terça-feira, 3 de setembro de 2013

Bienal do Livro 2013

Acho que não vou mais na Bienal. Por mais que eu goste de livros, nunca fui de ir lá. Fui numa muito tempo atrás, criança ou adolescente ainda, e fui nas duas últimas. O motivo de ir em tão poucas nem foi falta de vontade, só motivos aleatórios mesmo.

Porque a reclamação então? É que a última já não tinha me empolgado tanto. E essa agora empolgou menos. Vamos ao longo texto agora... [poder de síntese é algo que eu não tenho]

Minhas impressões sobre a Bienal do Rio 2013.

Variedade. Fiquei com a mesma sensação nas duas últimas que eu fui: com a impressão de que 1/3 de todo o lugar era de livros infantis, e mesmo os lugares genéricos ou baias do tipo "super saldão" o que mais tinha era coisa para criança - se muito, também para a geração Crepúsculo ou Rangers. O outro terço do lugar parecia tomado por livros religiosos [cacete! vi até um estande, pequeno, mas mesmo assim, específico para livros do L. Ron Hubbard, o pai daquela seita de retardados, chamada Cientologia] - e uma parte deste terço por algumas coisas muito específicas, que resolvi jogar no mesmo saco, como livros de Direito ou para concursos públicos. E finalmente, o que sobra... É aquilo que já vi ou vejo todo o tempo em todos os lugares. E geralmente por preços muito parecidos do mundo externo.

Agora... Escrevendo isso, eu comecei a me achar muito maléfico... Porque estou pensando aqui... E não teria como ser diferente. O que foi que eu não vi lá? Na verdade, acho que vi tudo que temos mesmo. O nosso mercado editorial é praticamente isso e acabou. Mas consigo pensar em algumas coisas que não vi por lá... Uma livraria que eu gosto no conceito, apesar de praticamente nunca comprar nada nela é a Blooks, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Muitos quadrinhos adultos, livros de arte, biografias, história mundial, política, até literatura de cordel já vi por lá. Eu me sinto até mais inteligente andando nela [e aí eu não compro nada e me lembro que de "cult" eu só tenho o jeitão, meu gosto é nerd do tipo menos popular, mas, não obstante, é pop]. Não vi nada parecido na Bienal. Até vi uns livros de arte lá e deu até pena das pessoas que estavam trabalhando ali. Deviam estar morrendo de tédio. Em compensação, nunca vi uma Saraiva tão cheia, e os preços mal tinham desconto...

A Livraria da Travessa ou a Livraria Cultura, por exemplos, a primeira até estava lá, mas praticamente invisível e sem a variedade costumeira, e a Cultura, que eu nem gosto tanto, mas sempre tem excelentes livros importados, nem estava. Já o Submarino estava. Pô, como assim?, se vale qualquer coisa que venda livro, na próxima terá estandes das Lojas Americanas e das Casas Bahia.

Mas então... Nosso mercado editorial, no geral, é mesmo uma coisa muito sem graça. Livro para criançada e aborrecentes e um pouquinho genérico para o resto. Na de 2011 pelo menos eu batia o olho em muita coisa que eu nunca tinha visto, pegava, e aí não me interessava. Mas tinha um pouco de novidade. Anotei alguns nomes para conferir depois na Internet até (que não sou louco de comprar qualquer coisa, só porque a capa e a descrição são legais). Essa... Não aconteceu. Ou a coisa tá feia, ou eu estou ficando muito exigente.

Agora, eu continuo pensando aqui... [de vez em quando é bom] E acho que posso reclamar deles sim. Alguma coisa tem que ser repensada para não ficar só uma baita repetição de livros iguais em tudo que é canto. A desgraça é que para fazer como seria perfeito, teria que ser tudo uma única coisa gigante, e aí nenhum vendedor conseguiria separar os livros dele dos outros e não daria certo... [hummm... eles deveriam colar etiquetas, e depois, pelo código de barras a organização do evento saberia o valor a repassar de cada uma] Nunca vai acontecer. Como foi, foi só como ir em um monte de site, só que ao vivo, e toda hora olhar os mesmos livros. E nem dava vontade de ficar comparando, porque eu não iria reatravessar o lugar todo de novo por causa de uns R$ 3.

Chamarizes e afins. Eu achei que tinham poucos, e 90% só para crianças. Eram só um monte de baias com um monte de livro. Um das editoras tinha um boneco do God of War em tamanho quase natural. Eu não gosto, mas ok, that's what I'm talking about! [that's what she said] Outra exceção (que agora estou na dúvida e acho que foi no mesmo lugar) foi um cartaz anunciando um livro do jogo Bioshock (não sabia que tinha livro). Até dei uma olhada, se estivesse a mão teria folheado. Mas chamava a atenção pelo menos. Tem o 1º capítulo disponível em inglês no site da Tor, conferirei. Ponto para a Bienal. É para isso que ela deveria servir, e não só ser um shopping.
A Panini era chamativa, mas deve ter sido mais porque o logotipo dela é amarelo do que qualquer outra coisa. Tinham umas pessoas fantasiadas (uma garota de cabelo roxo, desconheço o personagem). Mas não achei suficiente. Tinha que ter um dinossauro com 8 metros de altura em algum lugar. Sei lá.

A Devir, que é uma das salvações nerds nacionais, com muita coisa de FC, eu não vi nenhum deles lá. Nenhum dos livros, nenhum cartaz que desviasse o olhar. Não sei. Pareceu tudo meio feito de má vontade. "Deixa tudo aí, que o pessoal olha e se quiserem eles compram." (estou falando das exposição como um todo, e não da Devir).

Falando em FC até, senti falta da galera alternativa (ou tinha, mas estava escondido ou já tinha acabado). Cadê os livros da Estronho? Putz! Taí... Livraria Cultura nada, eu vou começar a olhar a Bienal com bons olhos de novo no dia que a Estronho tiver um estande. Porque as meninas precisam ler Instrumentos Mortais? Porque não Insanas... elas matam! ou SteamPink? Pelo menos os Kaori da Giulia Moon estavam lá.
E ao lado da Estronho, outro estande com os livros da Editora Draco (que acho que tinha em 2011) e da Argonautas. Eu nem gostei de nada do que li até agora da Não Editora, mas é outra que também poderia estar por lá. E não vi livros da Editora 34 desta vez. (mas neste caso, é até possível que estivesse lá sim, escondido em algum canto dos estandes tediosos).

Outra exceção, o estande da Zahar. Esse tinha muita coisa legal e BEM ARRUMADA, de forma que você batia o olho e pensava "Opa, deixa eu ver que parede é aquela." Só comprei 2 livros na Bienal, um deles eu já sabia que iria comprar, para pelo menos aproveitar o preço, e outro eu comprei na Zahar, completamente de surpresa, nem conhecia o livro - Contos de Fadas, Edição comentada e ilustrada - que estava numa promoção absurda (na verdade, o preço normal dele é que é absurdamente caro, mas isso é reclamação para outro dia). Fará par com a minha edição comentada do Alice, que lá também custava 3 vezes menos do que paguei...

Mudando de assunto, lembrar da Zahar (a melhor surpresa) me fez lembrar de uma decepção. O estande da Estante Virtual. Ok, nada no site dizia que teria livros lá. E, como o próprio nome diz, é uma livraria VIRTUAL. Mas cacete... Você está no site da Estante Virtual, e tem um anúncio te convidando para conhecer o estande deles lá, e aí você chega lá, e são computadores para visitar o site!! Traças me mordam! No site eu já estava!!! Eu não devia ter imaginado que teriam livros lá [virtual! virtual!], mas imaginei. Meu cérebro não concebeu a possibilidade do convite ser completamente ilógico.
Não sei, de repente eles podiam ter feito alguma parceria com alguns sebos e, pelo menos 1 vez por ano, não serem virtuais. Há muitos livros que os sebos têm que não estão cadastrados no site. Seria a chance de achar um desses.
Tinha uma fila lá, com um desafio: você tinha 1 minuto para achar um livro que eles não tinham. Se fosse menor, eu teria entrado. Nem precisaria de prêmio (não sei se tinha, e fiquei com preguiça de perguntar), mas justamente torcendo para eles terem livros ao vivo, ou mesmo algum outro estande-sebo (tinha 1), eu já tinha na minha carteira uma relação de 6 livros antigos, nacionais, que eu não acho a venda. Nem com eles. Seria legal, nem que fosse para ver a desculpa que seria criada ("ah, cof, cof, é que o desafio é para livros... a partir do ano tal! É isso! Pronto."). Mas fica chateado não, Estante Virtual, eu ainda amo vocês. [eles não têm culpa de eu ter imaginado algo contrário ao próprio nome deles. rs!]

E o sebo que tinha, infelizmente, era bem pequeno com bem pouca coisa. Tinham uns outros saldões lá, com alguns livros usados até, mas só coisa recente. E se algum dia alguém me vir comprando A Cabana ou 50 Tons de Cinza, chama o padre e me amarra... Que é possessão!

Por falar em sebo, os preços. Se você vai comprar muita coisa, algumas editoras tinham bons descontos, então, ok, vale mesmo a pena. Mas no final, eu comprei só 2 livros por falta de coisa interessante (ou que tenha me interessado na hora) e o que eu gastei com ingresso [ah, tenho que falar dele depois], pedágio, gasolina e estacionamento, zerou a vantagem e acabou ficando só pelo passeio. Isso pensando nos livros que tinham desconto. Um conhecido meu viu livro velho do Harry Potter por quase R$ 60. Na Devir eu vi Astro City por quase R$ 50 (tecnicamente, esse não está caro, é o velho problema acima, o preço normal é que é alto), mas o divertido deste é que eu vi a mesma revista lá em 2011. Ou seja, até hoje eles têm Astro City parcialmente (porque não são todos os volumes) em estoque mas ainda tentam vender pelo preço de coisa nova. Se ainda estivesse completo ou fosse uma raridade muito procurada... Mas pelo jeito não é. Vendessem por R$ 15 e eu comprava [eu tenho as americanas, não tenho a nacional justamente porque não quero ter pelo meio. Ou tudo ou nada.]. Mas dois gibis por R$ 100? Nem pensar.

Agora, o ingresso. Eu fui num momento menos tumultuado (2ª feira, depois do almoço), mas mesmo assim fiquei com medo de pegar fila, e resolvi comprar pela internet. Já começa que o site de vendas [que eu esqueci o nome e não vou pesquisar, só de birra com eles] já é meio estranho. Depois de comprar o ingresso eu fiquei sem saber "E agora?". A tela nem dizia que eu ia receber um email nem nada. Estava esperando que o que eu tinha que imprimir fosse aparecer ali. E não ir no email ou voltar para a tela inicial e pesquisar pedidos feitos. Tive que ir no FAQ e por um rápido momento até achei que eles mandariam pelos Correios... Não foi não, o site funciona, mas é meio esquisitinho.

Então, malandro..., comprei pela internet, fui na entrada com o treco impresso e aí... Mandam-me para um canto, que eu disse que lá era a entrada para professores, mas me mandaram para lá mesmo assim. Lá me mandaram para o lado oposto, ao guichê preferencial para a troca dos ingressos comprados pela internet [porra, eu compro um 'evitador de fila', para então ter que entrar numa vila, para trocar o meu papel por outro, que eles rasgam e pronto?]; lá não tinha ninguém, mas do lado era o guichê dos idosos. Bem, preferencial é preferencial, então fiquei lá. Mas os velhinhos estavam demorando e o cara que me mandou para o 2º lugar me viu ali e falou para ir numa caixa normal. Eu fui, eles não podiam me atender, porque isso de ingresso pela internet era com a pessoa que tratava disso. E me explicaram onde era. Lá fui eu pro 4º lugar. Que era o lugar errado, a mulher mandou eu voltar e explicar para eles que eu tinha comprado pela internet. Quando eu disse para ela que isso eu já tinha feito, ela mandou eu procurar a encarregada. Que aí me levou mesmo para a fila dos idosos.

Eu fui bem atendido por todos. Nenhuma reclamação quanto ao tratamento. Mas PQP! Se o evento te dá a opção de comprar pela internet e imprimir o treco, não é para eu ter que ficar procurando guichê e entrar numa fila. Num canto. Sem ninguém atendendo. Pelo menos expliquem no site o que é para você fazer. Eu teria entrado mais rapidamente no lugar pegando a fila normal - que até que estava curta.

Ah, não vá com fome. Isso eu já esperava - por isso que fui depois do almoço, contudo, um pastel de carne por R$ 6? Eu tive que rir. Com o dobro do tamanho e da carne, e se bobear até com menos óleo, isso custa R$ 1,50 em qualquer chinês. Com mais R$ 1 ainda bebe-se caldo-de-cana. [ok, eu posso estar meio defasado de valores, mas uma coisa é certa, pastel + caldo, juntos, custam menos que R$ 6, eu como isso com relativa freqüência, e se não lembro o preço é porque é mesmo barato]

Com todos os problemas, para a garotada jovem ainda é um baita negócio. [eu ainda tenho alguns livros da minha primeira ida na Bienal] Acho que nem para eles a variedade de coisas era boa, mas qualquer coisa que incentive a leitura é bem-vinda. Mas se você passou dos 30 e é nerd... Buscapé, Bookfinder (ou o AddALL), Google e o Estante Virtual [no site, e não lá] valem mais a pena.
Veredicto: vou passar a dar ênfase às Feiras da Providência. Comprar carrancas, doces esquisitos, quem sabe até um CD de música típica andina...
Sairei do Riocentro mais satisfeito.

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