terça-feira, 4 de março de 2014

A Trilogia Thrawn

     

Títulos: Heir to the Empire, Dark Force Rising e The Last Command
(sempre com um Star Wars: na frente, claro)
Todos já publicados no Brasil como Herdeiros do Império, O Despertar da Força Negra e A Última Ordem, pela antiga Editora Best Seller. [mas como viraram raridades, é mais barato ler em inglês mesmo]
Autor: Timothy Zahn (autor de vários livros de fc mais militar)
Editora: Bantam Spectra --  Anos: 1991, 1992 e 1993
Páginas: +/- 1.300 ao todo. Parece muito, mas são só umas 430 por livro e são de bolso, então uma página cabe menos texto que o normal.
[juntando os 3, deve dar menos texto que qualquer um dos livros de Guerra dos Tronos]

Disney vindo aí, sabe deus mais quantos filmes (estão até falando num 'O Jovem Han Solo'), e pessoal já dizendo que não vão se basear nos livros que vieram antes.
Então resolvi tomar vergonha na cara e finalmente ler a tão famosa Trilogia Thrawn, considerada pelos fãs a continuação oficial dos filmes. Veja bem... Até prova em contrário (ou seja, o George Lucas desdizer) tudo que acontece nos livros de Guerra nas Estrelas acontece "de verdade" no universo dos personagens. Então se o Lucas me autorizar a escrever um livro em que o Luke tem um cachorro de estimação chamado Fofucho, nenhum outro autor pode dizer depois que o Luke nunca teve um cachorro. Exceto o Lucas. Porém... existem livros e livros! Sempre tem aquela situação de "Todos os livros são bons, exceto da série tal." ou "Os livros deste autor eu não considero.", mas a Trilogia Thrawn sempre pareceu ser unanimidade.

E já que agora corremos o risco do Lucas estragar até isso, eu tinha que ler logo a "continuação de verdade" antes. E cá estamos.

A história: Cinco anos depois do O Retorno de Jedi, a Princesa Leia está grávida de gêmeos e é um tipo de embaixadora itinerante da Nova República, o Han Solo é general e o Luke... hummm... a profissão dele é ser Jedi, mas também ajuda. E apesar de termos um novo governo dos mocinhos, ainda existem muitos planetas reticentes com esse papo de refazer a antiga república, há muitas sobras do antigo império por aí, e naves de guerra de menos; então a vida não está mansa, mas está indo. Mas, eis que, de repente, um dos generais do Império que ainda sobraram, um Grande Almirante na verdade, finalmente começa a pôr em andamento um plano para reconquistarem terreno e derrotar de uma vez por toda a galera da antiga Rebelião. [para quem jogou Tie Fighter no PC, ele é o cara de uniforme branco e pele azul] O plano envolve um antigo armazém do Imperador, um Jedi maluco desgarrado (que em troca quer treinar o Luke, a Leia e os filhos dela como seus discípulos do mal), bichinhos que moram em árvores e, claro, uma campanha militar decente - ao contrário do que o imperador anterior fez.
E ainda temos também o Lando, tendo outra vez os negócios atrapalhados pelo império (vide O Império Contra-Ataca); uma guilda de contrabandistas (velhos amigos do Han) e uma ruiva raivosa que quer matar o Luke - e que todo fã de Guerra nas Estrelas sabe que será a futura esposa dele, mas na época do livro ainda não tinham pensado nisso.

Opinião: partindo logo para porrada, o primeiro livro é cheio de forçadas de barra, coincidências e conveniências. O segundo é muita conversa, não achei tão bom [sei lá, acho que falatório não combina muito com Guerra nas Estrelas]. E o terceiro volta a ser mais corrido e com mais ação, mas, novamente, com muitas coincidências fortuitas. Tudo isso com um Jedi surtado no meio, que eu achei um personagem bem irritante (não só pela personalidade dele, mas pela própria existência em si) e o vilão, o tal Thrawn, é inteligente até demais. Um bom vilão, claro, mas no terceiro livro, por exemplo, num momento temos a seguinte conversa.

_ Amigos da rebelião, descobrimos que o plano do vilão é X.
_ Mas espere, isso pode ser o que ele quer que a gente pense.
_ Então você acha que ele fará Y?
_ Ah, não ser que... Ele finge que fará X, para que pensemos que ele fará Y, mas na verdade é X mesmo! Claro!
_ Porra, meu filho, decida-se!


Ok, não foi bem assim. Mas foi quase. O princípio é o mesmo. Os próprios personagens já estavam tão assustados com a inteligência do cara, que já estavam pensando que, na verdade, TUDO era parte de um complicadíssimo plano dele que eles ainda não tinham captado por completo. Pelo menos a conversa acima terminou com um personagem mais sensato decidindo fazer X e dizendo que nem o vilão poderia ser assim tão inteligente e pensar em tudo.

Agora, vamos a parte boa. Acho que o autor conseguiu amarrar tudo que ele escreveu. Coisas feitas ou citadas no começo, lá no terceiro livro você entende a razão. Tem uma personagem até, que tem um dilema, por assim dizer, e lá no último do livro, com toda a ação correndo, você só percebe qual é a solução 1 linha antes do problema ser resolvido. Típico de filme, você de repente vai soltar um "Puta que pariu! Resolvi o mistério" mas só dá tempo para um "Puta..." antes da cena também entregar.

Os personagens ficaram muito bons, não só os novos, mas os conhecidos também. Em momento algum você pensa que eles estão diferentes do que estavam nos filmes. As personalidades estão inalteradas. Achei que reusar a frase "Eu sei!" do Han foi exagero (depois de 5 anos de casados, essa piada interna provavelmente já teria cansado entre eles), mas estão lá, todos os personagens dos filmes, sem serem só personagens quaisquer com os mesmo nomes. E até a inteligência sobrenatural do vilão teve lá sua graça, porque você também começa a duvidar de todos. Num certo momento da história descobre-se que há um espião infiltrado e, automaticamente, você lista mentalmente quais personagens poderiam sê-lo. Eu, por exemplo, cheguei numa conclusão que tornaria o plano do cara muito mais antigo e complicado; mas ao mesmo tempo que estava achando que o autor tinha exagerado na conta, causou um certo "quem espionou Odete Roitman?" na história. [e, no final, a minha teoria estava errada, então o cara não tinha exagerado tanto quanto eu pensara]

Mais coisas legais. A ação é bem cinematográfica. Coisa que tu até pensa "Ah, fala sério!" mas sabe que, se você visse aquilo num filme, não só não acharia nada demais, como até pensaria "Bem bolado...". Especificamente, para quem leu, estou pensando agora na cena da corda. Eu poderia pensar em vários fatores para ela não dar certo. No mínimo, duvidaria da capacidade do personagem de medir o comprimento da corda e da exata distância até onde ela iria assim, simplesmente, no olho e numa questão de segundos. Mas no final, eu tive que sorrir. Foi o tipo de solução cretina, criativa e divertida que eu esperaria de filme de ação espacial juvenil, que é o que o Guerra nas Estrelas é [mesmo que boa parte dos fãs agora tenham 50]. Então isso e mais as personalidade iguais, deu para matar saudades da série original e entrar bem no clima.

Outra coisa é que, apesar de eu ter dito que o autor amarrou as pontas, tem muita coisa que acontece ou planos que são feitos e, na hora H, não dá muito certo ou outros planos aparecem na frente. Eu até comentei sobre isso na postagem do Imperdoável, é legal quando você vê que nem tudo leva a algo ou funciona. Pode ter sido um jeito do autor encher páginas com tramas paralelas? Pode. Mas pode não ter sido também.

Entrando no terreno dos fãs, achei legal descobrir o quanto foi criação do Timothy Zahn no universo de Guerra nas Estrelas pós-filmes. Mara Jade, o Almirante Thrawn, clonagem de jedis, os filhos do Leia e do Han, tudo isso surgiu primeiro neste livro e foram sendo reusados depois. Eu sempre fui fã da série, mas nunca tinha lido nenhum dos livros nem dos quadrinhos. Sempre me mantive informado, tendo uma noção do que acontecia com os personagens ou o mundo deles, mas ler mesmo... Não. E nem pretendo ler mais, com uma rápida exceção que já menciono. Mas, de novo, foi divertido ler o livro e pensar "Então foi esse cara que teve essas idéias! E todas de uma vez!"

A rápida exceção que vou abrir são outros dois livros também do Timothy Zahn, a duologia Hand of Thrawn, que serve um pouco como continuação desta trilogia, e onde o Luke e a Mara começam a pensar em juntar os trapinhos. Esses dois livros já não parecem ser a unanimidade que foram esses três, mas fiquei curioso. O Zahn depois escreveu ainda mais livros envolvendo o Thrawn ou o casal, mas estes eu vou deixar passar, não pareceram tão interessantes assim.

Voltando à parte de ter entrado no clima, geralmente eu leio uns 3 livros ao mesmo tempo. Um principal e dois menores (de contos ou quadrinhos) que leio na hora de dormir ou se quero um livro comigo, mas sem precisar dar total atenção. Enquanto não terminei a trilogia, todos os outros eu parei. Li apenas ela em todas as oportunidades. Mesmo com todas as falhas (nem são tantas até), o livro te deixa curioso sem apelar para ganchos (cliffhangers) apelativos.

Ponto para trilogia como um todo: apesar dos clones e do jedi louco (preferia que o livro tivesse sido feito sem nehum dos dois) eu não queria largá-la.

Falando sobre o jedi louco, a sensação que eu tive é que o tal Joruus C'baoth só estava na história porque o Luke precisava de alguém com poderes da Força para enfrentar. Senão ele só ficaria andando pra lá e pra cá tendo vantagem competitiva sobre todo mundo - afinal, ele seria o único com poderes sobrenaturais. Bem... se era para ser, que fosse assim então, ainda seria melhor que ter o Jedi Beato Salu querendo dominar o universo. [na imagem do Wookiepedia ele me lembra o Charlton Heston em Moisés] E a solução para o Luke não ser o megamaster foi dada pelo próprio livro: os tais bichinhos que bloqueiam a Força de quem está por perto. Pronto. Nas horas em que fosse ser muita vantagem os poderes dele, bastaria ter os bichos nas redondezas - e eles estão por todos os lados mesmo, pois o vilão principal, tanto para se proteger do Luke como, principalmente, do seu 'aliado' (o Jedi Salu) tem sempre esses bichos por perto.

Ok, mas acabaríamos não tendo nenhuma luta de sabres... Mas verdade seja dita, pelo que vi nos filmes, o que liga um sabre-de-luz é um mero botão de liga-e-desliga, não é nenhuma checagem de DNA do usuário ou se ele tem mitocôndrias-mágicos [sim fãs, eu sei, "midichlorians", mas eu renego a existência da 2ª trilogia como sendo uma fanfic, então o nome certo não importa]. Solução para termos o combate: bastaria algum dos vilões saber lutar com espadas e ter um sabre. Simples! E com tanto Jedi que morreu na época antes do primeiro filme, devem ter um monte por aí sobrando.

Ok, ok, não seria a mesma coisa, e a luta final, no último livro, ficou bem legal... Mas realmente, o Jedi louco me incomodou. Não gostei dele. Então, dada a opção, aceitaria qualquer coisa que o escritor tivesse inventando que o eliminasse.

Terminando o assunto, acabei de descobrir que os tais bichinhos (ysalamir) são lagartos! Não vou lembrar mais como foi a descrição deles no livro, mas em algum momento alguém falou sobre eles ficarem bem parados, então na minha cabeça eles pareciam mais com pequenos bichos-preguiça. Mais especificamente, imaginei-os como tarsos! Ok, imaginei errado.

E é só. Essa postagem começou com plano de ter umas 10 linhas, e levou 4 horas... Melhor parar nos tarsos. Tarsos são muito maneiros!

Nenhum comentário:

Postar um comentário