sábado, 5 de janeiro de 2013

Thuvia, Maid of Mars

Autor: Edgar Rice Burroughs
Arte da capa: Michael Whelan [adoro as capas dele, depois desta série descobri outros meus com capas do sujeito]
Editora: Del Rey Books
Ano livro / história: 1985 / 1914
Páginas: 128  --  ISBN: 0-345-32898-1  --  Tamanho: de bolso
Tradução para o português: não existe [e aí, Aleph?!]

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Aha! Mais um livro para cumprir a meta de ler todos os 11. Vamos lá!

A história: No final do terceiro livro eu disse que o filho do John Carter (o Carthoris) arranja uma namorada (a Thuvia). Na verdade... Não arranjou não. Ele até que insiste, mas ela foi prometida à outro príncipe e se mantém fiel aos votos, mesmo não tendo interesse no outro sujeito que ela mal conhece. Em paralelo, outro príncipe de outra grande cidade marciana (Dusar) também está tentando conquistá-la. Mas ao contrário do Carthoris, que é meio metido mas é um bom sujeito e respeita a moça, o tal príncipe (Astok) tenta convencê-la pelos motivos e das formas erradas. O principal argumento dele é que ele a ama, é bonito, rico, um príncipe de uma cidade poderosa, e ela tem mais é que amá-lo por causa disso, e basicamente é uma idiota se não concordar. [e eu achava que eu era ruim de galanteios...]

Em paralelo, o Carthoris inventou o piloto automático. Ele está lá mostrando para uns sujeitos que inventou um treco que basta dizer para onde quer ir, e a nave vai sozinha, ele pode até cochilar no caminho. Aí perguntam para ele o que acontece se outro sujeito tiver a mesma idéia, no caminho inverso. Aí ele explica que também inventou (não com esse nome) o transponder (aquele aparelho que ficou famoso quando dois aviões se esbarraram sobre a floresta amazônica): se vier uma outra nave fazendo o oposto, tem um esquemete lá e elas se desviam sozinhas. Ponto para o Burroughs, que pensou nisso 99 anos atrás. E durante toda a explicação, um sujeito ouve com sombria atenção.

Até um detalhe que é sempre bom recapitular, a história é cheia de clichês, mas... Lembrem: esse livro é da época que os clichês ainda não existiam, estavam sendo inventados. Muitos pelo próprio Burroughs. Então boa parte das coisas manjadas, do ponto de vista atual, na época ainda eram mérito da história.

E começa a ação e o plano nefasto. O atencioso acima era um capanga do príncipe maligno, que adultera o piloto automático para mandar o Carthoris para uma cidade abandonada no meio do nada. Assim que ele deixa a cidade a Thuvia é seqüestrada por soldados do vilão, disfarçados como se fossem de Helium (a cidade do Carthoris). [ou algo assim]

E aí uns boatos bem colocados são feitos. Testemunhas contam para o pai da Thuvia o que viram. Ninguém encontra o Carthoris para perguntar qualé a dele e se ele seqüestrou a garota. E a cidade de Dusar vai colocando lenha na fogueira, querendo colocar cidades amigas em guerra e depois conquistar os destroços.

E corta. Temos um pouco de ação na tal cidade abandonada. Não lembro bem a lógica, mas mandam a nave do Carthoris se perder no mesmo lugar onde resolvem esconder a mocinha. Acho que foi só pela comodidade. "Soldados malignos, fiquem aí tomando conta da seqüestrada, mas quando chegar uma nave perdida, matem o piloto. E continuem o bom serviço. Boa tarde." Não lembro. Mas isso não dá muito certo, aparecem os macacos albinos do primeiro livro, e nem os vilões sabiam que a cidade estava cheia de marcianos verdes. No final, a Thuvia muda de seqüestrador, e é levada agora por um dos verdes.

E lá vai o Carthoris atrás, sem nem saber que o resto do planeta está quase em guerra mundial, achando que ele é o culpado por toda a confusão. E ele encontra a Thuvia num acampamentos dos verdes, que estão para atacar uma cidade desconhecida, habitada por marcianos brancos, mas de um outro tipo, sem serem os do 2º livro [os carecas do filme, mas não lembro se eram carecas no livro também]. Esses tem como traço característico o cabelo castanho-arruivado. E eles não sabem que o resto de Marte ainda existe, estão isolados e acham que todos já morreram e eles são a última cidade em pé.

Enquanto ele pensa em como salvar a moça, um exército de arqueiros sai da cidade e ataca os verdes. Mortos e sangue para todos os lados, e no meio da batalha ele salva a Thuvia. Aí eles notam algo estranho. Todos os mortos são dos verdes, e não há sangue, nem flechas, e nenhum corpo do exército da cidade.

Não vou explicar não. Leia o livro. Mas fica mais um ponto para o Burroughs, que teve, 100 anos atrás, outra idéia que foi ficar conhecida bem depois, em Matrix, a de que basta o cérebro acreditar que você se ferrou e deveria morrer, para morrer de verdade. [meio que entreguei a solução, mas há toda uma seqüência na cidade que podemos pular, na verdade, estou me empolgando e contando quase o livro inteiro]

No final, tudo parecia bem, mas mocinho e mocinha se separam, e lá vamos nós de novo... a Thuvia é re-seqüestrada pelo vilão. Aí tem mais alguns rolos, o Carthoris faz um amigo entre os castanhos-arruivados, finge-se de soldado do exército inimigo, muitas coincidências fortuitas, o cara é um bom espadachim, e fim!

Opinião: 
Li a primeira metade do livro bem aos poucos, não muito animado. De repente o ritmo melhora e li todo o resto quase num golpe só. Acima eu já comecei a esquecer algumas coisas, mas é que estou escrevendo isso duas semanas depois de ter terminado.

No começo há duas partes bem cansativas. Num dado momento o vilão chega na cidade de Helium; e a descrição do local, do comércio, barraquinhas e o cacete, parece que não termina. Não sei se foi má vontade minha na hora, mas deu uma canseira. Isso se repetiu na descrição da cidade abandonada um pouco depois. A teoria da má vontade até pode ser real, porque a história desse livro é: outra princesa marciana é raptada, e outro humano (meio-humano, mas ok) precisa salvá-la.

Já comecei o livro naquela de "De novo? Quantas vezes princesas serão seqüestradas em Marte?" mas pretendo ler todos os livros marcianos do Burroughs até 2014 [tem que dar um tempo entre eles, e estou também intercalando os livros da série Torre Negra, bem mais grossos], e apesar de eventuais pesares, eu gosto deles. Então tudo bem.

Outro problema é a cidade perdida ter continuado perdida. O resto de Marte não conhecê-la, ok. Eles nunca foram lá e olharam, e os marcianos verdes não se dão bem entre si, então não devem ficar trocando informações geopolíticas entre eles. Mas não vi nenhuma explicação decente para ELES, da cidade perdida, não saírem dali para explorar.

Agora, apesar de retomada do interesse, o livro teve um problema no final... Bem, não estarei entregando nada se disser que o filho do John Carter salva a princesa, e termina com ela. Isso é minimamente óbvio. Mas no processo temos uma baita guerra sendo preparada, imensos exércitos voadores [já falo deles] prontos para se chacinarem, um governante que descreveu todos os horrores que aconteceriam à sua cidade se algum dia descobrissem que o idiota do filho dele foi o sequestrador, ah, e o filho escapa, mas com todo o seu exército pronto para ir atrás - o Carthoris tinha uma nave mais rápida, mas dane-se, o cara iria atrás com certeza - e aí, quando você espera que algo aconteça, que os mocinhos encontrem seus reis e anunciem "Vejam, estamos vivos e não foi culpa de filho do Carter", e talvez até tenhamos alguma rápida batalha terminada de forma honrosa, para terminar logo a história, aquela coisa de "Nobre rei inimigo, reconheço que seu filho é um babaca e que você não é totalmente santo, mas nada vale todo o sangue que derramaríamos, uma vez que a mocinha foi salva. Baixemos nossas armas."... Ou uma descrição ainda que rápida da batalha, terminando com papai e filhinho vilão mortos, e corta a cena para um casamento.

Não! Nada disso acontece. A Thuvia passou boa parte do livro apaixonada pelo mocinho mas, honrada por ter sua mão prometida, sem declarar seu amor a ele e nem dando esperança pro rapaz. Desmotivando-o sempre que possível. Aí finalmente essa situação se resolve (surpreendentemente sem a morte do cara que tinha a mão dela em promessa) e aí... Não, o livro não termina com eles se beijando. Mas termina aí.

Temos todo uma situação política insustentável que já deu merda, amigos desfazendo amizades, exércitos batendo no peito, nações estrangeiras ao resgate, vilões NÃO derrotados, doidos para continuar (ao que parece) com seus planos malignos, e... nada disso se resolve no livro. Talvez o livro seguinte faça alguma menção, alguém converse com alguma princesa dizendo "Veja se não vá ser sequestrada você também, hein! Já tivemos duas e da última vez aconteceu X, Y e Z... Menina, foi um problemão que só vendo!". Mas sei lá, não tenho grandes esperanças não.

Confirmando... Acabei de olhar o texto do livro e, nele inteiro, o nome Thuvia só é mencionado 1 única vez, e Dusar (a cidade vilã do livro atual), é mencionada 2 vezes. Não li o livro, isso não é garantia de nada... Mas ainda mais agora, eu confio no meu chute de que toda a parte acima ficou mesmo sem resolução. Fica subentendido que os vilões foram devidamente castigados e tudo acabou bem sem muito sofrimento. E pronto!

Ah, mas algo de bom no final. Falei acima dos exércitos. Ok, sei que é exagero meu, mas a rápida descrição dos exércitos voadores no final ficou bem legal... Peguei um pouco do visual do filme (o John Carter of Mars, que não é de todo o mal, acabei não resenhando até hoje, mas eu gostei), juntei com o que eu já tinha imaginado ou visto de outras imagens por aí, e ficou muito bonito! Teria sido uma cena espetacular. E não só por isso, grande coisa as naves voando... Mas é que nessa parte do livro, de surpresa, o Burroughs traz os marcianos amarelos e os marcianos negros! Dane-se! Entreguei! Mas esse livro tem 99 anos. Porra! Já posso contar spoiler. Eles haviam sido completamente ignorados o livro inteiro. E aí... É descrito que naves deles também se ergueram e estão indo pela batalha, ajudar John Carter, o cara mais cativante e carismático do Sistema Solar pelo jeito.
Não quero saber, foi só meia página de texto, mas a surpresa valeu a "cena". Foi como num filme em que a direção propositalmente te faz esquecer de um personagem, só para fazê-lo chegar no final, correndo com um exército atrás! Muito bom.

Ah, isso acontece nesse livro no final também. Todo aquela história da cidade perdida, ignorada depois, é usada no final, para ajudar a resolver uma situação.

Mas é isso. Começa devagar, fica interessante, e termina meio abruptamente. Agora é esperar mais alguns meses e ver qual a próxima princesa que será seqüestrada.
Dica: a mocinha do próximo livro é a irmã do Carthoris!


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