quinta-feira, 29 de maio de 2014

All You Need Is Kill & No Limite do Amanhã

Filme do Tom Cruise chegando... E um bom tempo atrás eu já lera que era baseado num livro japonês. Pesquisei, achei interessante e ficou na minha cabeça de pensar melhor no assunto algum dia. Geralmente é sempre melhor ler o livro antes. Se é para um estragar as surpresas do outro, que seja o melhor estragando as do pior. [ou, pelo menos, mais longo, já que um livro demora mais que 2 horas] [esse talvez não, caso você leia rápido]

Se bem que eu não esperava grandes surpresas. Feitiço do Tempo + Tropas Estelares é como 90% da internet descreve o livro.

"Veja, um alien! Vamos pegá-lo!"

Mas sei lá, de repente haveria alguma reviravolta... [até tinha, mas o filme mudou isso, então não teria estragado] e com a data do filme já bem perto, resolvi decidir logo de uma vez por todas se leria ou não.

Fui no Skoob ver se tinha alguma opinião [além do Google, agora peguei esse hábito] e estava lá um cara dizendo que se você gostou de Tropas Estelares, Scalzi e Guerra Eterna, esse livro era para você. Só livro que gostei! Foi o suficiente. Comecei a ler o dito cujo 15 minutos depois.

Foi o tempo de comprar o livro [sim, eu COMPREI o livro em papel na mesma hora - eu REALMENTE gosto de ter os livros que eu leio na estante] e achar um epub dele para começar a leitura. [só acho um absurdo pagar duas vezes para ser dono de uma coisa, então não entrarei em detalhes sobre a origem da versão digital.] [que li em inglês, para não precisar confiar em tradução de fã brasileiro. As vezes é boa, as vezes... não.]


Título: All You Need Is Kill
Título original: オール ユー ニード イズ キル
Autor: Hiroshi Sakurazaka
Editora: Haikasoru  --  Ano livro / história: 2014 / 2004
Tradução para o inglês: Joseph Reeder e Alexander Smith
Páginas: 202  --  ISBN: 978-1-4215-2761-1

A história: moleque entre exército para lutar contra alienígenas que estão dominando a Terra, mais como uma praga do que como uma força invasora; mas eles têm lá alguma inteligência. E aí morre na primeira batalha. E acorda deste sonho super-realista que teve. Fica com uma baita sensação de déjà-vu ao longo do dia, vai para uma batalha igualzinha, e morre. E de novo. E aí ele começa a ficar bolado.

Cedo ou tarde ele percebe em que merda se meteu (mas não como) e, eventualmente, uma outra militar percebe que está acontecendo com esse sujeito o que já acontecera com ela antes, e o ajuda a entender e, também, a planejar como ele pode tirar proveito disso na batalha (assim como ela fez, na vez dela).

Opinião: realmente, um excelente livro rasteiro. Ação e humor (várias passagens divertidas), personagens legais (até os de apoio, que não têm tanto espaço) e, ao mesmo tempo, todo um enredo militar e do treinamento do cara, que ficou legal.

Ah, e caso você não conheça [eu nunca ouvira falar] umeboshi é esse treco aqui. É um tipo de ameixa do capeta de sabor bem ácido. Perto do final do livro tem uma cena em que voce ficará curioso sobre o assunto. Dá para entender o contexto perfeitamente, mas saber o que é o treco é sempre melhor.

E a "viagem no tempo" até tem uma explicação questionável, mas que tem sua lógica. Dá sentido para o cara ficar entrando nesse loop. Isso leva depois à uma reviravolta no final da história que achei meio confusa, mas serviu para não acabar num mero "e viveram felizes para sempre, matando alienígenas ao pôr-do-sol" [mas eu até que estava torcendo exatamente para isso...]

Ótimo livro. Leiam sem medo se gostam de FC militar e com uma pegada mais leve. A opinião sobre o livro está curta, mas ele também é bem fino [li num final de semana], não dá para falar muito.

Agora falemos do filme também.


Título: No Limite do Amanhã
Título original: Edge of Tomorrow
Duração: 1h53min  --  Ano: 2014  --   Trailer [com legendas de Portugal, porque "Procure-me quando acordares" é muito mais foda que "Me procure quando acordar" (sim, eu tenho uma queda por português correto mesmo em situações em que isso não ocorreria. rs!)]
De: Doug Liman (de Sr. e Sra. Smith, Jumper e episódios de Eu Só Quero Minhas Calças de Volta)
Com: Tom Cruise  (que tu já conhece), Emily Blunt (de Os Agentes do Destino, Looper e Os Muppets), Brendan Gleeson (de Tróia e de 3 dos filmes Harry Potter) e Bill Paxton (de U-571 e Aliens, O Resgate) [ele é o cara do "Game over, man! Game over!"] [e por falar nisso, faz tempo que não sai um bom filme de submarino].

Então... Simplificação, seu nome é Hollywood! Mas... eu gostei. Menos papo e mais porrada. Até um pouco de humor também no meio. Tem uma mudança absurda no final. Duas na verdade. Isso ignorando o fato de que não tem um olho puxado sequer o filme inteiro. Mas estou ok com tudo, a gente releva. E para quem leu o livro, até foi legal ver esse "universo alternativo" do cinema, em que você tem um final fofinho e feliz. [mas não vou entregar como acaba o livro]

A história: é a mesma do livro. Mais ou menos. Eles estão na Inglaterra, não no Japão, a garota é loira ao invés de ruiva, praticamente não temos personagens secundários (tem, mas sem desenvolvimento algum), o herói é um quarentão covarde ao invés de um moleque voluntário, e o extra-terrestre que precisam matar para interromper os ciclos não é só um 'líder de pelotão' aleatório, é um super cérebro responsável, aparentemente, pela coordenação de *todos* os bichos no planeta. [backup que é bom, nada!]

E aí um monte de cena de batalha, troca de olhares, algumas piadas, alguns furos [porque fazer uma baita perseguição policial para espetar o treco na perna? espetava ali mesmo, no sofá do escritório!!! Depois dava um tiro na cabeça e contava para a mulher no ''dia seguinte'': "Opa! Eles estão na França."] Mas esse não foi um filme feito pra ser complexo, foi para ser divertido, então tudo bem. Foi.

Leitura recomendada: a resenha do Omelete [mesmo que eu não tenha visto nada de toda a crítica social à guerra que o cara percebeu...]

Quanto ao livro versus filme... Bem, mudou tanta coisa que o livro virou só uma inspiração. Dá nem para começar a comparar. Tem um monte de site por aí com listas tão grandes, que é mais fácil ler logo o livro. Eu não me incomodo com as adaptações de forma tão raivosa. Eu só teria feito a roupa da garota ser bem mais vermelha, ao invés de só um pedacinho. Pô, ela não venceu só uma batalha e ficou famosa, ela virou uma lutadora realmente absurda depois daquilo [Verdun! gostei!], então a roupa arrogantemente chamativa faria sentido. Se bem que no começo do filme ela morreu de bobeira, fazendo pose pra câmera. Vai entender...

E o filme tinha que dar jeito de ter, ainda que poucas, as explicações para o que estava acontecendo, para poder abrir caminho para a solução. O que estava no livro daria trabalho para colocar rapidamente em cena. Explicar a "reviravolta" do livro então, de forma corrida não ia dar certo (já ficou meio corrido no livro até).Então aceito de boa a quantidade absurda de adaptações e simplificações.

O filme até consegue dar boas soluções visuais para deixar o andamento corrido (como é no livro) e com várias "explicações" subentendidas. No livro, por ex., você precisa que alguém te diga que a Rita faz parte de um pelotão de elite. No filme: o pelotão tem caveiras desenhadas na roupa. Pronto. Em 1 décimo de segundo está perfeitamente explicado.

E o livro ainda tem todo um capítulo sobre a moça, para nos fazer gostar mais dela e deixar o final do livro mais interessante. No filme... Sem ter a luta final = sem infância da Rita menina indo comprar café.

Mas falando do final, eu só não teria dado uma solução tão simplista. Ou, se fosse para ser, que não fosse TÃO simplista.

Não vou dar spoiler abaixo, mas pode ficar meio estranho. Se preferir nem ter dica de como acaba o filme (como se num filme americano a fôssemos ter alguma dúvida), pule o parágrafo seguinte.

No filme, no final, do nada, pela primeira e única vez, algo é afetado fisicamente quando eles voltam no tempo (no filme, pelo que parece, eles realmente voltam no tempo). Pô, qual foi a lógica da almôndega gigante (o tal "Ômega") ter pifado no passado? Ok, o cara ter voltado ainda mais no tempo porque tinha muito mais sangue azul nele... Ou porque ganhou o "poder" *de novo*, mas num horário mais cedo... Solução safada, mas não foi ruim (deixaria sem explicação do porque a almôndega, que tem MUITO mais sangue não conseguir voltar então meses ou anos, mas não importa), o que eu teria achado melhor, já que ele não precisaria fazer todo aquele rolo de escapar do sargento e ainda seria um major respeitado, seria ele chegar para Rita, naquela última cena (com a guerra *ainda* rolando) e ao invés de só sorrir, mandar um: "Primeiro, eu gostaria de agradecer toda a sua ajuda e convidá-la para um café, com 3 cubos, assim que terminarmos essa guerra. Segundo, vem comigo. Estamos indo para Paris. Temos uma guerra para terminar." Minha idéia é CLICHÊ FEITO O CARALHO! [inspirada numa cena do Jet Li em The One, por falar nisso] (*) mas seria fofinha sem a almôndega ter misteriosamente pifado sem ter sido atacada (e ninguém vai saber que o cara que fez aquilo, ele continuará com a fama de babaca covarde). O final como foi, foi um final legal e divertido para um filme completamente descompromissado. Mas parafraseando as sábias palavras de Doc Brown, "Eles não estavam pensando quadridimensionalmente!"

(*) [essa postagem ficou em rascunho tanto tempo (hoje é 27/julho/2015), que fiquei com vontade de rever o The One só para relembrar de que cena estou falando... eu não lembro mais.]

E... safadeza final: minha cena permitiria continuações! :-D  [nesse aspecto, é legal ter acabado como acabou, fica um filme chupeta ali, isolado, sem ser estragado com caça-níqueis posteriores] [mas que podem ser feitos... basta cair outro asteróide almôndegado. Ou... quem disse que já não caíram vários?]

No final, recomendo o filme também. Bem divertido, com alguns momentinhos chatos no meio, mas nada demais. E bem hollywoodiano, feito para entreter com explosões, romance e final feliz. Tem o Tom Cruise e uma loira no cartaz, usando armaduras. Ninguém esperava nada diferente mesmo.

Resenhas alternativas do livro:
Prose and Postulations: "Any story that includes oodles of killing, funny one-liners, giant alien frogs, and names like: Full Metal Bitch, will hold my attention any day."
[curta e divertida, e achei legal que também colocaram uma imagem do Bill Murray na mesma cena que eu usei. É uma boa cena.]
SF Signal:  "I couldn’t put this fast-paced story down."
E essa aqui, que o cara deu nota 7 pro livro, mas achei divertida também:
The Crusades of a Critic: "It is far better written than you would imagine for a war novel about Mole Man aliens." [e gostei deste site, acabei de ler uma longa resenha deles sobre o Fallout 3 e já marquei aqui para voltar lá outras vezes]

E resenhas do filme são fáceis de achar, vou deixar vocês procurarem e ficar só com duas, dos meus sites-padrão: [e depois de mais de um ano em rascunho, quero terminar esta postagem logo. rs!]
Screen Rant: "In the end, Edge of Tomorrow is impressive enough for what it is, with trace hints that it could’ve been something a little bit greater."
Cinema com Rapadura: "outro exemplar digno do gênero, embora entregue um final covarde e artificial que não faz justiça ao restante da projeção"

E pronto! Levou só 15 meses, mas a postagem está no ar! :-D

sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2

Nome original: The Amazing Spider-Man 2
Subtítulo nacional retardado: A Ameaça de Electro
Duração:
2h22min  --  Ano: 2014  --  Trailer 1 e 2. (recomendo não verem nenhum deles, mas se virem, saibam que várias cenas e tramas acabaram não sendo aproveitadas)
De: Marc Webb (de (500) Dias com Ela)
Com: Andrew Garfield (de Doctor Who) [pode checar!], Emma Stone (de Zumbilândia), Sally Field, o Django, mais algumas pessoas e o Paul Giamatti, que só está sendo mencionado porque... é o Paul Giamatti.

OBS: postagem sem spoilers descarados, mas tem.

A história: o Peter Parker não sabe se termina ou não com a namorada e tenta descobrir o que aconteceu com os pais. Um bilionário que parece o DiCaprio descobre que tem uma doença. E um sujeito mal amado ganha superpoderes. [mas como ia pegar mal dizer que nerds mal amados automaticamente viram vilões, esse cara não só parece sofrer de alguma demência, como ainda fica maligno meio que por acaso]

Resumo do filme: 1º ato: Vaio Vaio Vaio! Vaio? Vaio. Vaio, Vaio e Vaio! E como Vaio! [ok, claro que se os personagens  usam notebooks, eles terão marcas! E pode ser que seja um Sony Vaio, mas no mundo real todos terem a mesma marca, cacete!? O merchandising deslavado ficou ridículo e tirando a atenção.] Ah, e um cara vira um homem elétrico depois de .... Ok, aranhas radioativas também não dão câncer dentro da Marvel, então que se dane a Biologia.

2º ato: "Sem o DNA de minha LINHAGEM essa experiência não pode seguir em frente. Então vou fugir e me esconder. Mas... vou deixar o meu FILHO (sabe, aquela criança indefesa que tem parte do meu DNA, já que é da minha LINHAGEM) na casa desses dois idosos, que são parentes meus, então não é nenhum segredo nem um bom esconderijo, a vista de todos. Ok?" Ok, é um ótimo plano!

3º ato: aconteceu aquilo que todo mundo (que sabe um pouco da história do Aranha) esperava desde o 1º filme. E também, graças à um trailer merda [um dos dois no alto, não vou dizer qual], é possível deduzir, com perfeita exatidão, a última cena do filme e o exato ponto em que a imagem apagará. Ah, e surge o vilão nº 2.

Falando nisso... Pessoal dos trailers perdeu a linha. Teria sido muito mais divertido saber que o filme teria 2 personagens clássicos e na hora surgir um 3º; do que sabermos o tempo todo que eram 3, ver o filme notando que o 3º ainda não apareceu (e você VIU a cena dele no trailer), e aí """adivinhar""" (com muitas aspas) qual será a última cena do filme. Para quê fazer questão de anunciar que são 3 vilões?! Como se isso tivesse dado muito certo no 3º filme... E ainda estragou a cena final.

Opinião: tem altos e baixos, e se eu fosse um cara mais técnico, estaria reclamando. Mas... não sou. Sou um nerd no sentido menos profissional do termo, e ainda por cima nunca fui marvete, então sei só o básico deles. E, sendo assim, eu gostei muito! A história é meio mal amarrada, mas não chega a ser ruim. Seria ruim se não fosse um filme de quadrinho. Mas como era, foi um bom gibi em movimento. Uma história aceitável, intercalada com muita ação e algumas cenas feitas propositalmente para serem belos quadros. Eu lembro que disse isso sobre o Homem-de-Ferro 3 até: o filme foi uma desculpa para, de tempos em tempos, o Tony fazer uma nova pose, ou surgir uma cena num ângulo legal que teria dado um ótimo quadradinho numa graphic novel.

Esse Aranha 2 fez isso também. E ainda colocou estas cenas em câmera lenta, permitindo fazer no cinema o que você varia com a revista: dar aquela parada na história para olhar melhor a arte de um quadrinho em específico. Perfeito! Talvez o filme como um todo não seja. Talvez até esteja longe disso. E ainda detesto a sub-trama dos pais dele [e o "ainda" significa que eu reclamei disso numa postagem sobre o primeiro filme que está em rascunho até hoje...], mas foi um ótimo passatempo. [e resumindo a postagem que nunca foi ao ar: além de reclamar dos pais, achei que o personagem já era muito malandro e bem resolvido desde antes de virar super-herói, mas gostei muito do 1º também]

Fechando: que venha o terceiro. Que terá que ser MUITO bom para suprir uma certa lacuna, mas a gente torce. Por enquanto está valendo o ingresso.

PS: tem uma cena em que o Aranha diz "eu detesto esta música". Ela soou familiar, mas não a reconheci na hora. Para pegarem a piada, a música é a The Itsy Bitsy Spider (A Dona Aranha).

quinta-feira, 1 de maio de 2014

The Undiscovered

Rápida recomendação de conto para vocês lerem:
The Undiscovered
, por William Sanders (ou site oficial).

Estava de bobeira, assistindo uma maratona de Suburgatory [não sabia que já tinha a 3ª temporada e não vira ainda os 2 últimos episódios da anterior], quando resolvi fazer algo diferente. Só ficar no sofá vendo TV em pleno feriado era muita molenguice. E, por fazer algo diferente, meu cérebro entendeu: ler ficção científica! [pois é... mas não entremos no mérito do meu cérebro]

Mas queria ler algo curto, puxei o The Best of the Best: 20 Years of the Year's Best Science Fiction da estante e dei uma rápida folheada vendo os títulos. E aí fiquei curioso com o que é que não tinha sido descoberto. [na verdade, no final, não entendi o título] Na hora pensei em alienígenas em alguma cidade do interior, e quando li a introdução da história, falando sobre o autor, imaginei que seria alguma coisa estilo além da imaginação, e no final descobriríamos que os "homens brancos" na verdade eram aliens cabeçudos. Não. Eram europeus mesmo. E os índios eram mesmo índios. E você fica sabendo isso logo de cara, então não estou estragando nada.

A história: um dia normal na tribo, até que um grupo volta com alguns prisioneiros. Três de uma outra tribo e um homem branco (pele como a da barriga de um peixe e assustadores olhos como um céu sem nuvens), um náufrago que vivia com eles. E como ninguém conseguia falar com o homem branco, ele é posto sob os cuidados de Camundongo, um outro índio com facilidade de aprender idiomas. Eles se "apresentam" e ficamos sabendo que o "nome de guerra" do homem branco é Balança Lança. [pense neste nome... em inglês!]

E daí em diante temos uma curta (18 páginas) e divertida história de como foi a vida do Spearshaker vivendo numa tribo cherokee, e depois tentando adaptar uma de suas mais famosas obras para o universo indígena, com direito a ensaios e tudo. Tudo contado pelo ponto de vista do Camundongo. [uma diversão adicional é tentar entender os nomes e expressões inglesas que o índio não conseguiu traduzir, ou entender quem é Amaledi]

E, como sempre, enrolei demais numa postagem que deveria ter tido umas 5 linhas.
Vão atrás, que a história ficou muito legal.

O conto pode ser encontrado em algum destes livros ou, digamos, no Google [sem querer incentivar a pirataria, claro, mas eu fui lá testar agora e... achei! Sem precisar instalar nenhum programa, nem esperar 30 segundos, nem nada.] [na verdade, de zona, testei de novo, e o próprio Google Books deixou-me ler o conto inteiro!]

domingo, 20 de abril de 2014

The Chessmen of Mars

Autor: Edgar Rice Burroughs
Arte da capa: Michael Whelan
Editora: Del Rey Books
Ano livro / história: 1987 / 1921
Páginas: 220  --  ISBN: 0-345-35038-3  --  Tamanho: de bolso
Tradução para o português: não existe [poxa, Aleph...]

◄ Clique na capa para arte maior e completa.

Yes!! Menos um livro para a meta de ler todos os 11. Vamos lá!
Feriadão, ótimo para pôr a leitura em dia. Mas o plano de ler todos até final de 2014 eu posso considerar furado. O último, antes deste, eu li em jan/2013. Faz mais de um ano! Eu ia escrever que a minha desculpa é que, de lá para cá, eu li 2 dos livros de Guerra dos Tronos e dois da Torre Negra: ou seja, 4 tijolos e, pelo mero volume trambolhal dos dito cujos, isso segurou minhas outras leituras... Mas seria mentira. Porque depois de começar a escrever isso eu olhei melhor (*) e vi que os li em 2012, não em 2013.

[(*), sim, eu tenho uma planilha. Eu gosto de lembrar quando eu li o quê e ajuda a localizar autores e contos quando preciso, além de evitar comprar livros repetidos.]

Em 2013 eu apenas mantive minhas leituras bem variadas mesmo. Pegando para ler vários livros fora do meu padrão de FC antiga e, com exceção dos 3 primeiros livros da Haruhi, não li nenhum que fosse da mesma série que outro. Foi um ano divertido e bem variado, e acho que não li nada de Barsoom por mero acaso. Acontece.

Como esses livrinhos são bons, vou colocar o 6º da série na minha lista mental para breve. Quero ver se começo a ler os livros do Hugh Howey finalmente, então lá vem mais um tijolo. Mas tentarei ler o nº 6 até o meio de ano. E algo que me deixou um pouco curioso com eles: logo no começo do livro o Carter recebe cartas sobre outras coisas acontecendo no país dele. Seriam essas coisas as tramas dos próximos livros?

Mas agora... paremos de encher lingüiça falando sobre planos que foram para o brejo [bem, vou tentar ler todos até o final de 2016 então], e falemos do livro.

Já perdi a conta, mas acho que, até o momento, já temos uns 8 seqüestros ou aprisionamentos de princesas:

Livro 1: a Dejah
Livro 2: a Dejah de novo e, no meio do caminho, o Carter encontra outra princesa (Thuvia) prisioneira, que havia sido seqüestrada antes.
Livro 3: a Dejah é re-seqüestrada.
Livro 4: a Thuvia é seqüestrada 3 vezes na mesma história.
Livro 5: e cá estamos, a Tara (filha do Carter) sai pra passear, perde-se, e é feita prisioneira. Aí vem o sujeito salvá-la e, durante a fuga... Ela é feita prisioneira na cidade seguinte. A foge e... pegam ela de novo. E apesar de não aparecer diretamente na história, ficamos sabendo que a esposa de um cara desta cidade era uma princesa na cidade do mocinho principal - antes, claro, de ter sido seqüestrada.

Acho que estou notando uma certa preferência temática pelo autor. Mas pode ser só impressão minha. Que tolice.

Mas até fui bondoso na minha contagem. Reencontrei um site que visitei faz muito tempo, com resenhas de todos os livros e... a contagem de seqüestros/resgates caso a caso. E de acordo com eles, até o 5º livro temos 19! E acho que eles nem contam os seqüestros que aconteceram antes de cada livro começar, como eu fiz com 2 dos acima.

Por falar nisso, para quem gosta de FC e Fantasia, em livros ou filmes, o tal site (Black Gate - Adventures in Fantasy Literature) merece uma visita bem demorada.

Agora, falemos sério, porque dizendo assim parece que eu não gostei do livro. E eu gostei! Claro, eu não consigo ter um olhar muito crítico, não sou professor de literatura nem nada, então o que me importa é que, ao ler o livro, ele me divirta. Eu falei isso lá na resenha da Trilogia Thraw: os livros eram cheios de forçadas e coincidências exageradas, mas... eu teria adorado ver tudo aquilo numa Sessão da Tarde. E o "As Peças de Xadrez de Marte" é isso, assim como os livros anteriores. É uma aventura meio-velho-oeste / meio capa-e-espada que, praticamente, só é ficção científica porque está em Marte.

Trocando alguns termos, daria para fazer a história se passar todo no mundo de Aladim, por exemplo. Seria num deserto. A pouca tecnologia apresentada poderia ser mágica (ou alquimia). Os seres sem cabeça poderiam ser zumbis. E as naves voadores poderiam ser tapetes. Putz, eu consigo facilmente imaginar a Jasmine nos livros do Burroughs.

Por falar nisso, eu imaginei a Tara como a Amanda Seyfried (de O Preço do Amanhã), mas de cabelos longos e escuros - e pele vermelha, claro. Sei lá. Combinou.

Mas paremos de viajar de novo [eu juro, eu não faço essas postagens nem mamado nem fumado], e falemos da história.

A história: menina gosta de menino. Menino diz que gosta da menina. Menino é visto apenas conversando com outra menina. E a menina original fica chateada. Para piorar, o pai dela resolve apresentá-la a um moço de outra cidade, rapaz de futuro, com carreira. O que a deixa ainda mais fula da vida. E o fato do sujeito ser todo garboso e engomadinho a irrita ainda mais profundamente. E aí ele apaixona-se a primeira vista por ela, e pronto, a garota fica puta de vez.

Qualquer um que assistiu novela nos últimos 30 anos: você já sabe como isso termina.

Mas, incrivelmente, vindo do Burroughs, eu tive uma surpresa. Eu tinha certeza de que o amigo de infância (o cara que conversa com outra moça) iria acabar se redimindo com a menina e o sujeito garboso (líder de outra cidade marciana) iria acabar sequestrando-a.

Na verdade, ele era mesmo um bom moço, e ficamos sabendo disso logo nas primeiras páginas. Isso atiçou minha curiosidade. Aparentemente a história não teria nenhuma princesa sequestrada desta vez. Ser feita prisioneira 3 ou 4 vezes na mesma história? Sim. Mas não foi sequestrada!

Voltemos. Tudo acima aconteceu numa festa no palácio, logo no começo da história. A garota se retira e, no dia seguinte logo cedo, resolve passear sozinha em sua pequena nave. [eu nunca consigo imaginar direito o que o Burroughs tinha em mente com essas naves dele. No começo parece ser um tipo de jet-ski aéreo, mas depois dá a impressão de ter o tamanho de uma lancha, mas sem cadeiras, e grandes tanques embaixo.]

Está lá ela, passeando no céu, fazendo algumas coisas mais arriscadas, típicas de adolescente... E ela é pega numa tempestade. Não uma qualquer, mas a mais assustadora já vista em muitos anos. Chega a derrubar uma das duas torres de Helium (a cidade capital) - o que é um detalhe importante vindo do autor, já que ele sempre menciona a cidade como tendo duas torres. Bem... agora só tem uma.

Ela não chega a ser arrastada como uma vaca num tufão [ou como tubarões num tornado] [onde esse mundo vai parar?], mas a nave dela não tem potência suficiente para vencer as correntes de ar e só sobra acompanhar a tempestade. De forma relativamente segura, mas ainda assim ela vai parar bem longe. E depois do sufoco de dois dias sem comer e dormir, controlando a navezinha, ela avista algo que parece um vinhedo com alguns silos em volta, e resolve descer; para descansar e talvez encontrar água e comida.

Como se ela não tivesse crescido ouvindo histórias horríveis, contadas pelos pais, sobre povos estranhos e violentos por toda a parte, que adoravam sequestrar a mãe dela. Adolescentes...

Se bem que em Marte não existe bússola nem GPS... Então descer e procurar ajuda talvez fosse mesmo a única opção. [mas cacete! Na Terra, mesmo antes de inventarem os dois, você não podia sair navegando ou pilotando sem aprender a se localizar pelas estrelas ou qualquer coisa! E aí, o "rei" de Marte deixa a neta aprender a pilotar sem saber isso?] [e putz... acabei de lembrar que 1 ou 2 livros atrás o irmão da garota inventou o piloto automático! Já era hora de todas as naves terem isso. Ainda mais a droga da nave da PRINCESA!!!, mas vou parar de divagar sobre isso... no dia que eu for rei de outro planeta eu penso em formas melhores de proteger a família real.]

Obviamente, descer num lugar desconhecido nunca dá certo em Marte.

Corta de volta para o palácio. Algumas horas depois da princesa ter saído para passear no céu e a tempestade ter mostrado que não era bolinho, fica óbvio para todos o que ela fez e o problema que ela deve ter arranjado. Mas nas ruas a situação é pior, o governo precisa de toda força de trabalho para ajudar a população no meio de uma calamidade, e também mal dá para decolar com naves para busca.

Mas eis que o líder da outra cidade, cuja nave ainda estava lá estacionada, resolve partir atrás da mulher amada (que ele conheceu por apenas uns 30 minutos). Todavia, a nave é boa mas não é mágica. E depois deles viajarem por algum tempo, ao salvar um outro tripulante de cair da nave, cai ele. E descrevi as primeiras 15 páginas do livro.

Na primeira cidade (a dos "vinhedos") a garota encontra uns seres sem cabeça (se entendi corretamente, no topo do pescoço descabeçado há um buraco, por onde eles se alimentam e, provavelmente, respiram). Ela fica assustada, espera anoitecer, bebe água, come umas frutinhas e aí... Fica presa no lugar, porque tem leões famintos vagando por ali. No dia seguinte, seres com cabeça a encontram e, claro, não eram pessoas de bem. A garota tenta fugir e, por acaso, "arranca" a cabeça de um deles. E aí descobre que a cabeça tem perninhas e que são seres em separado. Basicamente: tem as mulas de carga (que são os corpos sem cabeça, usados para serviços braçais, proteção e como alimento) e você tem seres que são basicamente... a cabeça. Um antigo povo que de tanto buscar o intelecto, evoluiu até quase só sobrar o cérebro. Claro... Porque não?

História vai, história vem. O sujeito que tinha ido atrás dela (Gahan) a encontra, salva e ainda fazem um amigo (Ghek) entre o "povo-cabeça" (kaldanes). Aí eles pegam a navinha dela que estava escondida e seguem sem rumo. Porque não só a droga da princesa não aprendeu nada sobre navegação, mas a porcaria do líder de outro povo e capitão da própria nave também não sabe se localizar. E a porcaria do sujeito que deveria ser puro intelecto passou a vida inteira só tomando conta de seres sem cabeça colhendo amoras! Cacete! O Burroughs também tá de sacanagem, né?

Ah, e a Tara não reconhece o sujeito, já que ela só a viu, a contragosto, por pouco tempo e com ele todo emperequetado, e neste ponto da história ele está usando um roupa qualquer e maltrapilho. E ele, para tentar conquistá-la sem ela já desdenhar logo de partida, entra na onda, inventa outro nome e não conta quem é.

E encontram uma nova cidade. Resumindo, porque a postagem está gigante, todo mundo é feito prisioneiro. O líder maligno da cidade acha a Tara linda e resolve casar com ela, ela o esculhamba de todas as formas, e ele decide matá-la. E depois decide casar com ela de novo. O Gahan vai parar num jogo de xadrez que é jogado com pessoas, que lutam até a morte para tomar cada casa. Detalhe divertido: o Burroughs escreveu as regras deste "xadrez marciano" e elas estão no final do livro.

E claro, como acontece todas as vezes em todos os livros, eles fazem um amigo na cidade inimiga. E o Ghek dá uma ajuda aqui e ali. E tem um velhinho que empalha os desafetos do vilão. E uma outra cidade. E algumas reviravoltas. E fantasmas. [não exatamente] E ratos gigantes. [ok, do tamanho de gatos]

E boa parte do final da história envolve corredores escuros, porque além de não terem inventado a bússola, nenhuma droga de marciano pensa em pegar um pedaço de madeira e fazer uma tocha nessas horas. [Putz... eu me empolgo nessas postagens... Falo, falo, falo... Se deixar rolar eu resumo a história inteira] [e não durmo].

Mas então, apesar do Burroughs repetir à exaustão seus temas preferidos, parece que ele sempre fica pensando numa nova forma de repetir a história, então até que não cansa. Eu achei o livro bem divertido, mesmo sendo bem episódico (que é como foi originalmente lançado). Dos livros da série até o momento, esse é o que melhor viraria um seriado para TV. De X em X páginas algo acontece de errado, como se porque você NÃO pode deixar o mocinho e a mocinha viverem felizes para sempre em 3 episódios. Tem que parecer que vai dar certo, e aí dá problema. E repita. São quase dois livros em 1 porque depois que eles fogem da primeira cidade, se não fosse pelo Ghek você até esqueceria que eles passaram por lá.


Por falar no Ghek, ele é responsável por uma das passagens mais divertidas, em que ele tira um baita sarro do guarda que estava cuidando do cativeiro dele, "mentindo" descaradamente, mas sem dizer nenhuma mentira. Achei engraçada. Podem me culpar. Outra coisa legal é o estilo das falas (lembrando que o livro é de 1921, está quase fazendo 100 anos!): as conversas são sempre totalmente educadas, corretas e arcaicas [lembrou-me os primeiros livros do Guerra dos Tronos, antes de perceberem que na verdade era 'erro' de tradução - mas eu gostei muito mais da tradução do Candeias como estava, de repente até mesmo por isso].

Acaba que o livro não termina da forma abrupta como eu pensei que aconteceria [possivelmente trauma do livro anterior], mas rolou um certo "problema de continuidade": como foi que acharam Helium tão fácil - e rápido - no final da história, se antes eles mal conseguiam se achar? E se é tudo tão perto, como foi que essa cidade ficou desconhecida tanto tempo?

No final, a história do livro passa-se em 1 ano. Eu não tinha imaginado tudo isso não, fiquei com a impressão de uns 4, talvez 6 meses. Mas, como eu já disse sobre outro livro, tudo para o Burroughs leva muito tempo. Acho que se ele descrevesse alguém escolhendo o jantar na geladeira, a frase seria "E tendo contemplando todas suas opções, três dias depois ele optou por apenas uma banana."

E lá atrás, numa das postagens anteriores, eu coloquei dois links para a arte das capas. Pois acabei de achar outro (Dana Mad) com as imagens em uma resolução ainda maior. Putz, sensacional. E vale muito a pena passear pelo resto do site, vendo outros artistas colecionados lá.

Ainda no tema, um passatempo: encontrar em todas as capas marcianas a assinatura do artista (é um círculo com um M e um W sobrepostos, é o logotipo no topo do site, no link lá no alto) [e alguém conseguiu achar a assinatura justamente na capa do Chessmen?]

Mas é isso. Essa postagem ficou em rascunho por 5 meses. Li o livro em abril e estou colocando isso no ar em setembro. [e para constar, ainda não li nenhum outro livro da série... e ainda estou devendo postagem sobre uns 3 ou 4 que li depois desse... já falei isso antes, mas... essa vida agitada de blogueiro ainda acaba comigo. rs!]


Para resenhas dos demais livros da série, clique no marcador John Carter abaixo:

sábado, 19 de abril de 2014

Noé 2: Esta terra é minha!

Quando estava vendo Noé tive o estalo de "não sei o que vou escrever, mas já sei como terminar a postagem!". Que seria comentar que todo aquele plano de Deus de matar todo mundo para recomeçar direitinho só com o povo escolhido na terra escolhida... Não deu muito certo. E daria o spoiler dos 6.000 anos seguintes com o vídeo abaixo. Mas só fui lembrar disso 2 dias depois e não queria tirar a Jennifer Connely de ser a conclusão do texto porque... afinal... Jennifer Connelly! [e argumentos contrários são inválidos!]

Mas cá está, porque o vídeo e a música (e a aula de História) são bem legais.
This Land Is Mine
- de Ernest Gold and Pat Boone, por Nina Paley.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Noé

Nome original: Noah
Duração: 2h18min  --  Ano: 2014  --  Trailer
De: Darren Aronofsky (de Cisne Negro e Fonte da Vida)
Com: Russell Crowe (de Gladiador e Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo) [pena nunca terem feito as continuações, adorei este filme], Jennifer Connelly (de Labirinto, Rocketeer, Réquiem Para um Sonho e Cidade das Sombras), Ray Winstone (um dos anões no Branca de Neve e o Caçador e o Sweeney Todd na versão para TV), Anthony Hopkins (de Nunca Te Vi, Sempre Te Amei, mais conhecido atualmente como o Dr. Hannibal Lecter ou Odin), algumas crianças e suas versões adultas e Emma Watson (de Sete Dias com Marilyn e As Vantagens de Ser Invisível, ah, quem eu quero enganar, é a Hermione e pronto!). [e todos com nomes bíblicos muitos legais]

A história: homem traumatizado tem pesadelos e, após consultar-se com um eremita louco, resolve plantar feijões mágicos para, com ajuda de gigantes de pedra, três crianças, um bebê e sua esposa gata, construir um barco e fundar o Greenpeace.
[desculpe, mas se você não sabe quem é o Noé, veio ao lugar errado para aprender]

Agora, vamos ao que interessa: reclamar e elogiar. OBS: com spoilers, por assim dizer.

Ô gente chata! Não sei porque todo o mimimi com esse filme. Ateus babacas [obs: nem todo ateu é babaca, o que eu quero dizer é: "ateus, e dentre eles, os que são babacas"] que não querem ir porque é da Bíblia e eles não acreditam nela, eu até entendo (mas não concordo, porque isso não faz sentido algum) [nas sábias palavras do Rapaduracast: "O Aragorn também não é de verdade!"]. Mas até os religiosos? Ah, porra! Vão se catar! Tinham mais é que gostar de alguém estar fazendo filme bíblico (*) [acho que o últimos que vi foram "Príncipe do Egito" e "Moisés" com Charlton Heston] e não ficar tendo ataque de "Mas não ficou igual à Bíblia", "Mas não foi assim!"...

Galera, também NÃO FOI igual está na Bíblia. Na verdade, NEM FOI! Aceitem: a Bíblia é um apanhado de contos e parábolas, para passar lições de moral e religiosidade. Algumas das lições são bem duvidosas, mas não entrarei no mérito. Procurem algum estudioso do Cristianismo e eles te dirão isso! Não é chatice minha. Grande parte do que está na Bíblia são adaptações de outras lendas mais antigas, retiradas de ouras religiões, porque o Cristianismo, para crescer e difundir-se, também precisava de marketing! [e claro, tem aqueles outros estudiosos que dizem que 100% da Bíblia é isso, inclusive todos os personagens principais. Mas também não entrarei neste mérito.]

(*) OBS: na verdade, são feitos filmes sobre cristianismo num ritmo maior do que as produções baratas e ridículas do SyFy, mas, infelizmente, com a mesma qualidade. Quando eu digo que não fazem filmes bíblicos eu quero dizer filmes BONS! E sim, digo "infelizmente" porque mesmo achando que é tudo mitologia reciclada, ainda assim daria pra fazer bastante coisa legal com aqueles personagens e tramas. E querendo ou não, eu sou ocidental, então cresci com a influência destes personagens aqui e ali, em todo lugar. O problema é que todo mundo fica querendo fazer coisas adocicadas, maniqueístas e respeitosas, ao invés de lembrar que o marketing e estilos de narrativa que funcionavam no ano 1.000, lá no séc. X, não funciona mil anos depois! E nesse aspecto, o Noé do Aronofsky dá mais certo hoje do que ler o Noé como está nas, perdoem meu sarcasmo, "escrituras sagradas".

Ou, nas palavras de Neil Gaiman, que é muito mais conciso do que eu: “We have the right, and the obligation, to tell old stories in our own ways, because they are our stories.”

Mas e porque os religiosos mimimentos me irritam? Porque eu, que sou um cético de nascença, pagão por vocação, e implicante por natureza. Vi, gostei, e aí... Fiquei curioso em saber o que aconteceu com os personagens depois daquilo. E vocês sabem onde está a continuação da história? Vocês sabem? VOCÊS SABEM!? NA BÍBLIA, cacete!

O filme fez um herege ter vontade de ler a Bíblia! Se o diretor não merece um tipo de "Oscar do Vaticano" pelo filme, esse mundo está muito errado.

Claro, não vou fazer isso, porque entre ler a Bíblia ou mais uma ficção científica, eu prefiro a segunda. Outro dia li no Skoob, justamente na página da Bíblia, uma frase fenomenal em sua concisão sacana e humor ácido. Merecia virar adesivo para carros: "Ficção por Ficção, prefiro Harry Potter". HA! É por aí! Mas não tira o mérito do filme. Na verdade, o principal motivo de eu não ir na Bíblia e dar uma lida no que aconteceu com a família de Noé é só porque já fiquei sabendo que, na versão oficial, boa parte daquilo foi diferente e que todos os filhos tinham suas próprias esposas - e minha curiosidade principal foi saber se o filho careca tinha encontrado algo andando pelo mundo e se voltou depois e casou com alguma das sobrinhas.

Agora vamos à alguns comentários mais rápidos...

A cena da montanha, com as pessoas tentando escapar do dilúvio, ficou muito legal. Parecia um daqueles quadros religiosos mais antigos. Mas que não vou dar nenhum exemplo, porque não sei os nomes dos pintores dos quadros que estou lembrando. [e jogar "pintura religiosa" no Google seriam horas e horas de buscas infrutíferas]

O cão-pangolim no começo do filme ficou bem legal. Ao contrário da casquinha de cobra, que foi a única coisa que eu mudaria no filme. Qual era a utilidade do couro brilhante, por falar nisso? Aproveitando que estamos falando dos animais, o filme perdeu uma boa chance. Mas que ficaria meio humorístico se tivessem feito, então é óbvio que nunca ia rolar: na hora que o vilão mata um bicho na arca, para atrair o Noé para uma armadilha (bicho que a partir dali não teriam 2 e seria o fim daquela raça), o bicho podia ter sido um unicórnio!

Por falar nisso, uma implicância minha com o filme é uma certa lerdeza dos personagens. Eles ficam na arca uns nove meses [ou mais] confinados... eu, ali, por puro tédio, passaria o tempo andando por cada centímetro. Em suma: ninguém esbarrou num velho manco esse tempo todo?? E a Hermione, em terra, levou vários meses pra conseguir pensar no argumento de 3 linhas que tirou o Noé da fossa!

Ah, e uma outra reclamação das pessoas em geral são os "monstros de pedra" (anjos caídos, na verdade). Eu achei que ficou muito bom. Só achei que eles não precisavam ter expressões faciais tão claras e carinhosas (no caso do "monstro" principal), podiam ser ainda mais pedregosos e sem rosto mesmo. Mas a maneira do diretor de colocar anjos ajudando (que é algo que está na Biblia, pipocas!, mesmo que não seja na parte sobre Noé) achei muito boa. E ainda deu mais "realismo" na construção da Arca, porque, do jeito que a igreja conta, o sujeito nunca ia conseguir. Mas já... com gigantes mágicos de 3 braços e super-fortes dando ajuda... Aí, até eu!

O trailer (que acabei de rever) é bem pilantra quanto a isso até. Pelo jeito os produtores notaram que as pessoas implicariam com eles e, no trailer, eles NÃO aparecem. No filme, quando o Noé diz que não está sozinho, você é induzido a achar que o sentido é "Deus está comigo!". Mas no filme, nesta cena, os gigantes se levantam de forma ameaçadora! E na cena do Matusalém enfiando a espada no chão e jogando fogo na graminha (o que não faz nenhum sentido no trailer), no filme vemos a cena completa, com um exército correndo e atacando justamente os tais gigantes. Malandros.

Ah, e elogio final, para fechar a resenha em grande estilo: Jeniffer Conelly! E tenho dito!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Way Station

Em português como: Estação de Trânsito, na coleção Argonauta, nº 130-A [nunca entendi esse "-A"]
Autor: Clifford D. Simak
Editora: Old Earth Books --  Ano livro / história: 2004 / 1963
Páginas: 228  --  Capa dura, tamanho padrão.
ISBN: 978-1-882968-27-5
◄ clique na capa para o resto da paisagem.

Um clássico que demorei para ler. Se não me engano, ele só foi chamar minha atenção em conversas numa lista de e-mails de fãs portugueses sobre ficção-científica (essa aqui, que está meio morta faz tempo, mas já foi bem animada).

O próprio Simak em si nunca me chamou a atenção também, e o único livro que eu lera dele até este foi um tanto traumático. Foi o Boneca do Destino (Destiny Doll). A história prendia a atenção, alguns conceitos interessantes, mas meramente mediana e com um final tão ruim, que pôs todo o resto decente a perder. O pior é que parece que as pessoas não acharam assim tão ruim. Fiz, agora, uma média entre Amazon, Google Books, Goodreads e o Skoob [e acabei de descobrir que o site O Livreiro morreu! ok, eu não gostava dele, mas é chato. Que pena.] e o livro ficou com nota 3,6 de 5 (ou 7 de 10, se preferirem). Eu daria menos.

Acabei ficando com uma enorme curiosidade pelo Way Station por falarem tão bem dele, até com uma certe reverência. Mas... O trauma anterior me segurava. E vai que eu leio e acho uma bosta? É como diz o ditado "Expectativa é uma merda."

Bem, eu li. E é MUITO bom! :-D

Por algum motivo (apesar de não lembrar, certamente já li alguma sinopse do livro nestes anos todos), eu sempre tive aquela sensação de que seria um livro bucólico, o sujeito, na sua fazendinha e, assim como quem não quer nada, um bando de ETs papeando no celeiro. Imaginava algumas situações ou descrições meio psicodélicas (preconceito meu com livros dos anos 60), mas no geral, algo mais melancólico. A capa do meu livro, bem mais campestre que as antigas, também ajudou a sensação. A maioria das demais que vi eram meio malucas ou tecnológicas. A que eu esbarrei que mais tem o clima estilo da minha foi uma edição polonesa! [imagem melhor aqui] (mesmo assim, tem um treco que parece um balão high-tech em cima). Na minha cabeça, como o personagem principal era um ex-militar de guerras do velho oeste, achei até que a história passaria toda naquela época, com uma visão de alguém mais "primitivo" sobre todo esse rolo de sociedades interplanetárias.

Mas vamos à história: um ex-soldado da Guerra Civil Norte-Americana (aquela, do Sul contra o Norte) [e que gerou um dos poucos quadrinhos do Pato Donald que eu lembro até hoje] um dia é visitado por um sujeito meio estranho, que quer contratá-lo - pois após uma longa busca, ele pareceu a pessoa perfeita para o cargo que ele tem em mente.
O cargo: tomar conta de uma estação de transferência de viagens interplanetárias. Como quando o trem pára numa estação, aguardando liberar a linha à frente. Só que as pessoas viajam sozinhas ou em grupos pequenos, e não tem vagão, é por teletransporte. No universo do livro existem viagens por nave espacial também, mas são bem mais demoradas do que o transporte instantâneo, feito pelo maquinário que o nosso herói, Enoch Wallace, toma conta, e que fica mais ou menos escondido na casa dele, no interior dos EUA. Digo "+/-" porque a estação ocupa uns 90% do lugar, mas todo este resto da casa é inacessível por quem não sabe abrir a passagem para lá.

E nessas paradas, aguardando poderem continuar viagem, os alienígenas (de várias raças e planetas) ficam na casa do sujeito, fazendo hora, colocando o papo em dia com o guardião local e até deixando presentes. Tudo no mais absoluto segredo, pois o Enoch é o único humano que sabe que tudo isso acontece. [claro, se você parar para pensar, verá que é uma operação insana, mesmo que sejam muito poucas pessoas fazendo viagens interplanetárias, você multiplica isso pela quantidade de planetas, e pronto!, não rola de 1 só sujeito dar conta e nem do hub ser tão tranqüilo, mesmo sendo uma estação nova num canto pouco movimentado da galáxia, mas... se formos começar a procurar furos em livros de ficção científica, ferrou! E a idéia do livro não é promover as bases para um sistema viário espacial a ser implantado em breve pela NASA nem nada, então dane-se! Ignore e aproveite.]

Uma coisa legal em ser o encarregado da tal estação de trânsito: ele é praticamente imortal. Dentro das instalações ele não envelhece. Então fora a caminhada matinal, conversar com o carteiro, e algumas atividades rápidas no mundo externo, o tempo não passa para ele. [não lembro agora onde ele dorme, mas se for dentro da estação também, a cada 24 horas ele deve envelhecer umas duas ou três apenas]

E aí... começa a história... que se passa nos anos 60 e temos um tipo de agente do FBI (ou da CIA) dizendo que está investigando o sujeito. Aí tive a má sensação de "putz, vai acabar sendo um livreco, e o personagem, dono da tal estação, que eu tinha grandes esperanças, um coadjuvante." Acabou que não. Apesar do livro se passar 100 anos depois do que eu achava [eu não sabia disso da imortalidade até começar a ler], todo o climão que eu imaginara (ou já sabia, não lembro) estava lá sim. E a introdução, com os agentes, serve para não só te introduzir o Wallace mais rapidamente do que seria com ele sozinho e pensando consigo, como te dá um gancho de uma curiosidade que você só vai matar já quase no final do livro.

A propósito, algo legal no livro, sobre o teletransporte dos viajantes, é que ele não é do jeito estranho de Jornada nas Estrelas, onde a pessoa é mesmo "transmitida". Aqui eles fazem o que sempre fez mais sentido na minha cabeça: uma vez que a pessoa é toda "digitalizada", você passa a ter toda a informação necessária para criar uma cópia dela em outro lugar. E é o que é feito. Quando o passageiro chega numa estação, o corpo original ainda existe, morto, na estação original. [aguarde, já falo sobre isso!] Em Jornada nas Estrelas nunca fez sentido que existam replicadores que podem fazer quantas maçãs você quiser, porque a "receita" de uma maçã já está lá guardada, mas na hora de replicar uma pessoa, a "receita" não é e nem pode ser guardada. Porra, se é informação... dá para salvar num disquete! A pura verdade é que, cada vez que o Spock fosse transportado, do outro lado deveria sair uma cópia e o original ser assassinado (desmaterializado, ou o termo que você preferir), para não ficarem com dois. Vide o O Grande Truque. [que se você não viu, não releia a frase, esqueça o que eu disse - assista isto aqui para matar alguns neurônios em grande estilo - e aí depois veja o filme!]

Agora, voltando à parte do corpo morto na estação original, na história a razão das sobras não é nenhuma questão física, é devido a... hummm... eu esqueci o termo que eles usam, acho que é força espiritual (não estou com o livro aqui) mas simplifiquemos, é como se fosse a alma e pronto (sei lá, realmente esqueci o termo usado), o que nos leva à um dos conceitos do livro, importante em sua segunda metade. E que me deu uma certa ressalva, enfiando espiritualidade na história, mas já aviso logo, não compromete e nem afeta a trama, é um mero um MacGuffin (uma desculpa qualquer para fazer a história girar) do que algo que você precise pensar no assunto. [e no livro o personagem ainda qualifica tudo meramente como tecnologia avançada, vide a 3ª Lei de Clarke, então tudo bem, ninguém lá fala em vontade divina, anjos, nem nada assim]

O que acontece na segunda metade da história, que uma hora iria parar de só ficar filosofando e comentando sobre a vida, o universo e tudo o mais [que eu até estava gostando, e descobri que existe um negócio chamado Pastoral Science Fiction, pesquisarei mais a respeito depois], é que não só descobrimos o que era o tal gancho dado no começo da história (e aí o agente da CIA volta a aparecer na história) como ficamos sabendo que o universo aí fora não está tão fofinho quanto parecia. Roubaram uma máquina (irreproduzível) que levava o contato espiritual aos povos da galáxia. É como se o Papa andasse por aí levando uma máquina que fizesse as pessoas amarem uns aos outros. E a máquina foi roubada. E não tem mais Papa. Soa mal explicando porcamente assim mas, acreditem, isso é o que menos importa.

E o tal roubo é o mote para termos um pouco mais de ação e resolver também algumas das tramas paralelas. E o gancho dado lá no começo serve para complicar a vida do nosso herói, para ele não ficar só lendo o diário e relembrando visitas anteriores, preocupando-se se haverá uma nova guerra mundial, conversando amenidades com o carteiro, ou colhendo flores silvestres com a vizinha surda/muda. Que por sua vez também causa um pouco de complicação para a vida do sujeito, cujos vizinhos notam que ele não tem envelhecido, mas faziam vista grossa... Até então. Uma das tramas paralelas até envolve a possível destruição da Terra, mas a história é contada de um jeito... que você fica mais preocupado com os vizinhos caipiras do protagonista do que com isso. Ele próprio solta um suspiro de que tudo que podia dar errado, resolveu dar errado ao mesmo tempo.

Resumindo, eu não sei como recomendar esse livro direito. [normal isso] É uma excelente FC mais tranqüila, bucólica mesmo, com bons personagens, até um bom andamento, em que você acompanha o dia-a-dia do sujeito, mas com vários conceitos que beiram a fantasia [a cena com a borboleta! só entrego isso.] ou impraticabilidades tecnológicas mesmo, como a já mencionada tranqüilidade da estação, por ex. Ah, e ele tem um holodeck e amiguinhos virtuais.

Mas de novo, é um excelente livro, e eu quero que vocês leiam. É de um estilo mais inocente e otimista, com algumas soluções até um pouco ingênuas (e até previsíveis) e, se eu não soubesse que o livro é dos anos 60, facilmente acharia que ele é dos anos 20 ou 30, épocas de Uma Princesa de Marte ou dos Homens-Lente.

Terminando, para quem quiser um resumo decente da ambientação:
Hard SF.org [que me fez lembrar porque os 'frames' em sites morreram]
Ou para quem quiser ler mais elogios ao livro: Resenhas na Amazon
Tudo em inglês, porque não achei resenhas em português.

E se resolverem comprar e inglês não for um problema, tentem comprar a edição igual a minha, da Old Earth Books. Ficou muito bonita e bem acabada. Está em falta na Amazon (até tem, mas usada) mas, aparentemente, ainda tem no site da editora (link lá no alto da postagem). Já a edição em português é bem rara; mas tem a venda na AbeBooks (encontrada via AddAll, adoro esse site, já me ajudou muito), só que custando mais do que a capa dura (e nova) que indiquei.

Novamente, um excelente livro. Preciso ler mais Simak daqui por diante.
Vocês façam o mesmo!

domingo, 16 de março de 2014

Recruta Zero x Frank Miller


Bons tempos os anos 80, quando a imagem acima era perfeitamente válida numa revista direcionada à crianças de 6 à 12 anos [não sei a faixa oficial, mas era +/- nessa aí que eu lia Recruta Zero com regularidade]. OBS: cliquem nela para ampliar.

E para saberem, depois que a espada sai voando ela cai no peito do Sargento Tainha, que explode em sangue. [o peito, mas se tivesse sido o sargento inteiro também teria sido impressionante!]

A história acima é a Zeronin, "por Frank Milho", e está na edição nº1 do Almanaque do Recruta Zero, de novembro de 1989, pela Editora Globo. Encontrei-a hoje, fazendo uma limpeza de umas partes mais antigas e inóspitas da estante. Eu nunca fui de guardar revistinhas, mas esta mereceu. [outra, devidamente guardada junto, é a história onde o Homen-Animal encontra-se com o coiote das histórias do Papa-Léguas - aqui em inglês]

E para quem é ruim da cabeça e não pescou, o título e o autor são paródias com Ronin, de Frank Miller. Também está na edição outra história (apenas poucas páginas, na verdade, como a acima) parodiando a O Cavaleiro das Trevas ("O Sargento das Trevas"), mas onde o Tainha veste-se de Super-Homem ao invés de Batman. [também tem sangue, mas bem menos] E tem outra que é como seria se o Recruta Zero fosse desenhado pelo Maurício de Sousa. Para saberem, o mote da revista é que o desenhista do Zero sumiu e os editores estão tentando arranjar outro. E o detalhe interessante é que isso nunca apareceu em nenhuma revista americana do Beetle Bailey (o nome original do Recruta Zero), foi tudo idéia e desenhos de brasileiros, ambos devidamente aprovados pelo Mort Walker (o criador do personagem).

Fui procurar agora uma imagem da capa [preguiça de scannear eu mesmo novamente] e acabei de notar que até que essa revista não foi esquecida, encontrei uma postagem sobre ela de 2008 e saiu uma matéria na Universo HQ mal tem duas semanas até. [e mesmo correndo o risco de acharem que essa postagem aqui é imitação e não uma baita coincidência, não quero saber, a imagem no alto merece] Inclusive, cliquem lá para verem mais imagens da revista. Tem o Tainha de Super.