sábado, 28 de dezembro de 2013

Depois do Fim

Título original: Soy… el último
Autor: Curtis Garland
Pseudônimo de: Juan Gallardo Muñoz
Editora: Cedibra  --  Ano livro / história: 1977 / 1972
Coleção: SOS Ficção Científica (Série Amarela-18)
Tradução de: Margarida Santana Gandra
Páginas: 128  -- Sem ISBN e acabamento barato
Tamanho: de uma foto (+/- 10x15 cm)

O futuro... No longínquo ano de 1986! Estados Unidos e China desenvolvem armas com algum novo tipo de radiação e, aí, o navio com elas afunda. [eu não consegui achar a parte certa agora, mas acho que foi um acidente, e não um ataque]. E no espaço, alguns meses depois, um astronauta que estava sozinho é obrigado a descer no planeta pelos protocolos automáticos de sua pequena nave. Ele preferia ficar lá e morrer de fome ao invés de encarar o planeta em sua devastação, mas... não teve jeito. E agora, que tipo de mundo espera o nosso herói?

Finalmente, depois de "algum" tempo, leio mais um livrinho da coleção SOS da Cedibra. O ruim é que, por mera coincidência, foi do mesmo autor da última postagem, e aí... Não só isso, como descubro que ele voltou ao mesmo tema! Tudo bem... Eu meio que pedi por isso! O livro se chama Depois do Fim e em espanhol é Sou o Último, então... obviamente... seria algo pós-apocalíptico com um sujeito que é o último sobrevivente da raça humana. O que já lembra um pouco o Centúria XXV (o tal livro da última postagem).

A propósito, o Centúria nem tanto, mas esse agora, tem que ter rolado uma inspiração no Eu Sou A Lenda. Será muita coincidência caso não tenha tido. Por outro lado, Talvez o filme do Will Smith passe a ser melhor se eu considerá-lo uma adaptação deste livro, e não do do Richard Matheson.

Opa! Nisso que dá escrever a postagem toda fora de ordem... Estava folheando o livro agora, tentando achar a parte sobre a guerra (?) entre os EUA e a China, para escrever certo lá no alto [que eu escrevi depois dessa parte], e esbarrei num devaneio do personagem, que eu já tinha esquecido:
" (...) alterações genéticas provocadas por um cataclismo universal. Este era o caso, sem dúvida, tinha que ser. "Os Mutantes de Mathieson", por exemplo. Mas isto não era literatura. Nem ficção científica. Era a realidade, crua e direta. A última realidade dos últimos dias do planeta."

Na hora eu nem tive o estalo, talvez por Matheson estar com um "i" errado perdido ali no meio. Mas taí... Não só é a prova de que *foi* inspirado de alguma forma, como o autor foi simpático de nem esconder. Por falar em erro, pô, monge é com G, no livro todo estava com J. Mas fora isso, português com todas as próclises e ênclises devidas, gosto disso nos livros mais antigos. E lá está escrito cataclismo com O, que é estranho, mas também é o correto. Bom saber, nunca tinha notado isso.

Mas voltando... Não só temos o humano perdido e sozinho num mundo arrasado, como [AHA! SURPRESA!] ele descobre que existem sobreviventes que só saem a noite [vampiros? não, só fotofobia mesmo]. E aí é que o voltar ao mesmo tema ganha peso: são pessoas mascaradas que "por trás das máscaras estão todos morrendo pela radiação, com a pela destroçada e nojenta". [acabei de repetir a mesma frase da minha outra postagem].

E aí o nosso mocinho (Milton Zorbe) precisa se preocupar em fugir durante o dia e sobreviver durante a noite, até descobrir uma solução mais permanente ou simplesmente desistir.

Claro, como qualquer livrinho dessa coleção (que em quantidade de texto estariam mais para um "conto longo" do que uma novela ou romance), de ficção científica barata, a narrativa é cheia de coisas que "são assim porque são"e você tem que ler atropelando, porque ela não tinha nenhuma intenção de ser algo mais profundo do que só uma aventura ligeira mesmo.

Então, por exemplo, o primeiro contato dele foi com uma mulher que não fez nada para preocupá-lo, fora o fato de não querer mostrar o rosto e continuar conversando com a luz apagada. Aí ele acende a luz mesmo assim, fica assustado com a quantidade de outras pessoas nas sombras e nota que eles usam mantos e máscaras. Ao invés de só se desculpar com aquela gente assustada (que ele faz, pelo menos), ele resolve ficar com medo e incendeia todo o quarterão, só para ter uma baita fogueira (luz para espantar o pessoal que tinha medo de luz). Até onde ele sabia eram só pessoas com máscaras que podiam muito bem viver naquelas casas.

Para alguém que estava desolado por ser o "último" humano, ficar com medo e resolver fugir quando finalmente encontra sobreviventes... não é o que eu faria. Detalhe: "finalmente" é bondade minha, isso foi no 1º dia dele de volta na Terra. Mas ele deu sorte, porque os sobreviventes comiam carne humana. Viu? É esse tipo de conveniência que temos que suportar nesses livrinhos. Mas eles são assim mesmo, só historinhas pulp corridas e cheias de clichê, e sabendo disso, são até divertidos.

Acho que o cara ter ficado mais de 10 meses sozinho no espaço deixou ele ruim da cabeça. Depois, quando há uma rápida trégua e o segredo dos sobreviventes é revelado e eles tiram as máscaras, o cara fica horrorizado demais só porque eles eram feios, como se tivessem lepra. Tudo bem, a minha geração foi insensibilizada de tanto ver filme de zumbi e outras maquiagens divertidas, mas pô, é só carne caindo, sangue e algumas pústulas, talvez algum pus. Deu nojinho e ele decide que a raça humana deixou de ser raça humana. Não convence. [ainda bem que ele foi ser astronauta, e não enfermeiro.]

Ah, e todos os personagens canibais adotam novos nomes, todos tirados da Bíblia, porque eles acham que a raça humana está sendo punida e eles têm que aceitar o castigo. Pode ser um bom livro para iniciar algum amigo religioso mais fervoroso em ficção-científica - várias vezes o personagem conversava com a "mocinha" dizendo que ele acreditava no Senhor e que tinha que manter a fé, e os canibais ainda por cima veneravam um velocino. Essas "indiretas" religiosas incomodaram um pouco, mas eram tão rápidas que... dane-se.

E, claro, no final, ele acha a cura e fica com a mocinha. E aí eles "saem para explorar e repovoar o planeta." [também tirei essa frase da minha outra postagem]

Só um último comentário, dessa vez pelo menos a capa quase fez sentido. É mesmo um astronauta, num lugar devastado, sendo perseguido por pessoas que usam vestimenta monástica. Só que o cara da capa tem barba e bengala! Fez-me pensar mais no Saruman do que em um leproso radioativo canibal. Até imaginei, pela capa, que 'depois do fim' [ha!] o mundo teria descambado de volta para a magia.

Mas é isso. É uma adaptação safada de Eu Sou a Lenda com toques de De Volta ao Planeta dos Macacos, mas continuam sendo bons livrinhos para carregar para salas de espera (ou casamentos) e ler sem compromisso. E como ninguém [ninguém!] resenha esses livros em nenhum lugar, aguardem, que eu volto com mais! [mas se for essa a minha missão na Terra, vou ficar chateado, rs!]

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