mais começa a estragar um pouco. O trailer já mostra bastante coisa.

E logo no começo do filme há uma cena onde o mocinho deveria ter derramado café na camisa, mas o agente encarregado marcou bobeira. O resultado é que ele (o mocinho) chega ao trabalho antes do que devia e... quando entra no prédio... Todo mundo congelado no tempo! Aí ele entra na sala de reunião e tem gente... acertando o lugar!, como se estivessem arrumando (essa cena está no trailer até). Não vou colocar a GIF animada do Scanners novamente não, mas minha cabeça explodiu de novo (e olha que eu não uso muito essa expressão). Lembrei logo do episódio que descrevi acima. O filme dali em diante mostrou não ter nada a ver com o Além da Imaginação, mas achei muito maneiro. Naquele ponto o filme caiu nas minha graças. A verdade é que eu costumo gostar dos filmes do Matt Damon - que eu sempre confundo o nome com o Ben Affleck e a cara com o Mark Wahlberg; mas tudo bem.

Daí até o final são correrias, conversas fofinhas (a mocinha é uma graça e os diálogos com ela são bons), passamos a conhecer um pouco mais os agentes (ainda que não sirva para entender nada), e mais correria.
Sobre os agentes até... Nem classifico o filme como ficção-científica, até onde é "explicado" eles poderiam muito bem ser gnomos. Ou melhor, leprechauns, o que explicaria a coisa por chapéus. De quase FC no filme só a animação nos livros.

Agora avancemos até cerca de 1h40min... o final!

ALERTA DE SPOILER: (deste filme, do O Pagamento e do O Homem Duplo)


Alguém aí lembra de O Pagamento, de 2003? Achei bem legal. Mas eu li o conto antes de ver o filme. E vi que não tinha nada a ver. Pegaram a idéia da coisa e só. O final do conto é muito mais sacana que o do filme, em que o cara ganha na mega-sena e vive feliz para sempre com a Uma Turman. Não li tudo do PKD mas li bastante coisa para ele ter ficado na minha cabeça como o cara das reviravoltas.
Na minha cabeça os contos dele terminam de 2 formas:
1) personagem se fode bonito (neste aspecto, O Homem Duplo, com Keanu Reeves, é mais "PKDickiano")
2) personagem até se dá bem, mas de alguma forma sacana. (como foi o final do conto do Pagamento)

E como é que acaba o Agentes? Final fofinho! Felizes para sempre!
E o cara ainda recebe um tapinha nas costas no estilo "Muito bem, era só pra ver se você estava prestando atenção." Mas que po... Car... Hein? WTF!

Ok... Eu sou do tipo que vou no cinema pra me divertir. E pronto. Gosto de finais felizes. Então fiquei feliz pelo cara. Queria eu ter ficado com a flexível bailarina de sotaque sexy. E ainda ter uma amigo alien/anjo/Silence ou seja lá o que eles eram.

Mas putz! Philip K. Dick! Eu esperava um final ruim ou uma surpresa.
Até entendo o ponto de vista do Cinema com Rapadura sobre o final, na resenha deles. Faz sentido. Mas putz... PKD!

Comentei com uma amiga e ela disse "Ah, mas é porque é de um conto do Dick do começo da carreira dele". Bem... Não tenho esse conhecimento todo para identificar as fases do cara. E antes de terminar esse post lerei o conto. Mas poucas vezes eu os leio depois dos filmes, então queria aproveitar e deixar minhas impressões ainda 'virgens' sobre o assunto.


FIM DOS SPOILERS!

É aquele dilema... É impossível ter 100% da diversão. Vi Watchmen e Os Substitutos (só para dar outro exemplo) depois de ter lido os quadrinhos. Então nunca vou saber como seria ver o filme sem essa base (ou seja: basicamente sabendo tudo que ia acontecer). Teria que ter uma forma de esquecer do outro. Assistir. Aí relembrar. E comparar as duas "Primeiras Impressões". Não dá. Pena.

Então tento sempre ler antes... Geralmente o conto/quadrinho/livro são melhores. Dica: esqueçam o filme da Angelina Jolie com a Lã-Mágica-da-Morte e a Pulsação-Cardíaca-Ninja e todo aquele papo de "farei do mundo um lugar melhor como papai queria" e leiam PROCURADO. Já saiu no Brasil pela Mythos em 3 edições. Quem é fã de quadrinhos de super-heróis provavelmente terá uma agradável surpresa.

Mas já que não li o conto antes... Leio agora.


/* 20 minutos depois... */


PRONTO. LI. Comentários finais: Aha! Está lá! O final sacana! Nem tanto como eu lembrava do estilo dele e tudo termina bem, mas o final teve lá sua graça e uma leve supresinha (mais uma lembrança na verdade) e o nosso herói solta um "Ufa. Foi por pouco."

Lendo o conto deu para ver que se inspiraram bem vagamente só outra vez. Pegaram só a idéia principal de gente por trás dos panos, destino, e fizeram algo em cima. Mas pelo menos nunca chegam no absurdo que foi a "adaptação" de Eu Robô, cuja única semalhança com o livro do Asimov foi a presença de robôs.

Voltando ao conto, leia você também, online aqui:
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Adjustment_Team.djvu
ou http://rapidshare.com/files/452161022/Adjustment_Team.pdf
(obs: não leiam pelo PDF da PDFCast.org, estão faltando 2 páginas)
E não, não é pirataria, pois o conto já está em domínio público.

E só fechando a postatem, sei que qualquer um de vocês consegue ir sozinho no Wikipedia e consultar, mas como eu mesmo vivo esquecendo quais são os filmes baseados nos contos de ficção do PKDick, segue a listagem:

■ Blade Runner / O Caçador de Andróides (1982) - baseado no livro "Do Androids Dream of Electric Sheep?", saiu em portugês pela Rocco, com o nome "O Caçador de Andróides".
■ Total Recall / O Vingador do Futuro (1990) - baseado no conto "We Can Remember It for You Wholesale". Conto presente no mesmo livro que o Minority Report.
■ Screamers / Assassinos Cibernéticos (1995) - baseado no conto "Second Variety" (legalzinho, serve para passar o tempo na falta de filme melhor). Leia o conto online aqui ou no livro abaixo.
■ Minority Report / A Nova Lei (2002) - baseado no conto de mesmo nome, saiu em português pela Record com o mesmo nome, reunindo vários outros contos.
Impostor (2002) - baseado no conto de mesmo nome, também presente no livro acima.
■ Paycheck / O Pagamento (2003) - baseado no conto de mesmo nome. Saiu também pela Record (outro livro, com mais contos).
■ A Scanner Darkly / O Homem Duplo (2006) - baseado no livro de mesmo nome. Também saiu aqui pela Rocco.
■ Next / O Vidente (2007) - baseado no conto "The Golden Man". Esse eu não lembro se temos em português.

E baseados no PKD também, estão para sair: O Rei dos Elfos, UBIK, O Homem que Virou Ninguém, Radio Free Albemuth, O Homem do Castelo Alto e uma nova versão do Vingador do Futuro.

[Atualização 13/Jun]: só agora me deu o estalo que não tentei descobrir qual era o episódio do Além da Imaginação. Foi até bem fácil: « twilight zone blue people » no Google. É o A Matter of Minutes (Postcards from the zone e Wikipedia). Legal que o Wikipedia também cita os Langoliers e ainda diz o conto correto que serviu de base. Mais um para eu ler. E descobri que o cara não estava de branco. Era de amarelo.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dia da Toalha

Um mês com uma conexão pior que a discada [e para piorar, sem modens PCI para o micro velho e o novo nem aceita isso mais], seguido de um mês praticamente sem internet alguma. Daí quase não postar nada. Mas já que a Velox deu uma canja... tenho 10 minutos antes da meia-noite... dá tempo ainda... 

FELIZ DIA DA TOALHA, GALERA!

[E se você não sabe do que eu estou falando e está com dúvidas, eu ajudo. A resposta é 42.]

terça-feira, 24 de maio de 2011

Portal 2

Curto! Ok, não se mata num susto só, mas eu não forcei os neurônios. Com 6 GB de tamanho, achei que ficaria jogando isso por várias semanas ainda. Dezenas e dezenas de fases, cada vez mais difíceis.
Levei 3 dias.

E fazendo outras coisas, nada de ficar 14 horas em frente ao micro... Instalei num sábado a noite, joguei no domingo e terminei no sábado seguinte (e não joguei de 2ª à 6ª) [e ainda faço curso sábado toda a manhã]. Muito bom. Claro. Gostei. Mas... Curto! E nas fases que eu demorava um pouco mais, era desatenção. Tentava resolver o quebra-cabeça sem todas as peças. Aí olhava pra cima e "cacete... que falta de atenção. não vi aquilo. agora ficou óbvio o que fazer!"

Aí você dirá que isso é parte do quebra cabeça... Errr... Uns 10%, talvez. Quebra-cabeça quebra a cabeça quando você tem tudo em mãos e ainda assim fica bolado. Mas repito: não estou reclamando do jogo, é muito bom. Vindo do cara que jogou todas as versões de Luxor mais de uma vez cada uma, eu também não sou de exigir variedade.

De qualquer jeito, o humor ainda está lá e bem legal. A robôzinha indo pro incinerador (salvem-na)... a batata... muito bons! A musiquinha final é boa, mas sou mais a primeira. "Maybe Black Mesa? Haha, fat chance." Ainda é muito maneiro. Mas o coro dos robôs ficou ótimo também.

Senti falta também daquelas bolinhas de energia. Mas só por bobeira minha. E senti falta de mais salas escondidas com pixações nas paredes. Acho que só vi 1 ou 2 neste jogo. Se bem que o problema é que agora elas estão bem mais escondidas. Há alguns easter eggs no jogo que só fui ver no Youtube depois.

Algo que me incomodou na hora mas, novamente, coisa minha, é que num dado momento você vai parar nas instalações antigas do local, tudo com um ambiente anos 50... Aí não só me veio aquela sensação injusta com o jogo de "mais um querendo ir no embalo Bioshock/Fallout com esse visual" como foi só neste momento que eu notei a semelhança entre as palavras Aperture e Rapture. Isso me incomodou uns bons minutos.

É isso. Nota 10, mas curto. Pena, mas é a verdade. Diversão de primeira, mas... já comentei que achei curto?

Leitura recomendada:
Musiquinha do primeiro: Still Alive (não é o vídeo ao final do jogo. que é este, mas não dá para ler)
O que é Portal 2 e porque você deveria se importar?: Metagamer (em inglês)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Padre

Título original: Priest
De: Scott Charles Stewart e Cory Goodman
Duração: 1h27min  --  Ano: 2011  --  Trailer

Com: Paul Bettany (mais conhecido como o albino do Código Da Vinci), um outro carinha como o Xerife, uma menina da Nickelodeon como a donzela em perigo (filha do Phil Collins), Maggie Q (a oriental que o Bruce Willis mata no Duro de Matar 4) e Karl Urban (o novo Dr. McCoy). Christopher Plummer também. Ah, e a Mädchen Amick (só uma ponta, mas não a via desde Twin Peaks, tinha que comentar).

Baseado vagamente nos quadrinhos coreanos de mesmo nome, de Hyung Min-woo (não li o quadrinho ainda, mas rapidamente no Google deu a entender que o cara morreu e voltou, tipo um Spawn da vida, e luta contra anjos e demônio, não vampiros).

Resumo: após séculos de luta contra vampiros (que não brilham), a situação finalmente estancou faz poucos anos. O que sobrou da humanidade vive em cidades isoladas (algumas mega-cidades tipo Juiz Dredd, outras nem tanto) e o que sobrou dos vampiros vive em reservas (prisões). [não entendi isso... depois de milhares de anos se matando, porque no final não exterminar de vez? não sou um cara maligno, mas no contexto do filme ficou sem sentido] No decorrer das guerras quem acabou conseguindo montar o melhor exército foi a Igreja, e o governo de então é uma teocracia opressora e o protagonista é uma espécie de padre-ninja super-matador de vampiros. [que, sem sentido também, foi forçado a se aposentar e ir lavar pratos. pô, se acabaram os vampiros... colocava o cara na força policial... ou pra rezar missa!]
Passado 1 minuto de filme já sabemos do óbvio, que os vampiros estão voltando a ativa. E o Bispo (?) se recusa a acreditar e não dá bola para o fato [sem sentido algum também, ainda mais que é nos momentos de crise que a Igreja mais consegue poder, seria benéfico para ele se aproveitar].
Só resta ao nosso protagonista, excomungado e praticamente sozinho, eliminar todo um exército de chupa-cabras.

Ou seja, é no futuro, mas com cowboys, um padre ninja, algum tipo de 1984 religioso, e vampiros no deserto: é um Firefly x Equilibrium x Vampiros de John Carter x O Monge a Prova de Balas.

Eu não ligo de ver filme descerebrado, e geralmente ainda curto o barato. Mas este filme é tão acéfalo que eu esqueci que o vi - só lembrei de postar sobre ele porque uma amiga foi ver também. E como vivo atrasando os meus posts, dessa vez não vou divagar muito. Vou só roubar opinião dos outros. Vou começar a política de pra cada postagem grande, fazer uma curta. E a do Agentes do Destino, que eu vi depois mas escrevi antes, já ficou longa o suficiente.

Só tenho um último comentário sobre o filme... Pelamordedeus... Por favor... parem de usar a frase "A guerra não acabou, está apenas começando". Sei lá... quando o cara diz "A guerra acabou!" o outro podia responder "Ela nunca terminou." (gosto dessa opção) ou "Para você!" ou "Fale isso para eles quando vierem se alimentar de suas entranhas e beber seu sangue"... qualquer tosqueira clichê destas é menos clichê do que "está apenas começando." Parem. Apenas parem. Deixem essa frase descansar.

Ah, e bem legal a animação no começo. Veria aquele desenho feliz. Tinha um quê de Samurai Jack. [PS: eu sou demais! escrevi isso antes notar numa das resenhas abaixo o link para o video, e descobrir que a animação foi mesmo do Genndy Tartakovsky]

É isso aí. Hora de linkar!

Resenhas em português:
Alma de Cinema: www.almadecinema.com./resenhas/24-horror/67-padre
Miss Carbono: misscarbono.blogspot.com/2011/05/resenha-do-filme-padre.html
Estou sem criatividade: estou-sem.blogspot.com/2011/05/filme-padre-em-3d.html
Cinema com Rapadura: cinemacomrapadura.com.br/filmes/2703/padre-2011/

Resenhas em inglês:
Screen Rant: screenrant.com/priest-reviews-benk-115221/
FEARnet: www.fearnet.com/news/reviews/b22586_priest_movie_review.html
Rotten Tomatoes: www.rottentomatoes.com/m/10009274-priest/
Moviez Adda: www.moviezadda.com/priest-movie-review-a-mediocre-vampire-movie.html

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Zomblogs (e outros livros de zumbi)

Miôôôôôôôôloooo!!!!

Muito bom. Adoro zumbis. Vampiro e Lobisomem hoje em dia ficam fazendo charme, brilham no sol e tudo. [bons tempos em que ao sol... vampiro... MORRIA!]. Zumbi não tem disso. História de zumbi (quase) nunca tem zumbi como protagonista (divertida exceção é o zumbi apaixonado: em inglês e traduzido). É a história de gente que se fudeu, num mundo fudido, e que só vai se fuder mais. OK, cedo ou tarde melhora (as vezes), mas não é fácil. Zumbis não são vilões, são, digamos, praticamente uma força da natureza. Não cansam, não desistem e não fazem acordos! Ok... e também não pensam! Ninguém é perfeito. Mas faz parte da graça.

Zomblog e Zomblog II (Zomblog III lança em Agosto/2011), de T.W. Brown. (250 pp o primeiro, 180 o segundo, ambos de 2010) foram boas aquisições no estilo.

Zumbis são algo que eu sempre achara absurdo ser em livro... Pô, qual a graça de um zumbi se você não VÊ a maquiagem nem o sangue espirrando? Não achava que fosse possível ter suspense ou prender a atenção LENDO sobre eles.

Aí esbarrei no Day By Day Armageddon (DBD de agora em diante), de J.L. Bourne... Não lembro mais como o conheci. Possivelmente indicação da Amazon. O livro é em forma de diário. Algo que é uma tática *barata*, vamos dizer assim, mas prende a atenção. Não é bem a mesma coisa, mas tenho boas lembranças do O Estorvo do Chico Buarque .... Então resovi pagar pra ver (cono e denotativamente). E achei bom... MUITO bom! Tomei gosto e parti para o World War Z (WWZ), de Max Brooks. Um dos melhores livros que já li. E notem a falta do "de zumbi" no final da frase. Achei tão bom, que só então fui ler o The Zombie Survival Guide lançado 3 anos antes pelo mesmo escritor (ele é filho do Mel Brooks). Diga-se de passagem, até recomendo ler os dois nesta mesma ordem. O mal do segundo (que foi o primeiro a ser lançado) é que ele se leva um pouco a sério demais. E tem toda uma explicação sobre o vírus que causa os zumbis... Cheguei a pensar que o livro era derivado de alguma outro livro - e estava explicando os zumbis daquele universo em particular. Diverte, mas é meio repetitivo.

O WWZ não sofre deste mal, ele é escrito em forma de entrevistas pelo globo com os sobreviventes do "apocalipse zumbi". Vai desde farmacêuticos que enriqueceram com falsos remédios, cegos, crianças traumatizadas que passaram anos sozinhas e fugindo, militares (de vários exércitos diferentes) e, claro, muitos civis, nas mais diversas situações ferradas ou atividades. As histórias são ordenadas cronologicamente, as primeiras sobre os momentos iniciais da infecção, quando a galera ainda não percebia a merda em que estavam se afundando; depois vemos o mundo naquele estágio Zumbilândia; e depois histórias sobre a reconstrução.

Atenção: ambos já traduzidos para português pela Rocco: Guerra Mundial Z e O Guia de Sobrevivência a Zumbis. [só não gostei muito das capas nacionais] Importante: achei a sinopse do WWZ no site da Rocco bizarra... Fique tranquilo, você pode ler em paz, curtindo os zumbis, sem achar que o livro é um tratado sobre política internacional.

Os Zomblogs (ZB) são bem estilo o DBD. Seguem o esquema de diário. Mas ao contrário do WWZ em que a história vai do começo da desgraça até o mundo "pós-guerra", se recuperando e tudo. Ou mesmo do DBD, em que a história... hummm... não é a melhor palavra, espero que entendam ao ler... "evolui", no ZB o que vimos é como um diário de uma vida normal na desgraça.

No DBD o cara (um militar que desertou quando a desgraça começou) vai se arranjando e termina o primeiro livro relativamente protegido. No segundo ele consegue contato com o que sobrou da Marinha (na verdade, acho que foi só um navio e um submarino) - este já é um pouco mais repetitivo, mas a história é corrida e se passa num intervalo de tempo menor, então continua bom. E no 3º ele estará em outro país, pesquisando a possível origem da infecção (há uma reviravolta no final do 2º livro, que desagradou um pouco os fãs, mas não sabemos ainda se impactará a história ou se será só um detalhe curioso).

Os ZB não parecem ter um grande arco planejado (não que o cara do DBD tenha feito isso... sei lá se fez ou não). A história simplesmente vai. As desgraças acontecem. Pessoal encontra outro pessoal. Personagens morrem. A história de repente muda de rumo porque coisas não planejadas acontecem (o famoso shit happens!). Depois volta +/- ao normal porque uma hora termina. Ou não. Não sei bem agora explicar. Também não posso falar muito para não estragar nada. A história do ZB também é um pouco mais realista em alguns aspectos. No DBD2 até dá a impressão de que exista um tipo de Dharma rolando por trás... No ZB, se muito, alguém capta uma transmissões de rádio de outros sobreviventes e os encontram aqui e ali.

Nos Zomblog o cara poderia manter a história indefinidamente. Você apenas vai seguindo o dia a dia do protagonista e pronto. Claro, o autor nos poupa do personagem ficar escrevendo sobre miudezas e fofocas no acampamento... É um livro de terror em volta de zumbis, e não o twitter. A história gira em torno dos nossos queridos desmortos e do mundo escrotizado que os acompanha, e o diário é mantido justamente como um registro que talvez seja de interesse de algum futuro leitor, e não um mero passatempo. Em mais de uma parte do livro o diário é emprestado para ser lido por outros, e até copiado para registro histórico.

O segundo livro abrange 1 ano. Mas quantos anos uma infecção zumbi pode durar? E quem garante que no proximo livro a história não se passe toda em 2 meses? Tenho a impressao de que Zomblog será uma longa série! Ao invés das coisas se resolverem como no WWZ, aqui não há luz no fim do túnel. E o pior, as pilhas a acabaram e há zumbis lá dentro.

Na verdade, na metade final do 2º livro quase não há zumbis. Não no universo do livro, claro, eles apenas foram um pouco menos o foco. Zumbis ainda são uma grande ameaça, mas se não vierem em um grande rebanho, pessoal já tem se acostumado a desviar deles. Talvez em algum momento eles ressurjam em peso, como numa das principais sequencias do 2º DBD. (lembram da cena final de um episódio de Dia das Bruxas dos Simpsons onde ele resolve fazer clones dele mesmo e todos vão correndo atrás de uma rosquinha gigante? É por aí. Só que zumbis não correm).

Ah, bem lembrado disso de zumbi não correr.
Em todos os livros mencionados acima, são zumbis Romero Classic! Nada deles terem algum tipo de noção ou correrem. Não. Eles se arrastam, mordem, e gemem. No DBD alguns até andam um pouco mais rápido, mas há uma explicação: radiação!
De fato, depois do DBD eu passei a achar uma idéia pior ainda nukar zumbis... Muitos serão vaporizados. Mas e os que não? Morrer de cancer eles não vão... E se havia alguma chance das bactérias os comerem aos poucos... bem... "frutas irradiadas" duram mais! :-)

Meu único porém sobre o livro é a capa do segundo, não gostei. Mas gostei de não haver subtítulos trash. Nada de "Zomblog: Rise of Undead Country" ou "Zomblog Squad: The Necro-Army"...

É Zomblog, Zomblog II, Zomblog III... Simples e eficiente. Como tudo deveria ser. [e como esse post está não-sendo. Longo e repetitivo. Mas estou ficando sem idéias, então está perto do fim.]

Quem quiser ler, já saiba que o 1º ZB termina num gancho que te "força" a ler o segundo. Ok, você pode não querer ler, mas você será meio que largado no ar. Já o segundo, se você cansar, pelo menos o gancho não é nada brutal. É aquela coisa de "vou me recuperar dos meus machucados e pegar a estrada". Então você pode simplesmente imaginar um "e viveram felizes para sempre" e pronto. Ou você pode, como eu, torcer por zumbis... muitos zumbis!

A verdade é que zumbis não permitem uma grande gama narrativa. Cedo ou tarde tudo fica parecido. E no atual momento, já li 4 livros-diários de apocalipse zumbi (é até perfeitamente possível imaginar que os 4 se passando no mesmo universo) com um 5º na fila (The Zombie-Wilson Diaries, uma espécia de O Náufrago, do Tom Hanks, mas a Bola-Wilson é uma garota zumbi) e um 6º e 7º, contando com DBD 3 e ZB 3. De repente é torcer para DBD e ZB durarem muitos livros e me manter fiel só a essas duas séries. [ATUALIZAÇÃO 27/OUT: o terceiro livro se chama Zomblog: The Final Entry. Pô, preocupante isso... Já vai acabar? Tão cedo? É torcer para o título ser só uma pegadinha...] Mas... Como eu disse, eu gosto desse esquema diário. Se você não se incomoda de variar um pouco de leituras mais complicadas e criativas e a cada 6 meses dar uma descansada de 1 semana lendo gente correndo de comedores de miolos e gangs à lá Mad Max... Vai nessa, que eu garanto.

Se você nunca leu nada de zumbis, não sei se seria melhor começar por esse, no esquema "devagar e sempre", aparentemente sem um arco, ou no DBD, mais corrido e aparentemente com um fim no futuro. Sendo que o DBD tem o problema de que o escritor é militar de linha. Ele não pode parar o tempo todo para escrever (isso se não tomar um teco entre os olhos e cair duro), ao contrário deste que no final do 2º já informa a data de lançamento do terceiro. Achei o DBD melhor, mas pode ser o Efeito Primeiro-Sutiã... [nunca que esse comercial passaria na TV hoje em dia... seria taxado de pedofilia!] Talvez se tivesse começado por esses achasse que o DBD é que já é mais do mesmo, não o inverso. (mas em defesa dele, ele foi escrito bem antes!). Se bem que voces nao terão que esperar quase 1 ano entre cada livro como eu fiz.

E claro, o WWZ é sempre uma excelente pedida. Mas não foi o primeiro que eu li, não sei se começar logo pelo melhor servirá para te fazer adorar o gênero, ou deixar suas expectativas muito altas. (coisa que eu estou fazendo... então cuidado. Também não vão reclamar depois achando que eu enchi demais a bola dele. Lembrando que o WWZ nem tem como foco gente correndo de zumbi o tempo todo, como o ZB e o DBD).

E é isso... Pensei em comentar também sobre o The World is Dead, mas este eu estou para ler a continuação, deixo para comentá-lo junto do segundo. Este é de contos soltos, não é nem estilo diário (ZB e DBD) e nem narrativas interligadas (WWZ).
Outros que estou para ler são o Headshot Quartet, com 4 contos longos, no universo de livros The Undead (resolvi ler os contos, se gostar, leio os livros anteriores) e o White Flag of the Dead, que será minha primeira experiência com uma história linear de zumbis - nada de contos, diários, nem entrevistas.



E a medida que o post ia terminando, eu fiquei naquela de "pô, tenho que mencionar Protocolo Bluehand em algum lugar...". Não é livro, mas sabe-se lá quando farei outro post sobre zumbis... Mas não pensei nada para falar sobre ele. Vou só aproveitar e linkar o nerdcast sobre o assunto e outro podcast que conheci recentemente. Divirtam-se.

Nerdcast 106: Mioooolos!!!
WeRgeeks Podcast 33: Vaselina of the DEAD!  (OBS: sou ouvinte do Nerdcast e do Rapaduracast, então o estilo deste foi inédito para mim:  todos juntos e muita bagunça, mas segurei as pontas antes de desistir e não me arrependo, já ouçam preparados - e foi graças ao programa que ouvi falar do jogo Plants vs Zombies, que achei absurdamente viciante.)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Caprica

Caprica. O pomposo e grandioso seriado derivado [ou, como se diz em português: spin-off] da Battlestar Galactica (2003)...
Que fiasco!
Finalmente assisti ao final da série. Faltavam 5 episódios que deixei parado até não ter nada para ver na TV. Já cansara da série por volta do 3º episódio... aquela historinha de terrorismo nunca desceu bem. Coisa de americano traumatizado querendo fazer terapia em grupo com o telespectador. E ainda tinha um "núcleo adolescente" com a ruivinha e amiguinhos-bomba... Que m*.

"Mas ok, vamos ver onde isso vai dar.", pensei. Como todo bom nerd, quando eu gosto de algo, eu gosto de conhecer melhor o tal algo... [é por isso que nerds dão ótimos namorados! Ouviram meninas?] Mesmo que espere com grande certeza de que vá ser uma desgraça flórida, não custa nada checar. Estou eu aqui, de tempos em tempos lendo as porcarias que o Brian Herbert escreve por causa disto. [se bem que depois de Duna 7 e 8... em que o cara atingiu o fundo da esmerdalhização de Duna... eu me imunizei e parei de ler. Talvez bata a curiosidade depois. Veremos.]

Pois bem... Caprica são 18 horas da minha vida que nunca voltarão. Se parar para pensar, já gastei mais tempo do que isso fazendo coisas piores, mas se você não viu ainda, só veja se você for mesmo MUITO fã de Galactica.
Eu não gostei do rumo que a BSG teve no final, com todo aquele papo místico, Chosen One, 'Starbuck, A Fantasminha Camarada' e etc. Mas BSG era BSG. Depois da primeira temporada eu assistiria BSG até se o seriado virasse um musical sobre os males da gravidez adolescente em meninas drogadas de baixa renda.

Pô, um seriado tem que ser muito ruim para não haver nenhum personagem que eu goste. Achava todos escrotos. Não me identificava com ninguém. Ok, para não ser exagerado... O Samuel era um cara legal. Mas no começo da série ele era só o irmão bandido quase sem falas do pai do moleque que viria a ser personagem da BSG. E esse *nada* era o único personagem que eu não detestava.

E surpresa! [SPOILER!] O tal moleque nem era quem achávamos o tempo todo. :-D
Quando ele morreu no penúltimo episódio achei que no último alguém ia arrancar o holoband da cara (versão Caprica do "desligar o holodeck") e dizer 'putz, tem um erro no programa, não foi assim que aconteceu'.

A série poderia ter corrido bem se tirassem toda a coisa monoteísta com adolescentes problemáticas e começasse onde terminou. Com robôs sendo lançados no mercado, gente pregando sobre direitos iguais, robôs ficam putos, robôs começam a guerra.
Transformem cada oração acima em uma temporada de 12 episódios e temos 4 bons anos de série. Ou 3, se considerarmos "robôs começam a guerra" como a cena final da série. Teria sido o ideal.

Agora é torcer para Blood & Chrome vingar, senão deverá ser o triste fim deste universo. Pelo menos até o próximo reboot em 20 anos. Lembrando que o The Plan também não ficou legal.

Mas voltando ao papo de terrorismo... Não dava para engolir aquilo. Ok, 12 planetas com implicâncias entre si, isso é fácil de acreditar. Todo vizinho implica com o outro. Brasileiro sacaneia argentino. Carioca sacaneia paulista. E assim vai... Coloque numa escala maior e temos o que se chama 'política externa' nos casos pacíficos, 'gafe internacional' nos brandos, e 'guerras mundiais' nos piores.

Mas transformar toda a sociedade planetária numa versão de talibãs capitalistas. C*! Se eu bater em cada porta do meu prédio tenho certeza que com menos de 100 moradores eu consigo achar umas 20 religiões. Quando criança eu convivia com um terreiro de Ubanda do outro lado da rua, uma igreja Metodista na mesma calçada, amigos católicos, um que era Testemunha de Jeová, pais crentes não-praticantes, parentes Kardecistas, e sempre que ia ao Centro, esbarrava com Hare Krishnas [sinto falta deles...].

Gente maluca existe em qualquer lugar, estão aí grupos de cristãos americanos e muçulmanos fundamentalistas. Mas a grande maioria da humanidade, compostas de pessoas normais, são como a minha velha rua e seguem a minha filosofia principal, mandamento nº1 no dia que eu fundar a Igreja Universal do Ranzinza de Deus: "Se não atrapalham ninguém, que se danem!" [é por isso que sou a favor de casamento gay, aborto, pagodeiros, e o que mais vier... desde que não venham pagodar na minha casa nem queiram comer a minha bunda, estejam a vontade!]

Mas lá... numa sociedade futurista... quem não segue a religião oficial é criminoso e um terrorista automático? Coisa de americano assustado! E mesmo que a série seja feita para passar nos EUA e a platéia global seja só brinde, nunca uma merda dessa serviria de premissa convincente. Mal. Muito mal.

Quem tiver curiosidade, faça o seguinte:
● Assista ao primeiro episódio, para saber quem são os personagens. (ou nem isso!)
● Se assistir, ignore quase todo o sub-enredo religioso. (por quase todo entenda: basta lembrar que a mulher de cabelo preto comprido é monoteísta! fará diferença.)
● Ignore qualquer menção ao Mundo Virtual.
● Ignore qualquer sub-enredo adolescente.
● Ignore qualquer sub-enredo da máfia.
● Ignore qualquer sub-enredo empresarial.
● Ignore qualquer sub-enredo familiar.
● Ignore a mente da garota no corpo do robô (serviu para nada!).
● Assista aos últimos 10 minutos do último episódio.
● E ignore qualquer coisa que você acha que não entendeu porque envolvia as ignorâncias acima.

Agora ignore tudo que você viu no pouco que falei para ver, considere a série um péssimo fan-movie, e imagine que a guerra começou do jeito que você tinha imaginado antes de criarem Caprica. Fanfic por fanfic, fique com a sua. Eles só tiveram orçamento maior que você. Seu nerd pobre!

[é assim que eu suporto ler os livros do Brian e suportei a nova trilogia de Guerra nas Estrelas... é tudo fan-fic. Quero nem saber se quem escreveu é o pai da criança ou o filho do pai. Fan-fic! Fan-fic! Fan-fic! Lálálálálálálá! Não estou te ouvindo.]

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Deus abençoe a dublagem nacional

Nunca façam o que eu acabei de fazer, não ouçam no original a voz da Feiticeira (não aquela coisa horrenda que virou homem, estou falando da do desenho do He-Man).
Putz... Tem uma vozinha esterótipo de loira burra semi-alcolizada de filme ruim, que deus me livre... Preciso esquecer que eu ouvi isso. Logo uma de minhas musas-mór de quando era criança... A Ilka Pinheiro tinha uma voz meio rouca, meio sexy... Muito melhor.

Tudo bem que registrar no blog não ajuda... Mas o mundo precisa ser avisado! As pessoas... precisam... saber. O horror... O horror...

[e não esquecer que a voz original é ridícula não é o problema, basta esquecer a voz. rs!]