sábado, 5 de março de 2011

Rango

Resuminho técnico:
Título original: (o mesmo)
De: Gore Verbinski / John Logan / James Byrkit
Duração: 1h47min -- Com: Johnny Depp (e o resto ou é gente desconhecida ou gente conhecida em papéis bem pequenos).

Uma coisa que eu reparei é que tenho dando minhas opiniões sobre os filmes sem falar sobre o que eles se tratam.
Mas convenhamos, se você está no meu blog, ou veio parar por acaso e já conhece os filmes, ou foi para a internet querendo saber se o filme é bom ou não, e não ler pela milésima vez a sinopse (problema que eu enfrento ao pesquisar sobre filmes as vezes, acho milhões de sinopses em sites de "reviews" e nunca sei se o filme é bom ou não. Aí acabo indo olhar a nota do IMDB, que não é exatamente a mais confiável das referências).

Vou tentar fazer um resumo de 2 linhas a partir de agora. Mas tomem cuidado, eu resumiria Cisne Negro como "Uma bailarina emocionalmente instável finalmente surta alguns dias antes de uma grande estréia".

Vamos lá.

Sinopse: por obra do destino um camaleão com tendências hollywoodianas vai parar numa cidadezinha do meio do deserto habitada por outros bichos, chegando lá, achando que inocentemente tiraria onda, manda várias lorotas para impressionar os locais; que por sua vez acreditam e acabam <Sessão da Tarde ON> colocando o camaleão e sua turminha em incríveis confusões <Sessão da Tarde OFF>.

Pronto, isso é o mais "Rio Show" que eu consigo chegar numa descrição, sem me esticar mais ainda e sem entregar nada do filme. Porra, para mim, qualquer coisa que aconteça depois de 5 minutos de filme não pode fazer parte de uma sinopse. Se muito, a descrição só pode mencionar coisas que fiquem ÓBVIAS no trailer e no cartaz (e mesmo trailers, estou quase começando a evitar); ou que sejam essenciais para o marketing da coisa. Não daria para resumir Guerra nas Estrelas (Star Wars é o cacete!) como "Uma princesa rouba segredos de estado e os esconde, enquanto isso um jovem fazendeiro reclama da vida, sem saber que tais segredos acabariam por fazê-lo se envolver com criminosos procurados e arrastá-lo para os horrores da guerra". Preciso. Mas ineficaz. [Tenho medo de ler resenhas na Veja por isso até, além de quase nunca concordar, a Isabela Boscov já me estragou muito filme entregando as surpresas. Hoje em dia eu só leio a opinião dela depois do filme, ou se eu não tiver planos de vê-lo.]

Voltemos.

É bom ver que nem só de Pixar vive o 3D. E vão se catar todos vocês, sou da época que "3D=CGI (em 3D)", e não "3D=filmes que precisam de óculos". Mas vamos fazer o seguinte, para chegarmos num acordo meio-termo: Filme 3D é um filme que precisa de óculos. Animação 3D é animação feita em... dã... 3 dimensões, ainda que seja apresentada num filme-sem-óculos. Brasil Animado, por ex., não é animação 3D, nunca foi e nunca será. Mas o filme utiliza do recurso-provocador-de-pseudo-profunidade... Então é uma animação 2D em um filme 3D. Já Rango é 3D num filme 2D. Que tal?

Mas vamos lá de novo, que de 5 parágrafos, só falei do filme em 1.

Rango foi uma ótima surpresa não-Pixar, assim como o Meu Malvado Favorito. O filme tem um enredo bem construido, ótimos personagens (ainda que a maioria não tenha muita profundidade - destaque para pequena musaranha camundonga-de-cacto e o lagarto-chifrudo). A animação é muito bem feita, gostei da montagem e a trilha está excelente. Carambolas, como eu não tenho idade para ter visto Apocalypse Now no cinema, acho que foi a primeira vez que estive num filme com A Cavalgada das Valquírias. Há vários outros momentos em que você jura que vai começar a tocar algo do Morricone ou Ghost Riders in the Sky.

As cenas são bonitas, com muitas homenagens ao filmes do gênero. O humor também me agradou. Deu para rir bastante, e não apenas sorrir. (se bem que não necessariamente eu ria nas mesmas horas que o resto do cinema. galera a minha volta ria de qualquer besteira - e não lembro mais o que foi, mas teve uma hora que eu tive a impressão que só eu entendi uma das tiradas... mas também não fiquei olhando para os lados pra confirmar - se bem que nem seria difícil confirmar, vi na pré-estréia e tinham só uns 20 mulambos na sala).

Claro, como todo filme 'heróico', há aquela parada. O momento da Jornada que o sujeito desiste antes de aceitar o chamado (sei lá se os termos são esses, estudem aqui ou aqui). Mas não incomoda. E se fosse uma comédia de humor ininterrupto talvez não ficasse uma história tão boa.

Minha única reclamação acho que fica para a cena final. Quando as corujas semi-narradoras aparecem uma derradeira vez (falar que há corujas narradoras não é spoiler, elas são a primeira coisa que aparecem no filme também) a fala delas não é tão divertida quanto foram as demais. É como se na última piada de uma comédia... a piada não fosse boa. Bem... Não é "é como se"... foi mais ou menos isso mesmo. Mas isto não desmerece 106 dos 107 minutos de filme.

Interpretação... Bem, não há o que reclamar, é uma animação. Mas há o que elogiar, os personagens são bem expressivos e alguns nem são tão maniqueístas. Mas também não esperem grandes reviravoltas, não esqueçamos que é uma animação de seres antropoformizados (ou seja, desenho de bichinhos falando), então sabemos que será visto principalmente por crianças. Mas o pouco não-maniqueísmo é reponsável por uma das melhores cenas perto do final. Muito bom.

As vozes estão boas também, só que ao descobrir que a voz do Rango é de um ator famoso (só fui descobrir nos créditos), achei que as demais também seriam. Mas não reconheci os nomes. Vi depois que até a Claudia Black estava lá, mas numa pontinha mínima (ela é a raposa).

Isso é bom, prova que eles não tem a mania brasileira de botar voz de gente famosa pra atrair ninguém... Voz de dublagem tem que ser de dublador! Exceção devem ser feitas, claro, Shrek=Bussunda e ponto final. Mas colocar uma Fiuc, por ex., para aproveitar a fama dele em Malhação (ou seja lá como essa coisa ganhou seus 15 minutos de fama) no lugar de um Briggs, só pra atrair meninas acéfalas e excitadas... Eerrr.... Não!

Por falar nisso, felizmente eu pude ver legendado. É cada vez mais raro conseguir ver uma animação que não seja dublada. Distribuidoras, por favor... Pessoas acima de 13 que conseguem ler não-lentamente ou pessoas que sabem inglês bem o suficiente e preferem ouvir as piadas no original TAMBÉM vão ao cinema ver desenhos.

Já vi dublagens com ótimas piadas que não estavam lá no original, claro... Mas ja vi muita coisa se perder, ou cenas que transformaram uma piada numa mera conversa, porque dependia de trocadilhos ou expressões que fora do inglês, não fazem sentido ou não existem.

Ex. que está na minha cabeça porque vi hoje na TV: Victor Von Doom perguntando pro Sr. Fantástico "Why the long face?" é uma piada inexistente em "Porque a cara triste?" (por acaso, nesta cena, a dublagem conseguiu encaixar um "vamos dar uma esticada no meu escritório" e salvou o espírito da coisa - mas geralmente isto não acontece).

Bem, terminando, já comentei de animação, da trilha, das vozes, e do quê as vozes falam. Não há mais o que se dizer. Gostei tanto que é o primeiro filme que eu coloco o cartaz. Antes só livros tinham essa moral. [e dá preguiça colocar imagens.]

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