domingo, 22 de abril de 2012

Mistérios, de Isaac Asimov

Título original: Asimov's Mysteries
De: Isaac Asimov
Ano da edição / de publicação / média: 1970 / 1968 / 1957*
(* média do ano de publicação dos 13 contos do livro)
Páginas: 206
Editora: Expressão e Cultura
Tradução: Maria Célia Bandeira

Que coisa. Não vou resenhar o livro não. Devo tê-lo lido, ao todo, em menos de 1 hora. Descobri que a maioria dos contos nele eu já lera em outras coletâneas. Alguns eu reconhecia logo de cara, outros eu começa a ler e... de repente baixava o espírito de Sherlock em mim e eu desvendava o mistério com apenas meia pista! Aha! Ou eu sou um gênio... ou é porque eu já sabia o final. Infelizmente devo ficar com a 2ª opção.

Não sei se colocar tantas histórias de mistério juntas é uma boa idéia. Talvez para um novo leitor do Asimov, algo mais variado, como "O Futuro Começou" por exemplo, seja mais interessante. Mas mesmo tendo relido algumas das histórias, eu não vou resenhar o livro justamente porque não conseguiria avaliar, sem estar lendo pela primeira vez 80% do dito cujo, o meu nível de divertimento com ele.

Mas Asimov é sempre váido. Os contos que sobraram não foram tempo perdido. E elogios para a edição pelas notas de rodapé mencionando os trocadilhos, coisa bem presente nos contos de mistério do Asimov - já vi muito livro com trocadilhos em inglês, que teriam deixado o texto mais interessante, mas nenhuma menção é feita ao fato.

Esse foi até o mal de uma das histórias (não as notas, os trocadilhos), pois uma delas, um micro-conto na verdade (mal chegou em 1 página e meia), a frase final, o punchline que te faria entender a decisão do juiz e sorrir com a sagacidade marota do escritor... nada acontece, porque era um trocadilho intraduzível. Devidamente explicado pela nota de rodapé. Mas aí não dava mais para rir e ou ter a surpresa. Até mesmo se eu tivesse lido em inglês e entendido o trocadilho sozinho, não é a mesma coisa que ser um nativo que usa a expressão no dia a dia. Se é, até, que ainda seja usada - o conto é dos anos 50.

Toscamente exemplificando, é como se ao final de um hipotético conto brasileiro, do final dos anos 60, o detetive falasse "Já sei: o testamento está escondido na lareira! Porque é onde a brasa mora!". Isso talvez fosse divertido para um leitor da época. [um testamento é um documento legal, e algo legal era brasa, mora?] [Putz... eu vou para o mesmo inferno dos trocadilhos infames em que está o Isaac] [êêê! vou pedir um autógrafo!]. Talvez fosse compreensível para um leitor atual, que assistiu Anos Rebeldes ou Bambolê na TV Globo. [se bem que a garotada de hoje nem isso deve ter visto.] Mas para um estrangeiro, que por ventura tenha conhecimento histórico e lingüístico nacional suficientes, ele pode até entender a referência e a semântica causadora da graça no jogo de palavras. Mas, cacete, não rirá.

E paro por aqui. Para uma não-resenha, isto está ficando longo. Um bom Asimov. Só talvez não recomendado como primeira leitura. A vantagem de ler tantos contos de mistério do Bom Doutor de uma vez só é que agora não esqueço mais o nome Wendell Urth. Virou um personagem marcante do autor na minha cabeça. Quase uma Dra. Calvin.

Ah, e uma reclamação da edição nacional. Não há o conto A Pedra Falante, presente no original em inglês.

OBS: taí, gostei desse site... O Guia Estraga-Surpresas para Asimov, do Jenkin. Resumos rápidos e sarcásticos sobre os contos, com nota para cada um e duas notas para o livro como um todo: do ponto de vista de um fã de Asimov, e uma nota do que seria do ponto de vista do público alvo. (entenda-as ao final da página inicial).

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