sábado, 14 de dezembro de 2013

Day by Day Armageddon: Shattered Hourglass

Autor: J. L. Bourne
Editora: Permuted Press / Gallery Books
Páginas
: 328  --  Ano: 2012  --  ISBN: 978-1-4516-2881-4
Tamanho: padrão (+/- meia folha A4)

É isso aí, criançada, mais uma trilogia que chega ao fim.
[+/- na verdade, mais a respeito depois]

Para quem não leu a postagem original, onde falei rapidamente sobre os dois primeiros, o que tínhamos era: um militar desertou quando a praga zumbi ferrou o mundo e, ao mesmo tempo, começou a anotar tudo que acontecia.
Os dois primeiros livros foram inteiros através da visão exclusivamente dele do que acontecia a volta, através das páginas do seu diário. No primeiro livro ele se ferra sozinho boa parte do tempo e termina relativamente protegido junto com uma patotinha. No 2º ficamos sabendo que há algum tipo de organização monitorando os zumbis e os sobreviventes, nosso herói se encontra com o que sobrou do exército americano, e temos uma rápida reviravolta sobre a origem da infecção zumbi. [pode ser chamada de 'reviravolta' se antes não tínhamos NENHUMA explicação para ela?]

Nesse livro... tudo muda. Com o exército de volta à ativa (alguns poucos navios e bases, mas ok, está de volta), missões paralelas e uma penca de personagens, o autor teve que optar por fazer o livro em formato convencional, como um livro comum [não sei como se chama esse estilo narrativo, mas é o padrão, como a maioria dos livros]. Mas há algumas poucas e rápidas partes ainda em forma de diário.

Isso é legal, porque temos uma visão muito mais ampla das coisas, mas ao mesmo tempo, matou o maior charme dos 2 primeiros (e também dos 3 Zomblog), que era ser em 1ª pessoa. E causou um outro problema... Depois de pouquíssimo capítulos, eu já tinha a sensação de que a história não estava andando.
Eu fiquei sabendo que seria o fim da série apenas ao ler isso na Introdução do livro. E no final do 2º livro o cara estava indo para a China. Imaginei então: já que acaba agora, o livro deve começar com ele já chegando na China, e seguir daí.

O livro é o mais grosso dos três, então até daria para contar mais e esticar mais o andamento. Mas em bem pouco tempo somos apresentados à vários núcleos de personagens: o herói e a equipe militar do submarino que o levará à China; os amigos dele que estão no porta-aviões; o que sobrou da equipe de uma estação de pesquisa no Ártico; algumas passagens menores com outros militares; uma equipe de fuzileiros; e até a tal organização secreta tem capítulos só para ela. Falando assim, nem parece tanto, mas na hora, era *muita* gente. E vamos sabendo da vida de todos, e mais, e mais... Tudo perfeitamente encadeado, mantendo o interesse e bem escrito, porém... numa história cuja conclusão envolvia chegar na China... A cada página que eu virava e eles NÃO chegavam lá, eu ia ficando com a sensação de que o final seria corrido e apressado. [ou daria uma baita merda e todos morreriam!] Putz, há capítulos inteiros para uma parada no Havaí, e nada deles chegarem na Ásia. Quando o livro começa eles nem estavam à caminho ainda. Bem, eles chegam na China só na página 275 (de um total de 326) mas chegam. E todas as desmiolações, correrias, idéias ruins e azares aconteceram em outros lugares. Ok. Só queria desabafar a preocupação que eu tive e vocês podem ficar tranquilos ao ler.

A grande perda foi realmente o estilo diário. E, talvez, se tivesse sido algo solto, escrito já nesse estilo, não sei se o autor entraria na minha lista de "vou ficar de olho no que ele lançar". Mas para fechar a série, serviu. Para quem é fã de uma ação um pouco mais militar, e até algumas maquinações, talvez até vá gostar mais deste do que os anteriores. [e como o autor é militar, o livro é CHEIO de siglas militares que eu nem entendia] Tem até bem menos zumbis.

Resumindo brevemente a história: o sujeito parte para a China para tentarem achar o paciente zero, torcendo para que isso ajude-os de alguma forma a combater (ou curar) a zumbilândia. Eles precisam parar no Havaí também, para algo que nem eu e nem o personagem principal entendemos direito [por mais que eu tenha gostado do livro, nesta parte eu me senti sendo enrolado]. Sua namorada fica no porta-aviões onde depois descobrem que, para o caso da missão China não der certo, há alguns zumbis sendo perigosamente estudados. [e o porta-aviões é responsável por uma cena que ficaria bem divertida no cinema, não só pela cena em si, digna de um Roland Emmerich, mas como pela tática usada contra os zumbis (isso não é spoiler, é óbvio que daria merda no navio) conhecida por todos que já andaram de ônibus no Rio.] Enquanto isso... Uma outra equipe chega ao Hotel 23 (local onde o pessoal conseguiu refúgio do final do 1º livro até o final do 2º), que nada mais é que um daqueles silos de lançamento de mísseis nucleares (aqueles que ficam no meio do deserto), com um míssil ainda em condições de ser lançado (daí o interesse em retomar a base) que pode ser necessário para o caso da missão na China der MUITO errado e tentando também descobrir mais sobre os equipamentos e a organização secreta em si. [eu tinha que ter relido o 2º livro antes de ler esse, não lembrava das partes maléficas da organização] E também em paralelo a tudo isso, temos 4 pesquisadores numa instalação no Ártico, tentando viver do que jeito que der, e que depois, por uma feliz coincidência, conseguirão ajudar nossos amigos. E também ficamos sabendo um pouco mais sobre a Dharma do Mal, sua origem, intenções e como ela tem mais tecnologia do que o pessoal normal. [se bem que se eu sou uma organização secreta do mal, com acesso à tecnologia mais avançada, uma coisa que eu teria seriam os meus PRÓPRIOS mísseis nucleares... mas ok.]

Bem, isso não foi bem um resumo, é mais uma ambientação e contando o que vocês irão encontrar. Se fosse um resumo eu teria que dizer o que acontece... Para isso, basta pegar cada um dos núcleos acima e escrever "e aí chegam os zumbis!" (num deles não, na verdade). É um livro de zumbi, pô, vocês sabem o que esperar e quais são os finais possíveis. E ou tu gosta e não quer que eu conte quem morre e quem não ou se salvam a humanidade ou não, ou não gosta e nem leu até aqui.

Agora... A reviravolta ao final do 2º livro. Não era bem o que parecia. Vejam bem... Ela não "desreviravoltou", mas o cara conseguiu dar um toque bem mais sci-fi complicando ela um pouco mais ainda e, ao mesmo tempo, enquanto lia, eu fiquei com a sensação de que ele talvez tivesse se arrependido, porque o assunto era bem pouco tocado e como eles nunca chegavam ao destino, na hora tive a impressão de que o autor queria adiar ao máximo o assunto - e encerrá-lo de forma rápida quando surgisse.

Vendo o que ele tinha em mente [que não vou explicar, evitei spoilers a postagem inteira], não o culpo muito. Se tivesse ficado muito tempo no assunto, ele precisaria começar inventar o que falar sobre aquilo (quebrando completamente o ritmo), e seria uma perda de foco do bom e velho "humanos vs zumbis" [que já perdeu um pouquinho nesse livro, já que o que era para ter de correria foi nos outros, e agora era hora de fechar tudo]. E ele ainda conseguiu deixar em aberto uma *possível* cura tirada da cartola para o problema da infestação. Ele não o faz. Ainda podemos ter mais livros. Mas foi um bom toque de esperança ao final. Ah... Mas o livro termina (foi um pouco antes, na verdade) com outro "Hein!?" ["WTF!?", se preferirem] talvez só para dar uma zoada final.

Bom livro e bom final para a série. Mas não é tão bom quanto os dois anteriores. Mas eu realmente gostei do autor (apesar do exagero de siglas militares no texto). E ele pareceu ser um fã de FC além de zumbis - ele pegou rapidamente muitas idéias de outros estilos e jogou na história, para dar um tempero a mais (até Heinlein é mencionado e tem uma passagem que daria um excelente filme de terror barato).

Agora, sobre isso de "final" para a série... Tentando achar pela net o conto adicional (If You Can Read This...), lançado como extra no "livro combo" do 1º+2º (o Day by Day Armageddon: Origin to Exile) [que eu não vou comprar, porque já tenho os 2 livros e não vou pagar R$ 40 para ler apenas um conto de 10 páginas, e que ainda por cima era gratuito faz 2 anos], eu esbarrei na notícia de que ele lançou por agora um conto (esse sim, vendido separadamente), chamado Day by Day Armageddon: Grey Fox (malandramente anunciando como Livro 4, mas é apenas um conto, coisa de 40 páginas). Já comprei, já vi que ele volta a alguns dos personagens da trilogia, já vi que a tal possível cura é mencionada e foi +/- usada (não vou explicar o que significa o "+/-"), mas não li além da 1ª página ainda. Depois eu leio e volto aqui.

ATUALIZAÇÃO: li e é bem legal. O cara passa a maior parte da história sozinho, indo em partes ainda infectadas, e ficamos sabendo como é o mundo alguns anos depois do final do livro. Está bem mais para o jeitão introspectivo do 1º livro. Mas não dá para ler solto, porque você precisa entender um pouco do que ele está falando e a tal "cura" talvez não seja entendida por quem não leu o 3º. É mais do que um mero epílogo pelo menos. Só deram foi uma forçada no final, mas não explico que é para não dar spoiler.


E uma velha curiosidade minha, que sempre deixou a porta aberta para mais um livro... Pesquisei o assunto agora.


No final do 1º livro, na segunda edição (a versão de capa bege - não sei se isso tinha na original, de capa preta, e aparentemente não tem na atual, de capa laranja; são as 3 acima), pois bem... No final da minha edição havia algo que parecia uma prévia do 2º livro, chamada Day by Day Armageddon: The Fall. Essa amostra envolvia um tipo de sociedade fechada, criada para preservar a humanidade caso desse algum problema absurdo no mundo exterior. Como se fosse uma versão muito mais científica do livro A Cidade das Sombras ou, melhor, uma espécia de Projeto Biosfera 2 x o filme A Ilha (antes deles descobrirem as intenções maléficas da instalação). Devem haver exemplos melhores. Até mesmo as "Vaults" da série Fallout serveriam para comparação.
Pouco tempo depois de ler o 1º livro vi na net o autor dizendo que aquilo ali era outra coisa, e não o que seria a continuação. A tal organização secreta que aparece no final do 2º livro e é o principal vilão deste agora até guarda algumas semelhanças, mas até mesmo por onde ficam suas bases e pelo fato da organização do The Fall não ter parecido maléfica, não devem ser a mesma coisa com nomes diferentes mesmo não. Infelizmente, a notícia mais recente que achei sobre o assunto é do autor, em 2010, dizendo que estava muito enrolado com o 3º livro para pensar nisso por enquanto.

Mas pelo menos o cara ainda tem uma idéia na manga que pode dar em algo no mesmo universo algum dia. É esperar para ver.

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