terça-feira, 28 de junho de 2011

Meia-noite em Paris

PRIMEIRA COISA: MEIA-NOITE TEM HÍFEN! [CARAJO!]
[sem hífen só se fosse "Half a night in Paris"]


Nome original: Midnight in Paris 
Duração: 1h34min -- Ano: 2011 -- Trailer (mas o trailer é muito fraquinho, melhor ver o filme sem vê-lo)
De: Woody Allen
Com: Owen Wilson (Marley e Eu) e outras pessoas.
Ok... Com Marion Cotillard e Rachel McAdams também. Tem mais um monte de gente famosa, mas o filme é do cara. Ah, e quem achou familiar mas não reconheceu (como eu), a Zelda é a baterista do Scott Pilgrim Contra o Mundo.

Eu gosto dos filmes do Woody Allen (Desconstruindo Harry e Zelig são os primeiros que me vêm a mente), mas não a ponto de ver cada um que lança. Vou vendo por acaso. Acho que se eu for checar, não vi nem 20%.  [Pausa de 5 minutos]  Claro, não podia escrever uma frase dessas e não ficar curioso. Quase acertei, vi *exatos* 20%.

A história: sujeito nostálgico, que sonha ser escritor mas que ganha a vida fazendo roteiros em Hollywood, vai com a noiva e futuros sogros para França. Chegando lá acha tudo lindo e maravilhoso, e imagina o quanto seria o máximo viver lá nos anos 20 - para espanto da noiva, do tipo sem-conteúdo, que só quer saber de compras e não vê nenhuma graça em coisas antigas (que dirá então o "velho" continente), paisagens ou andar na chuva. E para irritação dele (maneira de falar, já que ele o cara é tranquilaço tempo integral), ela ainda acha o máximo um conhecido babaca que eles deram o azar de encontrar por lá.

E aí, do nada... O cara é convidado, por uma galera num carro antigo que ia passando, a ir numa festa. A jogada é que a festa é justamente na Paris dos anos 20.
[Tenho uma certa birra nesta parte, porque o cara acredita muito rapidamente no que está acontecendo; mas ele havia bebido, então o cérebro alcolizado pode ter aceitado a brincadeira mais facilmente. E convenhamos, não dava mesmo para perder tempo da história fazendo-o questionar por mais que 30 segundos.]
Nos anos 20 ele acaba conhecendo vários nomes da literatura e outros artistas (como o casal Fitzgerald e Salvador Dalí), e ainda se envolve com uma moradora da época, peguete do Picasso, que circula no mesmo meio.
Daí em diante o filme reveza entre ele na Paris-presente, com a noiva que ele ama (mas não é algo arrebatador) e aturando os sogros idiotas; e na Paris-Anos-20, onde ele se sente muito mais em casa, discute seu livro (coisa que não faz no presente), e encontra algo mais próximo de uma alma-gêmea do que a mimada futura esposa.

Falando assim fica meio dramático, mas o filme, no final de tudo, é uma comédia romântica - então não se preocupem. Quem for do meio literário, ou pelo menos mais intelectual, talvez aproveite bem mais até, reconhecendo piadas envolvendo Hemigway ou Buñuel. Sobre este, por ex., há um momento no filme em que o protagonista dá a ele uma idéia para um filme. Sem esforço mental algum é óbvio que ele está dando ao Buñuel uma idéia de um filme do próprio futuro-Buñuel. Melhor ainda que o cineasta acha a idéia bizarra. Mas uma coisa é deduzir a piada na hora que o sujeito diz "Eu tenho uma idéia de um filme para você.", outra é rir quando ele a dá. [e o tal filme entrou na minha lista de pendências.]
Certamente muitas outras piadas e referências literárias/históricas eu nem notei por não terem sido tão óbvias.

O filme é bem legal de se ver. O que eu achei estranho é que, até o momento, conheço só 3 pessoas que também viram: uma amiga da minha idade, do tipo romântica; uma outra 10 anos mais nova, do tipo "prática"; e o seu namorado musculoso. Adivinha quem gostou do filme? Pois é... Essas meninas modernas são seres esquisitos - e os bombados ganharam alguns pontos comigo. Pô, o filme é legal. Pelo menos elas gostaram de O Fabuloso Destino de Amelie Poulain. Senão eu teria que mandar eutanasiá-las.

Acho que de repente nenhuma gostaria de namorar um sujeito como o do filme, deve ser isso. Aí não se identificaram. [ou seja, queriam mais que ele se danasse] Torço para o Woody Allen se representar novamente no cinema com o Owen Wilson. Ficou bem legal. Ele tem uma cara de bobão perdido, e um nariz estranho, que me fizeram sentir como se fosse o Allen ali mesmo. E a semelhança física é nula, então pontos para o Wilson.

Por falar em pontos, pontos positivos do filme: comédia leve, romantismo idem, e tiradas para quem tem 2 ou 3 neurônios a mais. Pontos negativos... são 2:

A Carla Bruni. Linda, mas achei desnecessária a participação dela. Até achei que ela teria um papel realmente, mas ela só faz 2 pontas. Durante a sessão fiquei com a impressão de que estava ali porque seria a única francesa que os americanos reconheceriam (além da Deneuve, talvez) e para o filme ser promovido pelo fato. Agora bolei a teoria de que, como na cena dela ela contradiz o amigo babaca, a função seria dar credibilidade ao personagem (instantâneamente todos concordariam com ela); mas isso foi resolvido com a fala seguinte "Você está contradizendo a guia?!" e pelo fato pregresso do personagem ser babaca, então (instantâneamente) discordamos dele. Se o motivo foi este, foi em vão.

E as explicações. Explico... [Ha!] No momento de epifania do sujeito, quando ele descobre uma falha fundamental numa de suas principais crenças, ele praticamente olha para a câmera e expõe sua descoberta. Ele teria que falar algo, ok, mas não explicar cada tin-tin. Essa postagem está sendo feita com atraso então já nem lembro bem a fala e não estou lembrando de outros exemplos, mas estão lá; mais de uma vez eu tive aquele tique-mental de "eu não sou burro, pare de me explicar e siga com a história". E talvez qualifique como uma explicação, talvez para deixar claro à platéia de que ele não estava louco, a cena onde ele descobre numa banca de jornal um livro antigo onde ele é nominalmente citado (sem margem de dúvidas de que fosse um homônimo) como realmente participante das atividades de 90 anos antes. Na hora nem encarei isso como uma explicação, porque ele tenta se aproveitar do fato de forma humorada, mas achei a cena bem forçada. Mas é rápida, é só um problema menor.

Menos mal que em momento algum ele pára para conversar com algum amigo cientista sobre fendas temporais... Necas! Ele viajar no tempo é deixado completamente como um fato que você tem que aceitar e pronto. Não pergunte e divirta-se. É assim que se faz.

Leitura adicional: www.nytimes.com/.../midnight-in-paris-a-historical-view
(explica algumas referências, até o sebo que aparece numa cena, e tem fotos dos "personagens" reais)
De resto, é tanto site sobre o filme, que deixo vocês na mão do Google.

E concluindo a post... RINOCERONTES!

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