terça-feira, 3 de maio de 2011

Caprica

Caprica. O pomposo e grandioso seriado derivado [ou, como se diz em português: spin-off] da Battlestar Galactica (2003)...
Que fiasco!
Finalmente assisti ao final da série. Faltavam 5 episódios que deixei parado até não ter nada para ver na TV. Já cansara da série por volta do 3º episódio... aquela historinha de terrorismo nunca desceu bem. Coisa de americano traumatizado querendo fazer terapia em grupo com o telespectador. E ainda tinha um "núcleo adolescente" com a ruivinha e amiguinhos-bomba... Que m*.

"Mas ok, vamos ver onde isso vai dar.", pensei. Como todo bom nerd, quando eu gosto de algo, eu gosto de conhecer melhor o tal algo... [é por isso que nerds dão ótimos namorados! Ouviram meninas?] Mesmo que espere com grande certeza de que vá ser uma desgraça flórida, não custa nada checar. Estou eu aqui, de tempos em tempos lendo as porcarias que o Brian Herbert escreve por causa disto. [se bem que depois de Duna 7 e 8... em que o cara atingiu o fundo da esmerdalhização de Duna... eu me imunizei e parei de ler. Talvez bata a curiosidade depois. Veremos.]

Pois bem... Caprica são 18 horas da minha vida que nunca voltarão. Se parar para pensar, já gastei mais tempo do que isso fazendo coisas piores, mas se você não viu ainda, só veja se você for mesmo MUITO fã de Galactica.
Eu não gostei do rumo que a BSG teve no final, com todo aquele papo místico, Chosen One, 'Starbuck, A Fantasminha Camarada' e etc. Mas BSG era BSG. Depois da primeira temporada eu assistiria BSG até se o seriado virasse um musical sobre os males da gravidez adolescente em meninas drogadas de baixa renda.

Pô, um seriado tem que ser muito ruim para não haver nenhum personagem que eu goste. Achava todos escrotos. Não me identificava com ninguém. Ok, para não ser exagerado... O Samuel era um cara legal. Mas no começo da série ele era só o irmão bandido quase sem falas do pai do moleque que viria a ser personagem da BSG. E esse *nada* era o único personagem que eu não detestava.

E surpresa! [SPOILER!] O tal moleque nem era quem achávamos o tempo todo. :-D
Quando ele morreu no penúltimo episódio achei que no último alguém ia arrancar o holoband da cara (versão Caprica do "desligar o holodeck") e dizer 'putz, tem um erro no programa, não foi assim que aconteceu'.

A série poderia ter corrido bem se tirassem toda a coisa monoteísta com adolescentes problemáticas e começasse onde terminou. Com robôs sendo lançados no mercado, gente pregando sobre direitos iguais, robôs ficam putos, robôs começam a guerra.
Transformem cada oração acima em uma temporada de 12 episódios e temos 4 bons anos de série. Ou 3, se considerarmos "robôs começam a guerra" como a cena final da série. Teria sido o ideal.

Agora é torcer para Blood & Chrome vingar, senão deverá ser o triste fim deste universo. Pelo menos até o próximo reboot em 20 anos. Lembrando que o The Plan também não ficou legal.

Mas voltando ao papo de terrorismo... Não dava para engolir aquilo. Ok, 12 planetas com implicâncias entre si, isso é fácil de acreditar. Todo vizinho implica com o outro. Brasileiro sacaneia argentino. Carioca sacaneia paulista. E assim vai... Coloque numa escala maior e temos o que se chama 'política externa' nos casos pacíficos, 'gafe internacional' nos brandos, e 'guerras mundiais' nos piores.

Mas transformar toda a sociedade planetária numa versão de talibãs capitalistas. C*! Se eu bater em cada porta do meu prédio tenho certeza que com menos de 100 moradores eu consigo achar umas 20 religiões. Quando criança eu convivia com um terreiro de Ubanda do outro lado da rua, uma igreja Metodista na mesma calçada, amigos católicos, um que era Testemunha de Jeová, pais crentes não-praticantes, parentes Kardecistas, e sempre que ia ao Centro, esbarrava com Hare Krishnas [sinto falta deles...].

Gente maluca existe em qualquer lugar, estão aí grupos de cristãos americanos e muçulmanos fundamentalistas. Mas a grande maioria da humanidade, compostas de pessoas normais, são como a minha velha rua e seguem a minha filosofia principal, mandamento nº1 no dia que eu fundar a Igreja Universal do Ranzinza de Deus: "Se não atrapalham ninguém, que se danem!" [é por isso que sou a favor de casamento gay, aborto, pagodeiros, e o que mais vier... desde que não venham pagodar na minha casa nem queiram comer a minha bunda, estejam a vontade!]

Mas lá... numa sociedade futurista... quem não segue a religião oficial é criminoso e um terrorista automático? Coisa de americano assustado! E mesmo que a série seja feita para passar nos EUA e a platéia global seja só brinde, nunca uma merda dessa serviria de premissa convincente. Mal. Muito mal.

Quem tiver curiosidade, faça o seguinte:
● Assista ao primeiro episódio, para saber quem são os personagens. (ou nem isso!)
● Se assistir, ignore quase todo o sub-enredo religioso. (por quase todo entenda: basta lembrar que a mulher de cabelo preto comprido é monoteísta! fará diferença.)
● Ignore qualquer menção ao Mundo Virtual.
● Ignore qualquer sub-enredo adolescente.
● Ignore qualquer sub-enredo da máfia.
● Ignore qualquer sub-enredo empresarial.
● Ignore qualquer sub-enredo familiar.
● Ignore a mente da garota no corpo do robô (serviu para nada!).
● Assista aos últimos 10 minutos do último episódio.
● E ignore qualquer coisa que você acha que não entendeu porque envolvia as ignorâncias acima.

Agora ignore tudo que você viu no pouco que falei para ver, considere a série um péssimo fan-movie, e imagine que a guerra começou do jeito que você tinha imaginado antes de criarem Caprica. Fanfic por fanfic, fique com a sua. Eles só tiveram orçamento maior que você. Seu nerd pobre!

[é assim que eu suporto ler os livros do Brian e suportei a nova trilogia de Guerra nas Estrelas... é tudo fan-fic. Quero nem saber se quem escreveu é o pai da criança ou o filho do pai. Fan-fic! Fan-fic! Fan-fic! Lálálálálálálá! Não estou te ouvindo.]

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