quinta-feira, 2 de maio de 2013

Microcosmic Tales

De: Joseph Olander, Martin H. Greenberg e Isaac Asimov.
Autores: são 71 autores diferentes, não vou nomeá-los não. Clique aqui para a relação completa.
Editora: Taplinger  --  Páginas: 325
Ano livro / histórias: 1980 / de 1945 a 1980
ISBN: 0-8008-5238-9

Coletânea de 100 micro-contos de FC (e alguns puxados um pouco mais para fantasia).

Micro-resenha: é um bom livro para hora de ir dormir. Ler uns 2 contos e apagar as luzes. E se não tiverem sido bons, dá para ler mais dois e ainda não ficar com a consciência pesada de não estar dormindo na hora certa. Os contos têm em média 4 páginas, e não há nenhum acima de 6 ou 7. Você lê qualquer um em bem pouco tempo.

Comentando mais agora: só achei uma pena uma certa predileção por coisas mais modernas. Somando os anos 40 e 50, são apenas 23 contos, já dos 60 são 17, 34 dos 70 e 26 de 1980 (do ano em si, e não da década).
O motivo talvez tenha sido que, anos antes, o Asimov editara com o Groff Conklin o Fifty Short Science Fiction Tales, que é +/- a mesma idéia, só que com metade dos contos, e como foi publicado em 1963, os anos 50 acabaram tendo um bom peso.

E, pensando em mim apenas, tenho tantos livros de contos da Era de Ouro (tenho o Fifty acima também), que a ênfase em contos mais atuais (para a época) é bom para não ficar com contos repetidos e ter coisas diferentes para variar.

Mas para um leitor novo, querendo conhecer bastante coisa... É... É legal. São CEM contos e com uma boa variedade de escritores e estilos [nem tanto, já volto nisso]. Mas eu ainda sou mais fã dos escritores mais antigos. Se quer comprar algo no estilo, com muito conteúdo em pouco espaço, pode ser; mas eu talvez sugerisse que você comprasse o segundo (o Fifty, antes que vocês faça confusão) - mas que eu não li ainda, então não posso opinar muito.

E se quiser algo moderno mesmo, mas com bem menos contos, aí compre algum Best of the Year. Os do Dozois são os que todos os demais querem ser quando grandes. O próximo deve sair lá para julho. Você pode partir também para o "O Melhor dos Melhores" (The Best of the Best: 20 Years of the Year's Best Science Fiction), com quase 40 contos, com os melhores de 1983 à 2002. [Legal! Acabei de descobrir que a minha edição, que é a inglesa, tem 3 contos a mais que a original. E eu a comprei só porque gostei mais da capa. Fica a dica!]

O problema das coletâneas do Dozois é que são tijolos. Para comparação, são iguais à algum dos livros da Guerra dos Tronos.

Quanto ao estilo, que falei que ia mencionar, como são contos bem curtos, muitos são humorísticos e a grande maioria soa como um episódio de Além da Imaginação. Você tem uma história que já começa meio corrida, um desenrolar rápido, e aí, de repente... bum! surpresa!... a paciente na verdade era a única bonita! [episódio clássico esse!]

Então, para curtir bem as histórias, estar com o inglês só +/- é o suficiente. Serve para a grande maioria. Mas se ele estiver em muito bom estado, melhor. Lembro de várias histórias em que eu perdia um trocadilho na última frase, e aí... Nada. Na minha cabeça a história ficava meio que sem fim. Justo na última frase, tinha aquela palavra que não sabia traduzir ou eu sabia que tinha uma piada, mas não pegava qual era. Tem um que está na cabeça ainda, que o final foi interessante, entendi perfeitamente a reviravolta, mas... não consegui sentir o horror do personagem, porque eu peguei a idéia, não exatamente a pegadinha. "Hind limbs"... Ok, limbs eu sabia o que era. E hind para mim era um helicóptero russo. Depois traduzi corretamente, mas... ainda não entendi bem o que assustou o personagem. O bicho era feio, mas fiquei com a sensação de que havia algo nos membros do bicho que tinha que ter me assustado também. Ok... Não se pode assustar a todos. Já o Asimov, fazendo trocadilho de giant ants (formigas gigantes) com giant aunts (tias gigantes) é tão cretino, que você acaba achando mais graça da cara-de-pau do escritor do que da piada em si. E o Asimov realmente adorava um trocadilho cretino. Tenho vários contos dele assim.

Não é um livro marcante. Os contos são bons mas nada de "Cacete! Esse eu nunca vou esquecer!", mas valeu a leitura. Quase todos muito bem escritos e escolhidos; mas vários bem bobinhos ou só passáveis, como o envolvendo George Washington, por exemplo, em que temos toda uma detalhada descrição e ambientação que ocupa 99% do texto de 2 páginas - e então o conto termina em 1 linha. Como eu disse, típico esquema de Além da Imaginação.

Mas sim, até tem alguns que vou depois lembrar com carinho [e não vou lembrar onde eu li]. O The Final Battle, do Harry Harrison, por exemplo, é muito bom. E é aquele tipo de ficção-científica que não tem nada de espaço, nem alienígenas, nem futuro na verdade, só uma rápida e filosófica história sobre a natureza humana, guerra e o avanço tecnológico. Outro conto no estilo, que nem ciência envolve, são só duas pessoas conversando no banco da pracinha, é o Displaced Person, do Eric Frank Russell (um dos meus escritores favoritos), sobre uma revolta fracassada.
Há uma outra história que envolve o Judeu Errante (essa eu adivinhei o final, esta lenda é uma velha conhecida) e uma divertidinha que dá, depois de eu ter achado que já tinha visto de tudo, uma nova razão para a humanidade ser destruída por alienígenas.

E assim vai, contos fracos, contos bons, clássicos do gênero ou alguns que estão ali só pela piada, se revesando e dando um bom passatempo pelo 3 meses que levei lendo. Cautelosamente recomendo se você prefere contos mais clássicos, da Era de Ouro. Mas vai fundo se você quer ter um bom apanhado dos anos 70 e 80 ou está atrás de contos bem curtos para hora de dormir ou rápidas viagens de ônibus ou metrô.

Um comentário:

  1. Você sabe informar quais dos contos vencedores do Hugo já foram publicados no Brasil? Estou lendo o conto Allamagoosa de Eric Frank Russell e gostaria de sabe se este conto já foi traduzido para a língua portuguesa.

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