domingo, 20 de abril de 2014

The Chessmen of Mars

Autor: Edgar Rice Burroughs
Arte da capa: Michael Whelan
Editora: Del Rey Books
Ano livro / história: 1987 / 1921
Páginas: 220  --  ISBN: 0-345-35038-3  --  Tamanho: de bolso
Tradução para o português: não existe [poxa, Aleph...]

◄ Clique na capa para arte maior e completa.

Yes!! Menos um livro para a meta de ler todos os 11. Vamos lá!
Feriadão, ótimo para pôr a leitura em dia. Mas o plano de ler todos até final de 2014 eu posso considerar furado. O último, antes deste, eu li em jan/2013. Faz mais de um ano! Eu ia escrever que a minha desculpa é que, de lá para cá, eu li 2 dos livros de Guerra dos Tronos e dois da Torre Negra: ou seja, 4 tijolos e, pelo mero volume trambolhal dos dito cujos, isso segurou minhas outras leituras... Mas seria mentira. Porque depois de começar a escrever isso eu olhei melhor (*) e vi que os li em 2012, não em 2013.

[(*), sim, eu tenho uma planilha. Eu gosto de lembrar quando eu li o quê e ajuda a localizar autores e contos quando preciso, além de evitar comprar livros repetidos.]

Em 2013 eu apenas mantive minhas leituras bem variadas mesmo. Pegando para ler vários livros fora do meu padrão de FC antiga e, com exceção dos 3 primeiros livros da Haruhi, não li nenhum que fosse da mesma série que outro. Foi um ano divertido e bem variado, e acho que não li nada de Barsoom por mero acaso. Acontece.

Como esses livrinhos são bons, vou colocar o 6º da série na minha lista mental para breve. Quero ver se começo a ler os livros do Hugh Howey finalmente, então lá vem mais um tijolo. Mas tentarei ler o nº 6 até o meio de ano. E algo que me deixou um pouco curioso com eles: logo no começo do livro o Carter recebe cartas sobre outras coisas acontecendo no país dele. Seriam essas coisas as tramas dos próximos livros?

Mas agora... paremos de encher lingüiça falando sobre planos que foram para o brejo [bem, vou tentar ler todos até o final de 2016 então], e falemos do livro.

Já perdi a conta, mas acho que, até o momento, já temos uns 8 seqüestros ou aprisionamentos de princesas:

Livro 1: a Dejah
Livro 2: a Dejah de novo e, no meio do caminho, o Carter encontra outra princesa (Thuvia) prisioneira, que havia sido seqüestrada antes.
Livro 3: a Dejah é re-seqüestrada.
Livro 4: a Thuvia é seqüestrada 3 vezes na mesma história.
Livro 5: e cá estamos, a Tara (filha do Carter) sai pra passear, perde-se, e é feita prisioneira. Aí vem o sujeito salvá-la e, durante a fuga... Ela é feita prisioneira na cidade seguinte. A foge e... pegam ela de novo. E apesar de não aparecer diretamente na história, ficamos sabendo que a esposa de um cara desta cidade era uma princesa na cidade do mocinho principal - antes, claro, de ter sido seqüestrada.

Acho que estou notando uma certa preferência temática pelo autor. Mas pode ser só impressão minha. Que tolice.

Mas até fui bondoso na minha contagem. Reencontrei um site que visitei faz muito tempo, com resenhas de todos os livros e... a contagem de seqüestros/resgates caso a caso. E de acordo com eles, até o 5º livro temos 19! E acho que eles nem contam os seqüestros que aconteceram antes de cada livro começar, como eu fiz com 2 dos acima.

Por falar nisso, para quem gosta de FC e Fantasia, em livros ou filmes, o tal site (Black Gate - Adventures in Fantasy Literature) merece uma visita bem demorada.

Agora, falemos sério, porque dizendo assim parece que eu não gostei do livro. E eu gostei! Claro, eu não consigo ter um olhar muito crítico, não sou professor de literatura nem nada, então o que me importa é que, ao ler o livro, ele me divirta. Eu falei isso lá na resenha da Trilogia Thraw: os livros eram cheios de forçadas e coincidências exageradas, mas... eu teria adorado ver tudo aquilo numa Sessão da Tarde. E o "As Peças de Xadrez de Marte" é isso, assim como os livros anteriores. É uma aventura meio-velho-oeste / meio capa-e-espada que, praticamente, só é ficção científica porque está em Marte.

Trocando alguns termos, daria para fazer a história se passar todo no mundo de Aladim, por exemplo. Seria num deserto. A pouca tecnologia apresentada poderia ser mágica (ou alquimia). Os seres sem cabeça poderiam ser zumbis. E as naves voadores poderiam ser tapetes. Putz, eu consigo facilmente imaginar a Jasmine nos livros do Burroughs.

Por falar nisso, eu imaginei a Tara como a Amanda Seyfried (de O Preço do Amanhã), mas de cabelos longos e escuros - e pele vermelha, claro. Sei lá. Combinou.

Mas paremos de viajar de novo [eu juro, eu não faço essas postagens nem mamado nem fumado], e falemos da história.

A história: menina gosta de menino. Menino diz que gosta da menina. Menino é visto apenas conversando com outra menina. E a menina original fica chateada. Para piorar, o pai dela resolve apresentá-la a um moço de outra cidade, rapaz de futuro, com carreira. O que a deixa ainda mais fula da vida. E o fato do sujeito ser todo garboso e engomadinho a irrita ainda mais profundamente. E aí ele apaixona-se a primeira vista por ela, e pronto, a garota fica puta de vez.

Qualquer um que assistiu novela nos últimos 30 anos: você já sabe como isso termina.

Mas, incrivelmente, vindo do Burroughs, eu tive uma surpresa. Eu tinha certeza de que o amigo de infância (o cara que conversa com outra moça) iria acabar se redimindo com a menina e o sujeito garboso (líder de outra cidade marciana) iria acabar sequestrando-a.

Na verdade, ele era mesmo um bom moço, e ficamos sabendo disso logo nas primeiras páginas. Isso atiçou minha curiosidade. Aparentemente a história não teria nenhuma princesa sequestrada desta vez. Ser feita prisioneira 3 ou 4 vezes na mesma história? Sim. Mas não foi sequestrada!

Voltemos. Tudo acima aconteceu numa festa no palácio, logo no começo da história. A garota se retira e, no dia seguinte logo cedo, resolve passear sozinha em sua pequena nave. [eu nunca consigo imaginar direito o que o Burroughs tinha em mente com essas naves dele. No começo parece ser um tipo de jet-ski aéreo, mas depois dá a impressão de ter o tamanho de uma lancha, mas sem cadeiras, e grandes tanques embaixo.]

Está lá ela, passeando no céu, fazendo algumas coisas mais arriscadas, típicas de adolescente... E ela é pega numa tempestade. Não uma qualquer, mas a mais assustadora já vista em muitos anos. Chega a derrubar uma das duas torres de Helium (a cidade capital) - o que é um detalhe importante vindo do autor, já que ele sempre menciona a cidade como tendo duas torres. Bem... agora só tem uma.

Ela não chega a ser arrastada como uma vaca num tufão [ou como tubarões num tornado] [onde esse mundo vai parar?], mas a nave dela não tem potência suficiente para vencer as correntes de ar e só sobra acompanhar a tempestade. De forma relativamente segura, mas ainda assim ela vai parar bem longe. E depois do sufoco de dois dias sem comer e dormir, controlando a navezinha, ela avista algo que parece um vinhedo com alguns silos em volta, e resolve descer; para descansar e talvez encontrar água e comida.

Como se ela não tivesse crescido ouvindo histórias horríveis, contadas pelos pais, sobre povos estranhos e violentos por toda a parte, que adoravam sequestrar a mãe dela. Adolescentes...

Se bem que em Marte não existe bússola nem GPS... Então descer e procurar ajuda talvez fosse mesmo a única opção. [mas cacete! Na Terra, mesmo antes de inventarem os dois, você não podia sair navegando ou pilotando sem aprender a se localizar pelas estrelas ou qualquer coisa! E aí, o "rei" de Marte deixa a neta aprender a pilotar sem saber isso?] [e putz... acabei de lembrar que 1 ou 2 livros atrás o irmão da garota inventou o piloto automático! Já era hora de todas as naves terem isso. Ainda mais a droga da nave da PRINCESA!!!, mas vou parar de divagar sobre isso... no dia que eu for rei de outro planeta eu penso em formas melhores de proteger a família real.]

Obviamente, descer num lugar desconhecido nunca dá certo em Marte.

Corta de volta para o palácio. Algumas horas depois da princesa ter saído para passear no céu e a tempestade ter mostrado que não era bolinho, fica óbvio para todos o que ela fez e o problema que ela deve ter arranjado. Mas nas ruas a situação é pior, o governo precisa de toda força de trabalho para ajudar a população no meio de uma calamidade, e também mal dá para decolar com naves para busca.

Mas eis que o líder da outra cidade, cuja nave ainda estava lá estacionada, resolve partir atrás da mulher amada (que ele conheceu por apenas uns 30 minutos). Todavia, a nave é boa mas não é mágica. E depois deles viajarem por algum tempo, ao salvar um outro tripulante de cair da nave, cai ele. E descrevi as primeiras 15 páginas do livro.

Na primeira cidade (a dos "vinhedos") a garota encontra uns seres sem cabeça (se entendi corretamente, no topo do pescoço descabeçado há um buraco, por onde eles se alimentam e, provavelmente, respiram). Ela fica assustada, espera anoitecer, bebe água, come umas frutinhas e aí... Fica presa no lugar, porque tem leões famintos vagando por ali. No dia seguinte, seres com cabeça a encontram e, claro, não eram pessoas de bem. A garota tenta fugir e, por acaso, "arranca" a cabeça de um deles. E aí descobre que a cabeça tem perninhas e que são seres em separado. Basicamente: tem as mulas de carga (que são os corpos sem cabeça, usados para serviços braçais, proteção e como alimento) e você tem seres que são basicamente... a cabeça. Um antigo povo que de tanto buscar o intelecto, evoluiu até quase só sobrar o cérebro. Claro... Porque não?

História vai, história vem. O sujeito que tinha ido atrás dela (Gahan) a encontra, salva e ainda fazem um amigo (Ghek) entre o "povo-cabeça" (kaldanes). Aí eles pegam a navinha dela que estava escondida e seguem sem rumo. Porque não só a droga da princesa não aprendeu nada sobre navegação, mas a porcaria do líder de outro povo e capitão da própria nave também não sabe se localizar. E a porcaria do sujeito que deveria ser puro intelecto passou a vida inteira só tomando conta de seres sem cabeça colhendo amoras! Cacete! O Burroughs também tá de sacanagem, né?

Ah, e a Tara não reconhece o sujeito, já que ela só a viu, a contragosto, por pouco tempo e com ele todo emperequetado, e neste ponto da história ele está usando um roupa qualquer e maltrapilho. E ele, para tentar conquistá-la sem ela já desdenhar logo de partida, entra na onda, inventa outro nome e não conta quem é.

E encontram uma nova cidade. Resumindo, porque a postagem está gigante, todo mundo é feito prisioneiro. O líder maligno da cidade acha a Tara linda e resolve casar com ela, ela o esculhamba de todas as formas, e ele decide matá-la. E depois decide casar com ela de novo. O Gahan vai parar num jogo de xadrez que é jogado com pessoas, que lutam até a morte para tomar cada casa. Detalhe divertido: o Burroughs escreveu as regras deste "xadrez marciano" e elas estão no final do livro.

E claro, como acontece todas as vezes em todos os livros, eles fazem um amigo na cidade inimiga. E o Ghek dá uma ajuda aqui e ali. E tem um velhinho que empalha os desafetos do vilão. E uma outra cidade. E algumas reviravoltas. E fantasmas. [não exatamente] E ratos gigantes. [ok, do tamanho de gatos]

E boa parte do final da história envolve corredores escuros, porque além de não terem inventado a bússola, nenhuma droga de marciano pensa em pegar um pedaço de madeira e fazer uma tocha nessas horas. [Putz... eu me empolgo nessas postagens... Falo, falo, falo... Se deixar rolar eu resumo a história inteira] [e não durmo].

Mas então, apesar do Burroughs repetir à exaustão seus temas preferidos, parece que ele sempre fica pensando numa nova forma de repetir a história, então até que não cansa. Eu achei o livro bem divertido, mesmo sendo bem episódico (que é como foi originalmente lançado). Dos livros da série até o momento, esse é o que melhor viraria um seriado para TV. De X em X páginas algo acontece de errado, como se porque você NÃO pode deixar o mocinho e a mocinha viverem felizes para sempre em 3 episódios. Tem que parecer que vai dar certo, e aí dá problema. E repita. São quase dois livros em 1 porque depois que eles fogem da primeira cidade, se não fosse pelo Ghek você até esqueceria que eles passaram por lá.


Por falar no Ghek, ele é responsável por uma das passagens mais divertidas, em que ele tira um baita sarro do guarda que estava cuidando do cativeiro dele, "mentindo" descaradamente, mas sem dizer nenhuma mentira. Achei engraçada. Podem me culpar. Outra coisa legal é o estilo das falas (lembrando que o livro é de 1921, está quase fazendo 100 anos!): as conversas são sempre totalmente educadas, corretas e arcaicas [lembrou-me os primeiros livros do Guerra dos Tronos, antes de perceberem que na verdade era 'erro' de tradução - mas eu gostei muito mais da tradução do Candeias como estava, de repente até mesmo por isso].

Acaba que o livro não termina da forma abrupta como eu pensei que aconteceria [possivelmente trauma do livro anterior], mas rolou um certo "problema de continuidade": como foi que acharam Helium tão fácil - e rápido - no final da história, se antes eles mal conseguiam se achar? E se é tudo tão perto, como foi que essa cidade ficou desconhecida tanto tempo?

No final, a história do livro passa-se em 1 ano. Eu não tinha imaginado tudo isso não, fiquei com a impressão de uns 4, talvez 6 meses. Mas, como eu já disse sobre outro livro, tudo para o Burroughs leva muito tempo. Acho que se ele descrevesse alguém escolhendo o jantar na geladeira, a frase seria "E tendo contemplando todas suas opções, três dias depois ele optou por apenas uma banana."

E lá atrás, numa das postagens anteriores, eu coloquei dois links para a arte das capas. Pois acabei de achar outro (Dana Mad) com as imagens em uma resolução ainda maior. Putz, sensacional. E vale muito a pena passear pelo resto do site, vendo outros artistas colecionados lá.

Ainda no tema, um passatempo: encontrar em todas as capas marcianas a assinatura do artista (é um círculo com um M e um W sobrepostos, é o logotipo no topo do site, no link lá no alto) [e alguém conseguiu achar a assinatura justamente na capa do Chessmen?]

Mas é isso. Essa postagem ficou em rascunho por 5 meses. Li o livro em abril e estou colocando isso no ar em setembro. [e para constar, ainda não li nenhum outro livro da série... e ainda estou devendo postagem sobre uns 3 ou 4 que li depois desse... já falei isso antes, mas... essa vida agitada de blogueiro ainda acaba comigo. rs!]


Para resenhas dos demais livros da série, clique no marcador John Carter abaixo:

Nenhum comentário:

Postar um comentário