terça-feira, 17 de setembro de 2013

Dois livros que eu esperava mais

Título: Fifty Short Science Fiction Tales
Editado por: Groff Conklin e Isaac Asimov.
Autores: são 52 autores diferentes, não vou nomeá-los. Clique aqui para a relação completa. Ou clique na capa ao lado para aumentá-la e ver os mais famosos.
Editora: Collier  --  Páginas: 288  --  ISBN: não tem
Ano livro / histórias: 1963 / de 1940 a 1958 [há um poema de 1962, mas é tão curto que não conta].

Pois então, eu sempre me declaro fã dos contos de FC dos anos 40 e 50. Até mencionei isso na postagem sobre uma coletânea parecida, que era principalmente dos anos 60 e 70, então eu tinha grandes expectativas para esse livro. Mas não sei... Não rolou uma química entre a gente. Foi vingança do outro livro, que eu disse que provavelmente não seria tão bom quanto esse, mesmo antes de ter lido... Foi pra aprender! Bem feito!

No final, achei o livro com muito jeitão de Ray Bradbury - cujas Crônicas Marcianas eu adoro, mas os Frutos Dourados do Sol está disputando com Planolândia e Neuromancer para ver qual será o livro de FC* que mais vou demorar para terminar de ler.

(*): Planolândia não é FC de verdade, a os Frutos, apesar do disco voador na capa (edição Círculo do Livro), até onde li dele, também não deveria ser considerado assim.

E esse livro tinha mais uma pegada do Frutos do que do Crônicas. Muitos contos que mal ou nem se aproximavam de FC. Exemplos: Appointment at Noon, do Eric Frank Russel, escritor que eu gosto bastante ou The Available Data on the Worp Reaction, que é tão curta, que nem devia ter me chateado, mas achei tudo tão ruim nela, que traumatizou. Mesmo contextualizando a época, a maioria dos contos não me pegou.
E olha que o conto do Russell envolve a Morte (ela mesmo, aquela de capuz e foice) e no Microcosmic também havia um conto com essa temática, completamente não-FC, mas lá eu gostei do conto... Então o problema não é não ser de FC, é só que não gostei mesmo.

Claro, há alguns clássicos, daqueles que você encontra em várias outras coletâneas, como The Fun They Had do Asimov. E há algumas surpresas legais, folheando agora rapidamente para achar uma, esbarrei com a The Choice, de um tal Wayland Hilton-Young. Mal tem 1 página de texto mas é interessante; é daquelas micro-histórias que não te conta nada, mas você fica querendo saber o que o personagem viu. E outra, bem previsível mas bem escrita, é a Project Hush, envolvendo uma base secreta do exército americano na Lua.

No geral, lê-se, mas retiro o que eu disse e, se é para ler contos bem curtos, leiam o Microcosmic. Esse Fifty Short Tales não teve aquele "tcham!".
Só para citar um que tem, para comparação, estou agora lendo o Tomorrow, and Tomorrow, and Tomorrow..., que não é de contos curtos mas servirá para o exemplo; e, finalmente, depois de algum tempo lendo vários livros que não me agradaram muito, esse eu comecei a ler e não queria soltar. Ótima seleção de contos. Só dei uma parada nele porque resolvi que terminaria de ler todos os chatos de uma vez. Arrancar logo esse band-aid. Cheguei outro dia ao cúmulo de estar lendo 6 livros ao mesmo tempo. Porque um ficava chato, aí começava outro, que também descobria ser chato, e assim foi. OBS: dos 6, só 4 estavam chatos. Um era o Tomorrow que acabei de falar e o outro é a 3ª biografia do Asimov. Excelente. O Bom Doutor foi um contador de causos de primeira.


Título: Die You Doughnut Bastards
De: Cameron Pierce
Editora: Eraserhead Press  --  Páginas: 172
ISBN: 978-1-62105-055-1  --  Ano: 2012

Ok, eu dei uma passo maior que as pernas.
Li o Shatnerquake e achei que literatura bizarra seria interessante de experimentar. Há muito coisa que, pelas descrições, não pretendo nem passar perto (como o Ass Goblins of Auschwitz, para ficar num exemplo deste autor), mas muito coisa parece legal (continuando no autor, eu tenho outro livro dele já até, o Cthulhu Comes to the Vampire Kingdom). E quando vi o livro com essa capa (clique nela para arte completa), não deu para resistir. Livros de contos de apenas de UM autor são sempre um perigo. Exemplos rápidos que eu não gostei: Só sei que não vou por aí!, Azar do Personagem ou, mesmo com grandes autores como o Os Frutos Dourados do Sol, do Ray Bradbury. Mas não teve como resistir à essa capa.

Então, o que vocês podem esperar do dito cujo açucarado?

Já digo que o conto que dá nome ao livro é bem curto. Tem 10 páginas. Não é ruim não (é quase um conto de zumbi, beirando o convencional), mas acaba aí qualquer relação do nome do livro e a capa com o seu conteúdo. De resto, vários contos (e os poemas) foram bem mais bizarros do que eu estava esperando.

Tem um que começou bem legal ("Death Card"), com bons protagonistas (um casal de namorados numa leve crise), em que vamos conhecendo cada um aos poucos e sua paixão por pequenas esculturas (no caso dele, itens colecionáveis, no dela, artesanato próprio). Conhecemos o dia a dia do dois, seus gostos para pizza e animação japonesa e etc... Nada fora do comum.

E o que estava fazendo esse conto ser "bizarro" então? Nada!! As páginas foram passando, agradavelmente, e nada de estranho acontecia. Eu já estava esperando que as esculturinhas ficassem vivas (as dele ou as dela) e matassem alguém, não sei. E aí descobrimos o porque do conto ser classificado assim numa conclusão completamente ilógica nas últimas linhas. E acaba! Imaginem que fosse um livro do Sherlock Holmes, tudo indo perfeitamente arthurconandoyliano e aí, quando ele sentasse para conversar com o Watson, perto do final, dizendo que tem uma teoria sobre o mistério, Watson dissesse calmamente: "Holmes, não importa. O peixe chegou!" e surgisse um peixe gigante que engolisse Londres. The End! Não tem peixe nenhum no conto, mas foi nesse nível o choque que eu tive.
Não sei... Foi metafísico, poético, ou sutil demais para minha mente.

Mas há outra, por exemplo ("Lantern Jaws"), que também é um romance fofinho, namorico de adolescentes, mas é muito mais maluca (envolve um fantasma, um quê de Lovecraft, uma sereia e uma garota com máscara cirúrgica) e consegue não terminar de um jeito tão insano.

Tem uma história completamente maluca ("Disappear") envolvendo o Stephen King, que já começa esquisita, mas num jeito fofinho, e termina te dando pesadelos. [ok, exagero, não tive. mas a imagem mental criada é horrível - e não foi a pior coisa do livro]
Já a seguinte ("Mitchell Farnsworth", online aqui), que envolvia sexo sem nenhum pudor e que eu esperava alguma séria escatologia ao final, acabou sendo a história mais normal do livro. Poderia ser parte de uma coletânea de contos românticos sem problema; e tampouco terminou com alguma surpresa assustadora.

Claro, o livro ainda tinha outros traumas mentais a minha espera. Um aleijado violentando o globo ocular de uma velha e forçando-a a comer excrementos não é uma boa imagem mental. Em contrapartida, há uma certa graça em castores góticos [a molecada de preto e não a arte medieval], porquinhos-da-Índia assassinos ou um ornitorrinco ["E por falar nisso, cadê o Perry?"] tentando gerenciar suas ações na bolsa numa sala mágica onde há um computador mas nenhum teclado ou mouse. Olhando agora o índice, o conto "A Birthday In Hell" também é legal.

No geral, não me arrependo de ter comprado o livro. Não vou dizer que ele foi de "altos e baixos" e que os altos compensaram (porque nem foram assim tão altos) mas, mesmo tendo seus pontos positivos e sido o tipo de leitura que eu não acharia em nenhum outro canto, o nome da postagem já diz tudo - eu também esperava mais dele.

Mas para o caso de você ter ficado desinteressado, segue uma resenha mais otimista:
David Hudnut: "Die You Doughnut Bastards was a fabulous read, original and creative to the highest level. (...) Five stars."

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