terça-feira, 12 de julho de 2011

Belas Maldições

Ou, Os Mochileiros Americanos do Apocalipse!

Ok, isso é mais uma comparação ilógica, mas quando comecei a ler o livro, talvez por ser do Gailman e começar com algumas figuras mitológicas conversando, pensei logo em Deuses Americanos. Como eram anjos e demônios, veio a mente o A Batalha do Apocalipse, do Eduardo Spohr. E logo de cara, o estilo de humor me lembrou do O Guia do Mochileiro das Galáxias, do Douglas Adams (possivelmente pelos 2 escritores serem ingleses). Então desculpem os autores envolvidos... Mas o apelido acima me veio logo nas primeiras páginas.  Podia ter sido A Batalha dos Deuses Mochileiros também... Mas não foi isso que me veio a cabeça na hora. [sabe como é... ler livro no ônibus, o cérebro vai chacoalhando... não dá certo.]

Detalhes ténicos:
Título: Belas Maldições: as belas e precisas profecias de Agnes Nutter, bruxa.
Original: Good Omens: The Nice and Accurate Prophecies of Agnes Nutter, Witch
De: Terry Pratchett (da série Discworld) & Neil Gaiman (Sandman!!)
Reino Unido  --  1990  --  Editora nacional: Bertrand Brasil

No começo algumas pequenas coisas incomodaram aqui e ali... Num dado momento no início do livro há uma frase em inglês, mas o asterisco apontando a nota de rodapé está algumas páginas depois, no que só pode ter sido um engano. E algumas coisas eu teria traduzido de forma diferente. Ou traduzido, ponto. Mas ok, aí entra o detalhe de que não sou tradutor profissional e o cara que traduziu o livro, sim [espero]. Então podem confiar. Foi só uma questão de gosto pessoal.

Mas uma coisa é certa, não por culpa da tradução, mas fazia tempo que eu não tinha vontade de ler um livro no original ao invés de em português. Eu gosto de ler livros traduzidos porque leio mais rápido e em inglês sempre surge uma palavra nova - em português isso é raro e eu consigo aproveitar melhor (e novamente, mais rápido) o texto. No caso de Belas Maldições, mesmo em português eu notava as vezes "aqui teve um trocadilho" (ex.: quando usam a palavra padrinho). E se eu notei alguns... imagine quantos não! Muitas piadas devem ter se perdido. Algumas partes eu não resisti e reli em inglês num PDF do livro que arranjei nos cantos (não-)obscuros da internet. Mas claro, aí novamente vi várias partes onde eu não teria idéia do que estavam dizendo. É o mesmo dilema do dublado/legendado ou ler o livro antes/depois do filme.

Agora... Este é um daqueles posts atrasados, que eu começo numa época e depois me lembro que nunca terminei. Os parágrafos acima eu escrevi quando ainda lia o livro, só para lembrar de comentar a questão das traduções. Mas nestes últimos 2 meses [estou sem setembro]... Fez "puf!" tudo o mais que eu pensara em falar sobre o livro. Então daqui para baixo minha resenha será tão boa quanto a de alguém que leu um resumo do livro na internet [coisa que eu farei para reativar a memória] para apresentar em sala de aula como se tivesse lido.

Uma coisa que eu lembro é que eu realmente gostei do começo do livro. Nos primeiros capítulos somos apresentados e acompanhamos 2 personagens: o anjo Azirafale e o demônio Crowley (do inglês crawly, rastejante. O sujeito era a cobra do Paraíso). A "química" entre os dois personagens é excelente. São dois sujeitos que vivem na Terra a milhares de anos. E ao mesmo tempo que são inimigos, por assim dizer, são praticamente os únicos amigos um do outro. Nenhum deles concorda com o "lado" do outro, mas eles gostam da vida aqui e não estão muito contentes com esse papo de Armagedon se aproximando.
Não consigo pensar numa boa comparação para o anjo, mas o Crowley me lembrou o "O Contador" do Fúria Sobre Rodas (resenhado aqui). Ambos até dirigem carros antigos.
Mas porque estou falando de ter gostado tanto do começo? Porque pouco depois o livro muda de rumo, e foca em crianças. Crianças! Pô, trocamos de 2 seres mitológicos sacanas e imortais para... crianças. Na hora foi um choque. Aquela coisa de "Ah, não... PQP! O que é isso?" Os dois voltam, mas demora um pouco. Mas fiquei "olhando torto" para as crianças um bom tempo, pelo disparate delas terem roubado o foco.

Estou falando de Armagedon, crianças, e nada faz sentido porque não resumi o fio condutor da história (o "plot"). Pois bem, o mundo vai acabar. E como todo mundo que viu A Profecia (ou leu O Escolhido) sabe, isso começa com o nascimento do Anti-Cristo. Com direito a freiras malignas trocando o bebê e tudo. Só que há uma confusão e a criança trocada é re-trocada. O tempo passa e só depois os encarregados de ficarem de olho no moleque (o anjo e a cobra) percebem que o perderam de vista, não têm idéia de onde a criança foi parar e nem como foi criada, e precisam localizá-la antes que o Fim do Mundo não tenha mais volta.
Na verdade, seria função deles que o Fim corresse bem, mas eles gostam daqui. Querem que as coisas continuem como estão, mas não sabem muito bem como resolver isso e não querem encrenca com os seus respectivos "chefes". E eles só têm 4 dias.

Nisso a história muda de foco, e mostra justamente o anti-cristo de 11 anos de idade, que não tem idéia disto, e seus amigos; que formam uma pequena gangue de crianças arteiras e traquinas das redondezas da cidadezinha em que vivem. Em paralelo, acompanhamos também a reunião d'Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse; um caçador de bruxas e seu pupilo; e a descendente da bruxa no título do livro. No final todos se encontram e todas as histórias se entrelaçam. Tudo com muito humor britânico, referências pop, piadas cínicas, e, para não ficar só na palhaçada, muitas indiretas sobre filosofia e a natureza humana.

É um ótimo livro. Se eu não consegui convencer ninguém com este protótipo de resenha, ignorem-me. Achei algumas resenhas um pouco melhores para vocês lerem:

Resenha curta: Mar de Histórias
Média: R.izze.nhas
Omelete: O apocalipse nunca foi tão divertido
Em inglês: Wonderful Comics
E mais duas: Meia Palavra e Fala Livros [porque não consegui decidir direito quais linkar]

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