sexta-feira, 24 de junho de 2011

Kung Fu Panda 2

[atualização: para quem veio atrás do sentido ou origem da palavra "escaduxe", role até o final]  
Hein? Como assim? A tradução de skadoosh é... escaduxe? Não vi o filme dublado, essa "pérola" foi na legendagem. Alguém que tenha visto dublado, por favor, me digam que usaram a idéia original... Não lembro como foi no 1º filme, mas no trailer dele eu lembro claramente que a tradução foi ZIRIGUIDUM!

E para aqueles sem o dom de só lembrarem inutilidades:
Trailer americano x trailer nacional. A interjeição é a última coisa do trailer, na hora da barrigada.

Mas putz! É para isso que existem tradutores e dubladores profissionais: se não dá para traduzir, adapte. E "ziriguidum" tinha ficado muito bom. (detalhe, no filme, na cena da barrigada acho que ele nem fala nada. Fui atrás do script e a interjeição aparece no golpe final, da dedada. Preciso rever para ver como dublaram).

Pois bem, eu acho que para esses filmes megalançamentos eu não devia nem resenhar, todo mundo viu ou já leu sobre eles nos megaplexes ou mega-sites. Ia me poupar tempo. Mas caí na roubada de decidir resenhar cada filme visto no cinema... Só para garantir 3 ou 4 posts mensais. Há! Mifu. Então vamos lá.

Nome original: Kung Fu Panda 2 [ou seja, o mesmo, mas eu tinha que escrevê-lo em algum lugar, todo post meu de filme tem o nome do filme em negrito branco - que eu acabei de me tocar, é uma insanidade lingüística]
Duração: 1h30min  --  Ano: 2011  -- Teaser e Trailer: dublado e legendado
Com vozes de: Jack Black (vocês sabiam que o Jack Black participou de um episódio do Arquivo-X?), Angelia Jolie, Dustin Hoffman, Michelle Yeoh (de O Tigre e o Dragão), Gary Oldman (o Comissário Gordon), Jackie Chan e Lucy Liu (sardas e olhos puxados... que combinação!).

Momento risada atrasada: uma das vozes no filme é do Jean-Claude Van Damme. Só fiquei sabendo disto nos créditos e só agora fui checar no IMDB de quem ele era a voz. Tinha que ser... É o personagem que faz espacate! :-)

O filme. Bem, o 1º, como quase sempre, é melhor. Mas esse também é muito bom. Eu achei que ele podia era ter sido um pouco mais longo. A história já parte para ação logo de cara, e você nem tem aquela coisa de, no final do filme, ter a surpresa "ei, veja... ele tá fazendo aquela coisa... ". Não. Como é tudo corrido, você sabe desde a primeira cena que "ok, ele vai fazer isso na luta final.". Tipo os filmes do Karate Kid, que você sempre sabe que o golpe final será o chute da garça [garças chutam?] ou o golpe do bonequinho de madeira (terceiro filme?).

Sobre a história. O panda ainda é preguiçoso, comilão e meio surtado, mas já tem uma noção bem melhor do que faz. Destaque para a primeira luta, em que apesar de ser "salvo" várias vezes pelos colegas, ele está disparando ordens que parecem nomes de filmes de kung-fu, todo mundo o segue, e as coisas funcionam sem esforço.
E logo de cara, nesta luta (que também é logo de cara no filme), o panda começa a ter lembranças da infância. Nenhum telespectador realmente achava que ele tinha nascido da mamãe-pata, né? Termina a luta e eles têm que correr para ajudar outra cidade que foi tomada pelo vilão principal. No caminho ele pára para saber um pouco mais sobre o passado dele com o papai-pato e tem um pouco mais de lembranças.

Momento gay: AAaaaaaaaahhhhhhhh, que fofo!
Chegam na cidade, correria, lutam, se dão bem no começo, se ferram, momento dramático/inspirador, volta triunfal, luta final. Droga, a gente vai ficando velho e sabe que todo enredo de filme nesse estilo é igual. Maldito monomito! Pelo menos eles se ferram duas vezes e o dramático/inspirador são cenas diferentes. rs!
Mas é bom, é bom... Podem ir ver. O 3D nem estraga o filme.

Aproveitando, achei que neste filme ia rolar um clima entre a tigresa e o panda. Fica a sugestão para o próximo filme. E o filho deles seria a origem dos pandas-vermelhos! [Isso! eu sou um gênio da biologia!]
Na verdade, como não rolou o clima, só teríamos bebêzinhos no quarto filme. Outra sugestão para o próximo então: o vilão é o pai, ou melhor, a mãe dela, já que já tivemos 2 vilões machos (assim de uma tacada só teríamos reunião familiar, saberíamos porque ela foi largada no orfanato, e o foco da história seria menos o Po).

A propósito... Em que século que se passa a história? Estou já pensando num crossover Tigresa / Gato de Botas! :-D

[ATUALIZAÇÃO: putz! O Mestre Shifu é um panda-vermelho!! Nunca tinha me tocado disso. Mas também, nunca parara para pensar no assunto... Um lêmur ou um esquilo é que ele não era... Que coisa! Pena, minha sugestão genética não vale mais.] [Atualização da atualização: há um gibi com os personagens onde o Po diz que achava que ele era um guaxinim! Boa! Devem ter colocado isso lá porque os americanos burros nunca devem ter ouvido falar em pandas-vermelhos - que nem são ursos na verdade! Mas guaxinim não é bicho chinês, não sei se eu teria pensado nisso.]

Personagens de apoio: gostei do vilão. É o clichê do mau-feito-pica-pau, mas tem um quê de trauma infantil. Se bem que o vilão do primeiro também tinha. Humm. Pensando bem, teria sido melhor se ele fosse só um maníaco mesmo. Afinal... "Por que, no filme do Spielberg, o ET é marrom?" [ponto para quem reconhecer a citação.]
A cabra com voz da Yeoh também ficou legal. Já o lobo-chefe eu achei um pouco mais aparvalhado do que precisava, mas deve ter sido o jeito que tiveram para ele poder "sumir" da história depois sem os mocinhos terem 2 vilões para dar cabo (se ele fosse puro-mal, não teria como ter a cena final dele). E dar cabo de alguém é coisa que mocinho de filme infantil quase nunca faz. - O que me leva à uma grande dúvida: o que aconteceu com o vilão do primeiro filme?

Bem, é isso. Não tenho muito o que comentar mesmo. Queria uns 10 minutos a mais de filme no início, e uns 20 a mais no total. O filme é menos comédia que o primeiro, mas é divertido. Tem piadas bem bobas aqui e ali, mas diverte quem já tem cabelo branco também. De repente com minutos a mais caberiam mais piadas (ou qualquer outra coisa) sem perder as partes de drama e ação.
Mas consola-me que acabei de descobrir que nunca assisti o especial de natal deles. Então ainda tenho 20 minutos de coisas inéditas para ver. Eles tinham que passar essas coisas no cinema também. Eles poderiam colocar o ingresso sendo 30% do valor, sendo que a duração é 80% menor. 4 sessões na mesma duração de 1 filme = lucro! Só não poderiam ter os mesmos nojentos 10 minutos de comercial de refrigerante, isotônico e essas chatices todas. Podiam em cada uma das 4 sessões, colocar só UM comercial e UM trailer, cada vez diferente. Pronto. Fechou! Respeitam o contrato que devem ter com os patrocinadores. Ganham mais dinheiro. E quem prefere ver as coisas no telão, vê. Todo mundo sai feliz.

Outro comentário solto: fora o teaser, que só mostrava o panda olhando pra platéia do cinema, eu não tinha visto nenhum outro trailer do filme até fazer este post. AINDA BEM! Cacete! Os trailers de hoje em dia entregam muito. Querem impressionar com as cenas e você vai ver o filme sabendo "ih, é agora que vai acontecer aquilo!", "ih, esse lugar vai explodir", "ih, etc...". Coisa chata. Os trailers têm que ser meio termos. Nada de panda só olhando pra platéia, mas também não mostrem como os mocinhos fugirão!

Leitura adicional:
Cinema com Rapadura: Ação ininterrupta supera original
Adoro Cinema: Diversão faixa preta
Screen Rant: While not as epic (...) is still a pretty good sequel
Omelete: Redondinho

Comentário quase final: a cena do barco pedia a fala "O mastro não revida!". :-D


/* e algumas horas de internet lenta depois...  */

Não resisti... Baixei o 1º filme dublado SÓ para checar a cena no final. Foram momentos de tensão. E a dublagem de SKADOOSH foi.... trurururum... "escaduxe"!
Ah, que merda!


[ATUALIZAÇÃO 7/JUL]: Vi que vieram parar aqui perguntando ao Google "o que é escaduxe" e pedindo "skadoosh tradução". [Iú-rrú! Eu tenho leitores!] Bem, eles não devem voltar mais, mas fiz uma rápida pesquisa [Google, claro] e seguem links e conclusões.

1) a palavra foi inventada no filme, foi um improviso do Jack Black.
2) ela é baseado numa expressão mais antiga "(23) skidoo" (dos anos 20) baseada numa gíria mais antiga, "scadoodles" (final do séc. XIX) e o verbo "skedaddle".
3) O verbo significa meramente "sair/mover rapidamente", a gíria significava "um monte" (no sentido de qtd), já a expressão tinha novamente o sentido de "sair rapidamente" (a força ou não) ou ainda "sair no momento propício".
4) Ou seja, não tem tradução (desconheço uma gíria nossa adequada; "hora de picar a mula" perde por ser longo) nem é nada real. Foi só uma palavra legal, parecida com a gíria antiga e com +/- o mesmo sentido, criada pelo dublador do urso, que é comediante e deve conhecer gírias de todas as épocas.

Aí junta uma gíria antiga sobre "pular fora" com aquele som de "vuuuush" de coisa rápida, e pronto! Está criado o skadoosh.

O nosso "ziriguidum" no trailer pode não ter o mesmo uso, mas ainda acho que teria sido uma dublagem/legendagem melhor.
Ou ainda, que criassem uma gíria aqui... Sei lá, até "escafedido" poderia ter sido usado. Além de ser o particípio do verba escafeder, com sentido e som parecido, poderia ser engraçado para crianças menores devido ao "fedido" no termo. (outra boa alternativa seria o "escafudeu", mas aí o trocadilho seria impróprio)

A matéria do Boston Globe relembra o fato de que no trailer a palavra estava numa cena e no filme propositalmente a trocaram de lugar. No trailer o vilão realmente "saía rapidamente no momento propício" (ele era arremessado longe com a barrigada) bem mais do que na sua morte (?) na dedada, mas o sentido ainda é válido mesmo então.

fontes:
http://www.boston.com/bostonglobe/ideas/articles/2008/06/29/skadoosh/ 
Que resume tudo isso.
E estes abaixo são outro links que eu li a toa, antes de chegar na matéria do Boston...
http://languagelog.ldc.upenn.edu/nll/?p=288
http://www.word-detective.com/2008/07/14/oodles/
http://www.visualthesaurus.com/cm/wordroutes/1444/
http://www.barrypopik.com/index.php/new_york_city/entry/twenty_three_skidoo_myth/

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